Vivemos numa sociedade que não dá nada sem ter a certeza de retorno. Uma sociedade que tem dificuldade em aceitar presentes de graça. Uma sociedade desconfiada com as boas intenções. Assim, entender o amor incondicional de Deus e receber a salvação de graça, passa a ser uma tarefa impossível, a não ser que cheguemos à conclusão que não temos nada a oferecer em troca. E ainda assim, isso é um milagre de Deus. Porque a verdade é que a salvação não é nenhum tipo de transação entre Deus e nós, onde ele contribui com a graça e nós contribuimos com a fé. Estávamos mortos, e teríamos que ser vivificados para podermos crer. Os apóstolos ensinam em (At18.27) que a fé salvadora é dom gracioso de Deus. A salvação é dom de Deus para que ninguém se glorie. Nada podemos levar a Deus a não ser um coração vazio. Como disse Stott:" Não podemos empertigar-nos no céu como pavões. O céu estará cheio das façanhas de Cristo e dos louvores de Deus. Realmente haverá uma demonstração no céu. Não uma demonstração de nós mesmos, mas, sim, uma demonstração da incomparável riqueza da graça, da misericórdia e da bondade de Deus por meio de Jesus Cristo". A salvação é uma ressurreição dentre os mortos, uma libertação da escravidão e um salvamento da condenação. E cada uma dessas descrições é obra de Deus, porque os mortos não podem ressuscitar a si mesmos, nem as pessoas presas e condenadas podem libertar a si mesmas. A salvação é a criação, a nova criação. E a linguagem da criação é um contrasenso a não ser que haja um criador; a autocriação é uma contradição..." Vedes, pois", escreve Calvino, " que esta palavra'criar' é suficiente para calar a boca e remover o cacarejar de todos os que se vangloriam de possuir qualquer mérito. Pois quando assim falam, pressumem que foram seus próprios criadores". Calvino analisa o texto de Efésios 2.1-10 e particularmente a palavra que se encontra no verso 10 "criados em Cristo Jesus..."
Não é que permanecemos passivos e inertes. Alguns menos esclarecidos supõem que a doutrina de Paulo da salvação pela graça somente nos encoraja a viver no pecado. Estão inteiramente enganados. As boas obras, como diz Stott, são indispensáveis para a salvação - não como base ou meio, mas, sim, como sua consequência e evidência. Não somos salvos por causa de obras, mas, sim, somos criados em Cristo Jesus para boas obras. É isso que diz Paulo aos efésios cap.2.8-10.
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