25.9.06

Rodopios pós-modernos e suas conseqüências II

Hoje ouvimos afirmações epistemológicas casuais que chocariam tanto filósofos clássicos como modernistas. “Isso pode ser verdade para você”, diz alguém discutindo acerca de religião, “mas para mim não é verdade”, “cada um tem direito à sua opinião”, “dá licença”. A idéia aceita é que todas as pessoas estão enclausuradas, trancadas, cada uma em sua realidade virtual particular. Visto não existirem critérios objectivos para a verdade que se apliquem a todos, as tentativas de fazer alguém mudar e acreditar em outra coisa são interpretadas como actos opressivos de poder: “Você não tem direito de obrigar outra pessoa a acreditar naquilo que você acredita”.

A linguagem do consentimento racional é trocada pela linguagem estética. Em vez de dizer: “Eu concordo com aquilo que aquela igreja ensina”, as pessoas dizem: “Eu gosto daquela igreja”. Em lugar de dizer: “Creio em Jesus” as pessoas dizem: “Gosto de Jesus”. É claro que geralmente não “gostam” dos ensinos bíblicos sobre o pecado, o inferno e o juízo final. Não acreditam naquilo de que não gostam. A verdade dá lugar ao prazer; o intelecto é substituído pela vontade.

Quando as pessoas excluem a verdade, baseando a sua fé naquilo que apreciam e naquilo que desejam, podem crer em qualquer coisa, literalmente. É por isso que as pessoas de posses, instruídas são tão abertas aos tele-socorros de psiquismo, às consultas com bola de cristal, aos intermediários de alienígenas do espaço e aos gurus da Nova Era que parecem obviamente fraudulentos. Como alguém poderia crer em tais coisas? A resposta é claro, é que a verdade não tem nada a ver com crenças religiosas pós-modernistas. Os devotos dizem frases como: “O Maharishi é demais”. Ou, “Acho bárbaro o Budismo”. Ou, “A Cientologia realmente me ajuda a entrar em contacto com meus sentimentos”.

Os pós-modernistas têm a tendência a ser sincretistas, juntando elementos de religiões diversas ou sistemas de fé que acham simpáticos, desprezando o facto de que podem ser racionalmente incompatíveis. A mente pós-modernista costuma ser subdividida em compartimentos que pode manter duas idéias mutuamente exclusivas ao mesmo tempo. Não existem factos, somente interpretações. Por mais clara que seja a prova, ela pode ser desfeita com uma explicação, e a pessoa fica livre para aceitar qualquer interpretação que lhe seja mais agradável. Como poderá a Igreja proclamar sua mensagem quando a própria verdade é descartada como irrelevante? Qual a maneira de fazer com que os relativistas prestem atenção às verdades da Palavra de Deus?
Resenha apresentada por Daniel Marques da Silva, sobre os tempos pós-modernos do livro REFORMA HOJE de vários escritores e pastores da tradição calvinista

2 comentários:

Anônimo disse...

Sem dúvida.
O problema em relação à religiosa é também o problema em relação à Poesia.

Apenas diria que não sed trata de uma experiência estética, mas sim de pura doxa, de opinião. Pois paar emitir um juízo de gosto, um juízo estético é necessário conhecimento. Conhecimennto que não tem quem diz esse tipo de frases, obviamente.
Ou, no caso da poesia, alguém ler ium poema e dizer: "é giro". E eu que pensava que Giro era a volta a Itália em bicicleta.

Mais uma coisa: ao invés de vontade, em contraposição ao intelecto, diria antes desejo.

A nossa era é a do medo e do desejo.

Parabéns e
abraço forte

{ trapinhos dot dot } disse...

Francis Shaffer dizia "Cada geração tem o desafio de apresentar o Evangelho à geração presente, de forma relevante."

Eu que trabalho com estudantes universitários tenho algumas suspeitas... autenticidade, cuidado mutuo, reconstruir a confiança e transparencia.. desafios para a Igreja de hoje que se habituou a "técnicas" e ao instantâneo!

beijinhos, excelente texto!
susana

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