13.8.07

Uma parte do meu coração

O texto a seguir não é uma homenagem nem nada desse tipo. São recordações.
Por: Renata Marques
Me lembro de quando recebi a notícia: Você vai ser tia! Fiquei animadíssima, afinal tinha 11 anos e nenhuma das minhas amigas eram tias. Isso me dava um certo status. Meu sobrinho Diego veio tirar o meu posto de “mais novinha” da família. Confesso que por vezes fiquei com ciúmes de toda a atenção dispensada àquele bebê tão fofinho (nasceu dia 16/07/87), mas até eu não conseguia me desgrudar dele que foi uma criança encantadora. Ser tia foi uma experiência marcante e eu não tinha a noção do envolvimento e dos laços que isso geraria. Me lembro de sua estranha posição de dormir (com o bum-bum para cima) e de fazer carinho entre suas sobrancelhas para que ele adormecesse. Também me lembro que gostava de pegá-lo assim que acordava já que ficava com preguicinha e dengoso. Se não me engano aos 2 anos foi para a escolinha. Desde aí já começaram a aparecer candidatas a namorada. Era muito lindo ver aquele menininho de mochila nas costas dizendo: eu estudo na escola ‘pimeiro degau’. Adorava comer brigadeiro (hábito este passado para sua irmã). Sempre foi um menino ativo mas muito sensível. Na época havia o programa infantil da Xuxa e ele chorava sempre que o programa terminava com uma musiquinha de despedida (era uma graça só). Se divertia ao ouvir uma música que dizia “Por que parou? Parou por quê?” Até tentava cantar a música ao seu jeito mas desde cedo mostrou que cantar não era seu forte. Aliás, era dono de uma desafinação totalmente herdada de sua mãe (desculpa aí Cris), mas como diz o poeta, no peito dos desafinados também bate um coração. Outro hit de sucesso na sua infância era de autoria da dupla de palhaços Atchim e Espirro, eu aproveitava para curtir também. Me recordo uma vez na casa da minha mãe que tinha um vaso de porcelana fina cheio de flores que ela gostava muito. E eu estava com ele no colo (devia ter alguns poucos meses), suas mãozinhas pegaram em uma das flores e eu não percebi. Quando vimos já era tarde demais, o vaso já estava espatifado no chão, molhando o tapete, mas ao menos a flor que estava em sua mão se salvou (acho que foi uma de suas primeiras travessuras) e eu claro fui a responsável pelo ocorrido. A bronca, e se não me engano a chinelada, sobrou para mim. Depois veio a fase super-herói. He man era seu preferido numa determinada época. O problema era a espada. Depois teve os Thunder Cats (e outra espada). Minhas canelas viviam com hematomas. Daí os heróis japoneses chegaram com seus golpes e chutes elaborados (Jaspion e Gogo five, acho eu), pobres canelas. Então o menino herói cresceu, e passou a se interessar por esportes. Futebol, natação, judô e vídeo game. Sim, podemos considerar vídeo game um esporte que exercita olhos, dedos e língua mordida. Quantas partidas importantíssimas jogadas no campo carecão da vila operária. Geralmente com minha irmã pagando o maior mico gritando na beira do campo quando alguém fazia falta no meu sobrinho. Um pouco mais crescido quis começar no surf. Até doei minha prancha de bodyboard mas, surf não era sua onda, ficou só na diversão da marola. Me lembro de ter ficado orgulhosa com sua participação no projeto botinho que teve até direito a formatura no Rio de Janeiro. Uma cena inesquecível foi quando sua irmã, Marilia, foi para a escola pela primeira vez aos 4 anos (se me lembro bem) e chorou muito. Diego já com 8 e experiente foi consolar a irmã. Deixou que ela se sentasse ao seu lado na sala de aula, deu uma beiradinha em sua própria cadeira. Daí ela parou de chorar e ficou quietinha. Achava engraçado a implicância que ele tinha com a Poppy (uma cachorrinha “gente boa” que meu cunhado tinha) e com todos os outros caninos que tem naquela casa. Não posso deixar de mencionar nossa viagem à Vila Velha, ES. Acho que ele tinha uns 9 ou 10 anos. Fomos eu, Cris, Marilia e uma amiga nossa. Viajamos de ônibus por 8 horas. Ficávamos mudando de poltrona e comendo biscoito. Teve um momento em que eu estava sentada ao lado do meu sobrinho. Acho que foi exatamente quando passávamos sobre a ponte Rio-Niterói. Ele estava animadíssimo por estar passando por essa ponte. Ele disse: Tia, me avisa quando chegar a ponte? E eu disse: Você vai saber. Depois que passou ele disse: Legal, né? Já posso dizer que passei na ponte Rio-Niterói. Daí tivemos uma conversa sobre viagem e ele disse que gostava muito de viajar e que queria viajar sempre. Na volta dessa viagem ele logo perguntou bem baixinho (era de noite): Tia, quando é que vamos viajar de novo? Depois disso fui morar no Rio e em outras cidades e nos víamos menos vezes. Mas acompanhei seu desenvolvimento por telefone e durante as férias e feriados. Fiquei sabendo o nome de cada namorada (as oficiais), os nomes dos amigos, as notas no colégio, os passeios e excursões. Por falar em colégio me lembrei que tenho uma cópia da redação que meu sobrinho escreveu e que ganhou um concurso. Minha irmã é ótima em atualizar a gente sobre sua família. O bom é que ela não é como eu, ela conta tudo em detalhes. Quando eu passeio ela me pergunta: E aí, como foi? Eu respondo: Foi legal. Já quando é ela a contar... E assim acompanhei e acompanho o dia a dia dessa família maravilhosa. Vibrei com seu primeiro emprego. Ri às gargalhadas quando ele deu 20 reais à irmã para comprar um presente de Natal para sua namorada na época e ainda pediu troco. Não ele não era mão de vaca, era econômico. Me empolguei com seu primeiro computador (até lhe ensinei alguma coisa), ele me deixava ganhar nos jogos. Seu guarda roupa estava sempre organizado e seu quarto sempre arrumadinho. Tinha essa virtude, coisa que não puxou da tia com certeza. Seus dentes, impecáveis, nunca souberam o que era uma cárie. Também tinha seus defeitos, mas no momento não consigo me lembrar deles. Tinha um sonho, ser cardiologista. Estudou bastante e conseguiu passar no vestibular e se matriculou na faculdade de medicina. Me alegrei com esse feito como se eu mesma fosse estudar. Isso não é tudo, mas é o que consegui digitar sem pensar muito em alguns minutos. Porque se eu for parar para lembrar, daí não vai ter espaço nesse blog. Tudo o que escrevi foi só para que fique registrado nesse mar de informações que é a internet algumas lembranças minhas do meu querido sobrinho Diego que sofreu um acidente fatal em 28/07/07, aos 20 anos. Não é tudo o que lembro, só uma pequena pincelada sem ordem cronológica e sem a preocupação de relatar algum fato em particular com precisão. Tenho outros sobrinhos também queridos e amados, numa outra oportunidade vou falar sobre eles. Só figuras. É muito bom ser tia de cada um deles. Estão todos sempre nas orações da minha família.
Queria poder digitar com a mesma rapidez com que me recordo das coisas.





12.8.07

Momento de orgulhos e nacionalismos

No sábado, fui na quadra de futsal brincar com a Sofia. Logo, aparecem uns garotos com uma bola de borracha que parecia um melão. Achava que não existia dessas bolas nos dias de hoje. Mas, lá estava ela, sem jeito chamando por mim, e eu fui. Comecei a trocar uns toques com aqueles miúdos e com um olho na Sofia. Às tantas, um deles começa a imaginar que é Cristiano Ronaldo, os outros imitam-no. Então perguntei a um deles - Você sabe que O C.R é português? E eu também sou...

4.8.07

Controvérsias do Ser

Muitas pessoas acham que ser cristão evangélico é extremamente difícil, por isso decartam completamente essa idéia. Elas vêem os cristãos como seres extra terrestres (e de facto o são), dominados por leis e presos a pactos misteriosos. Para eles os cristãos evangélicos ou são doidos ou interesseiros. Mas também existem aqueles, que tendo alguma educação evangélica, mas por vários motivos se desencantaram, reconhecem que a grande maioria são honestos e sinceros na sua fé e prática cristã.
De facto um cristão aos moldes bíblicos, como todos nós evangélicos ansiamos e procuramos ser, além de ser difícil é raro encontrar nos dias de hoje. Já não são vistos como ET,s, mas espécies em via de extinção. Este século deu a volta na maioria dos cristãos evangélicos, tornando-os fragmentados em milhares de denominações e credos. Cada vez mais a Unidade do Corpo e no Corpo é uma conquista adiada, visto que a cultura desta época não permite. A diversidade e relativismo assume o papel de condutor das massas cinzentas.
Ser cristão é cada vez mais difícil, até porque renunciar a nós mesmos e ao pensamento deste século, implica perder muito do que amamos. "Olhar para Jesus Autor e Consumador da nossa Fé", passa a ser uma miragem. Os alvos a atingir são outros, mais concretos, menos abstractos. Ser cristão não é (como pensam alguns), não beber; não fumar; não participar das rodas; não vestir deste e daquele jeito; usar de vocabulário pesado; ir além no namoro e etc. O não praticar isto e muito mais são sinais evidentes do trabalho do Espirito Santo "Aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus". No entanto, ser cristão, nesta época e em todas as épocas tem haver com compromisso e amor. Um amor mais alto, que nos move não em direção a nós mas em direção a Cristo. Na esperança de não sermos confundidos e alcançarmos a perfeição. A perfeição que é nada menos que o conhecimento sublime de nosso Senhor Jesus Cristo. Sem a visão da cruz, sem o entendimento da ressureição e nossa vocação, ficamos a mercê deste mundo que nos pressiona a desistir, pois ser um cristão verdadeiro é "Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos", nisto se resume toda a lei e os profetas. E isso é tudo o que temos de ser.

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