Tenho observado que uma das coisas mais difíceis para nós é aceitarmos as pessoas como elas são. O gajo é do porto e ninguém entende porquê (forçaTiagão), um outro é do P.S para grande indignação de uma parte de seus conhecidos e amigos, um outro tem idéias mais conservadoras e defende uma política de centro direita. Tem gente do benfica, sporting e do porto que participam das mesmas rodas brigando por pagar a conta (uma questão de honra para uns a pior coisa para outros). Enfim, até aqui tudo bem. Mas quando as diferenças passam dessas coisas secundárias, subjectivas, para algo mais profundo, afectivo, como um amigo que contraiu sida (aids), alguém de pele escura, pobre, cheirando a cigarro ou álcool que se senta ao nosso lado ou um antigo colega de escola que tinha uns jeitos efeminados e que passados alguns anos o encontramos e nos abraça no meio da rua. Estas coisas podem nos pertubar ao ponto de nos constranger dependendo da situação.
Hoje somos mais cautelosos em relação a novas amizades, na verdade muitas de nossas amizades são interesseiras. Fazemos amizades buscando algum retorno alguma vantagem. Não é comum fazermos amizades com pessoas pobres e problemáticas, essas pouco ou nada têm para nos oferecer. Quando conhecemos outra pessoa queremos saber em primeiro lugar o que ela faz e, se a profissão não for compatível com o nosso padrão, simplesmente a descartamos.
Aceitar o outro é mais do que simplesmente dar esmola ou compreender o seu drama. Aceitar o outro é fazê-lo participante da minha roda de amigos. É convidá-lo a ser meu hóspede. Na Bíblia e para o judeu, a hospitalidade assume importância vital para a construção de famílias e comunidades sadias. Hoje perdemos muito, por que não sabemos mais conversar de modo aceitar as diferenças como forma de crescimento mútuo ao nível do raciocínio e identificação colectiva. Somos na maioria das vezes alienígenas usando roupa da mesma marca.
Creio que um grande desafio é procurarmos ser autênticos, pacientes e esperançosos em relação aos outros, no que diz respeito às suas idéias e posições. Nem todos podem ser do benfica, pois pode ser afinal uma questão de cor. Nem todos podem ser do P.S, pois o símbolo é meio suspeito, nem todos podem ser do porto, pois "dragão" pode sugerir coisa de capeta e, nem todos vão com as idéias do C.D.S, por que isso deve ter alguma coisa a ver com xenofobia, racismo, Hitler, essas coisas... Porém, podemos ser mais humanos e esforçados para aceitar e ver os outros do jeito que Deus vê - perdidos que precisam ser achados.
2 comentários:
Bom, segundo consta, há mais benfiquistas do que portugueses. Eu devo ser dos poucos, por enquanto ainda português, que sou do FC Porto.
Agora, no Brasil, sou são paulino, tricolor. Comecei por ser tricolor carioca, mas a vinda para São Paulo e o fato de já simpatizar com este time, em Portugal, fez de mim são paulino. Depois, gosto de times que tenham o nome da cidade, e não de um bairro (como o Benfica) ou de um país (como o Sporting club de Portugal).
Quanto à política, em Portugal não tenho partido e aqui também não. Mas tenho ideias clara, porém não distintas, em relação à situação política, cá e lá.
Acerca das amizades e de seus interesses. Há sempre interesses na amizade, Daniel. Mais não seja, o interesse dos mesmo interesses ou interesses similares.
Prefiro estar com quem fale de Deus (da sua existência ou não existência) ou de putas ou de literatura ou de filosofia do que estar com quem fale de moda, de empresas, de negócios ou de música pop brasileira "é isso aí".
O problema não são os interesses que movem as amizades,
mas a falta de interesses.
Abraço forte
Isto de me nomeares pelo nome e deixares o do teu mano de fora:)
Foi assim/é? tão difícil aceitar um tripeiro na família ou no grupo de amigos?
Abraço,
primão
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