31.1.05

Por que Deus Permite (conclusão)

  • O Ensinamento da Escritura. Muitos perguntam a respeito das calamidades que se abatem sobre os homens, e questionam assim a existência de Deus e Seu governo. Se Deus existe, sendo Ele justo e bom, então Ele teria a obrigação de evitar essas catástrofes e o sofrimento do ser humano. Note as seguintes passagens:" O seu reino domina sobre tudo"(Sl.103:19); " mas trovejou o Senhor aquele dia com grande estampido sobre os filisteus, e os aterrou" (1.Sm7:10); "Ele é quem remove os montes... quem move a terra para fora do seu lugar... quem fala ao sol, e este não sai, e sela as estrelas" (Jó.9:5-7); "Pelo sopro de Deus se dá a geada" (Jó.37:10); luz, granizo, gelo, o mundo celestial, relâmpagos são ordenados por Ele (Jó. 38:12-35). Estas e várias passagens indicam que Deus exerce controlo soberano sobre todo o universo. Os corpos celestiais, tais como o sol e as estrelas, obedecem à Sua vontade. As montanhas são removidas, a terra treme, o solo produz sua riqueza ao mandato de Deus. Ele expressa a Sua bondade e amor, mas também usa os elementos de forma destrutiva para corrigir e castigar. Por isso, os homens deveriam se humilhar nos tempos de calamidade e orar a Quem tem poder sobre todos os elementos.

Li hoje que um jornal árabe, creio que marroquino, atribui de forma categórica os últimos incidentes no Sudeste da Ásia, a punição divina. Seria a resposta de Deus à prática desenfreada da exploração e turismo sexual dos países que foram afectados. Por outro lado, há quem pense, que os milhares de suecos que morreram é uma chamada de atenção para este povo que outrora temente a Deus e às Escrituras, agora, e desde há muito, que se afastou de Deus apostatando da Fé. Vemos na história da Bíblia como Deus castigou o Homem nos tempos de Noé, e quais as causas, vemos o povo de Deus no deserto perecer por causa de sua idolatria, observamos no ano 70 da nossa era como o general Tito quase matou todos os habitantes de Jerusalém, os judeus na 2º guerra, a peste negra na europa, a fome em África a sida (aids) e outras destruições e calamidades que têm assolado os homens no decorrer da história da humanidade.

Gostaria de terminar citando o apóstolo Paulo "Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus..."(Rm.11:22). Paulo no capítulo 8 fala dos" sofrimentos do presente " como uma realidade cada vez mais dolorosa, não só para os homens e mais concretamente os filhos de Deus, mas também a própria natureza agonizando ," gemendo, suportando angústias até agora". Os judeus têm sido um exemplo da severidade de Deus, e nós devemos pensar a respeito. Uma vez que fomos iluminados pelo o Senhor devemos sempre volver a nossa mente para Ele perseverando. Essa é a marca dos eleitos. Ao contrário, muitos têm menosprezado a "bondade" de Deus e envolvem-se com outros deuses se desviando da Verdade, Verdade esta que nos dá esperança mesmo em meio a tempestades, e tsunamis e outra calamidades que venham nos assolar. Creio que a diferença entre os salvos e não salvos está precisamente na maneira como encaram as circunstâncias desta vida, como vêem Deus e a si mesmos.

Cristo, ao vivo e a cores!

Colaboração de Samuel Nunes
Talvez seja o meu filme favorito: Casablanca. Com um pormenor, feito por-maior ... a preto e branco. Aquela desolada espera na Gare du Nord, em Paris, à chuva, é de antologia. Humphrey Bogart é o existencialista à la Camus: "I stick my neck out for nobody", com laivos de Picasso apaixonado por Jaqueline: "You can play for her!"; e a Ingrid Bergman é ... linda. Eu não a deixava partir no avião, mesmo sendo para Lisboa, para depois dar uma de folgazão: "I believe this is the beginning of a beautiful friendship". OK! Adiante! Eu disse preto e branco, porque entretanto surgiu uma cópia retocada a cores que eu simplesmente detesto. Não por ser um fundamentalismo cinéfilo, mas porque esteticamente acho medonho. As pinceladas de computador que anulam os vincos do preto e branco, não me convencem. OK! Adiante!

Vem isto a propósito do debate recorrente, por altura da Páscoa, sobre o Cristo histórico. A "Time", a "Visão", a "Veja", traziam mais uma vez artigos sobre o "Verdadeiro Jesus", "Como era o Mundo no Tempo de Jesus", etc. E, francamente, não vejo razão para tal alvoroço, porque esta é uma questão datada, fora de moda, e ao arrepio dos contornos socio-culturais aceites como válidos. Vejamos: a questão assentava, há 70 anos atrás (pasme-se com a atraso dos jornalistas, e alguns teólogos da nossa praça), numa distinção clara entre o Cristo Histórico e o Cristo Bíblico. A ideia era despir Cristo das roupagens (Ele que só tinha uma túnica!) teológicas dos Evangelistas e apresentar Cristo limpo de qualquer preconceito simbólico. Era o Cristo a preto e branco.

Ora, os teólogos e os historiadores actuais, desapaixonados e sem traumas liberais, afirmam que os relatos dos Evangelhos passaram por diversas edições, até chegarmos ao produto final que temos: um retrato teológico de Jesus ao vivo e a cores. Sem dramas. Sem problemas de cometer suicídio intelectual. Numa lógica holística, afirma-se que Cristo foi uma figura histórica conforme os relatos teológicos dos Evangelhos. É João que escreve: "Jesus fez muitos mais sinais na presença dos seus discípulos que não estão escritos neste livro; mas estes foram escritos para que creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo possam ter vida eterna no Seu nome" (20:31-31). Então, os Evangelhos não são biografias, no sentido clássico, de Jesus. Os escritores sagrados, inspirados pelo Espírito Santo (sim! A Bíblia é plenariamente inspirada pelo infalível sopro de Espírito) seleccionaram o que eles acreditavam ter poder para cumprir os seus propósitos, que era dar uma visão específica de quem Jesus era, e do que significava a Sua vida. Aqui, eu sou totalmente pela cor.

Um Cristo ao vivo e a cores, é um Cristo Histórico, encharcado no Cristo Bíblico. Cristo não é uma história da carochinha. É bem real! Cristo não é uma figura mística. Está carregado de símbolos teológicos! Talvez isto seja mais claramente expresso na tensão permanente que habita a figura do Cristo Ressurrecto. João apresenta o Cristo Ressurrecto com um corpo físico, desafiando Tomé para por o dedo nas cicatrizes, ao mesmo tempo que o retrata com um corpo espiritual a atravessar portas solidamente fechadas. Lucas diz que o Cristo Ressurrecto come peixe no churrasco para demonstrar que tem carne e sangue, mas também desaparece no ar depois do seu encontro com os discípulos de Emaús. Claramente, o Cristo Ressurrecto não é um mero cadáver animado. Nem é um Cristo Histórico a preto e branco. É um Cristo ao vivo e a cores! Que afirma o seu carácter histórico, e confirma a sua vocação teológica.

A isto chamo o "Escândalo da Graça". É uma graça escandalosa que Deus tenha habitado entre nós com uma cor definida de cabelo, uma tez de pele peculiar, uma voz de timbre próprio e uns gestos só seus. Isso é história. É do foro do Escândalo da Graça que Ele tenha morrido por mim, ressuscitando em carne para me trazer a esperança da Ressurreição futura, e a certeza de que a minha Fé não é cesto sem fundo. Isso é teologia.

O Cristo ao vivo e cores, brilha através das ambiguidades humanas, e eleva-se com a certeza de amanhãs ainda não sonhados.

Samuel Nunes

30.1.05

Tentativas

O sentimento geral é de uma comunidade superficial que não aprendeu amar porque tem medo. Os caminhos da vida cristã e de espiritualidade são carreiros ( trilhos) de aceitação de auto-negação de amizade profundamente sentida. Quando o Senhor chamou o apóstolo Pedro para o ministério não lhe perguntou o quanto conhecia sobre Deus, nem mesmo sobre as experiências espirituais que tinha tido, mas se ele o amava (Cf Jo21.15-17). Era o afecto de Pedro que interessava a Jesus. Isto não significa que o conhecimento ou a experiência são irrelevantes; mas se estes não são traduzidos em afectos, se não atingem o coração, transformamo-nos em presas fáceis para as apostas do diabo ( ler Jó cap. 1 e 2). "Amar a Deus de todo o coração, alma, e forças, e ao próximo como a si mesmo", constitui nas palavras de Jesus, o cumprimento da lei e dos profetas. É este amor que nasce do coração, que determina os segredos do nosso relacionamento com Deus. A partir do momento que o homem for capaz de adorar e servir a Deus por nada, simplesmente porque Deus é Deus e não porque o cobre de benefícios - ele encontra o sentido maior da sua devoção, o centro de sua espiritualidade, o coração como fonte dos afectos mais puros e genuínos da alma humana.

Reflexão

Como é que temos construído nosso relacionamento com Deus? Com que bases estabelecemos nosso encontro com Ele?

Oração

Eu oro para que Deus abra nossos olhos e nos permita ver os tesouros escondidos que Ele nos concede nos sofrimentos dos quais o mundo só pensa fugir.
João D,Àvila.

29.1.05

Amizade entre Crentes

Rubem Alves, um escritor cristão que conta umas histórias que poucos querem ouvir, disse que:"Os verdadeiros amigos são aqueles que mesmo em silêncio, sentem prazer quando estão juntos". Confesso que é dos temas que me dá mais gozo de pregar ou escrever. Infelizmente, noto que, cada vez é mais difícil conquistarmos novas amizades e até preservarmos aquelas que ainda temos. Aelred de Rievaulx parafraseou 1.Jo4.16 - " Deus é amizade e todo aquele que permanece na amizade, permanece em Deus". Nossa sociedade utilitarista dificulta as amizades. Ela nos convida a nos tornarmos( no dizer de Ricardo Barbosa) " prostitutos relacionais", fazemos amigos afim de... Usamos a amizade como fonte relacional - evangelismo por amizade. O problema é o que dizer se o "amigo" não se converte. Na verdade não fazemos uma amizade em troca de nada. O psiquiatra R. D. Laing expressou: " Estamos nos destruindo a nós mesmos de forma eficaz por meio de uma violência que se mascara de amor..., não admira que o homem moderno seja viciado em pessoas; e quanto mais viciado fica, menos satisfeito fica, e mais solitário fica". A conclusão mais importante desta patologia é que os relacionamentos humanos existem somente para servir-nos. Ora, Jesus galgou de uma relação de serviço para uma relação de amizade, (Cf. Jo15.15).

Porquê Deus permite? 2ª parte

Todas as coisas tiveram sua origem nos decretos ou propósitos de Deus, que criou todo o universo material e imaterial como primeiro acto na execução dos decretos. Precisamos agora considerar a questão do Seu governo – providência preservação.
As ondas de crimes e distúrbios dos dias de hoje levam muita gente a perguntar se existe um governo inteligente, eficiente e recto no universo. Respondendo a estas questões, o cristão declara sua crença na soberania de Deus. Hodge, um calvinista, diz: “Se Deus é um Espírito, e portanto, uma pessoa, infinita, eterna, imutável em Seu ser e perfeições, o Criador e Preservador do universo, Ele é, por direito, seu soberano absoluto... Esta soberania de Deus é a base para paz e confiança para todo o Seu povo. Ele se regozija por reinar o Senhor Deus onipotente; nem necessidade, nem acaso, nem tolice do homem, nem a maldade de Satanás controlam a seqüência de acontecimentos e tudo a eles relacionado.”

As Escrituras ensinam fartamente que Deus é soberano no universo.“Apesar desta soberania ser universal e absoluta, é a soberania da sabedoria, santidade e amor” (Mt20.15; Rm9.20-21; 1Cr29.11; Sl24.1; Is45.9; Ez18.4; Dn4.35;).

Em teologia providência significa a actividade contínua de Deus pela qual Ele faz com que todos os acontecimentos dos fenômenos físicos mentais e morais cumpram os Seus propósitos; e que este propósito nada mais é do que o desígnio original de Deus na criação. É bem verdade que o mal entrou no universo, mas não lhe é permitido desviar o propósito original de Deus, que é benevolente, sábio e santo.

As provas da doutrina:

  1. A Natureza de Deus e Universo. Como Deus é não apenas um ser pessoal, infinito em sabedoria, bondade, e poder, mas também o Criador, e, consequentemente, dono do universo, é de se esperar que Ele governe Sua própria possessão. Como um Deus pessoal e sábio, pode-se esperar que Ele aja racionalmente; como um Deus bondoso, pode-se esperar que Ele considere os interesses de Suas criaturas; e como um Deus onipotente, podemos confiar que Ele tem a capacidade de cumprir todos os Seus propósitos.
  2. continua...

28.1.05

Por que Deus permite...?

Em primeiro lugar é importante sabermos a respeito dos decretos de Deus e assim evitamos o lixo que abunda normalmente ao redor destas questões.

  1. Os decretos são o eterno propósito de Deus. Ele não faz ou altera Seus planos à medida que a história humana vai se desenvolvendo; Ele fez esses planos na eternidade e eles permanecem inalterados.
  2. Os decretos são baseados em Seu mui sábio e santo desígnio. Ele é onisciente e assim sabe o que é melhor. Ele é absolutamente santo e assim não pode ter em Seu propósito qualquer coisa que seja errada.
  3. Os decretos se originam na liberdade de Deus. Ele não tem a obrigação de se propor coisa alguma, como supôem os panteístas, mas se Se propuser qualquer coisa, fa-lo -à sem restrição de espécie alguma. A única necessidade a Ele imposta nesse aspecto é a que resulta de Seus próprios atributos de Deus sábio e santo. Só podemos saber, portanto, através de uma revelação especial de Deus se Ele tem ou não Se proposto qualquer coisa e, se O fez, o que foi que Ele se propôs.
  4. Os decretos têm como finalidade a glória de Deus. Seu objectivo principal não é a felicidade da criatura nem o aperfeiçoamento dos Santos, embora essas duas estejam incluídas em Seus objectivos, mas sim na glória dAquele que é absoluta perfeição.

Há dois tipos de decretos: os eficazes e os permissivos. Há coisas que Deus Se propõe que Ele também determina eficazmente fazer acontecer; há outras que Ele simplesmente determina permitir. Será mostrado mais adiante, entretanto, que mesmo no caso dos decretos permissivos, Ele tudo domina para Sua própria glória. E finalmente, os decretos abrangem tudo o que vem a ocorrer. Eles incluem todo o passado, o presente, e o futuro; contêm as coisas que Ele eficazmente faz acontecer e aquilo que Ele simplesmente permite.

Que os acontecimentos no universo não são nem uma supresa nem um desapontamento para Deus, nem tampouco o resultado de capricho ou vontade arbitrária de Sua parte, mas sim a execução de um propósito e plano definidos dEle, é o que nos ensinam as Escrituras."Jurou o senhor dos Exércitos dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efectuará...Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás? (Is14.24-27; Ef1.9-11; 3.11; Dn4.35). Em seguida iremos abordar a obra da Providência de Deus.

continua...

PORQUÊ?

Por que Deus permite isto ou aquilo? Normalmente o homem só faz esta pergunta quando ele é afectado negativamente, directa ou indirectamente. O João Narciso levanta essa velha questão, velha, porque encontramos a mesma pergunta lá no início do diálogo entre Deus e o homem. É claro que o assunto para ficar esclarecido (e eu acredito nisso), necessita de uma abordagem ampla, que envolve os decretos de Deus e não só. Mas por enquanto vamos ficar por aqui. Só para dizer, que a minha linha é calvinista e por isso certamente irá criar polémica, no entanto, creio que a Bíblia virá sem dúvida comprovar os argumentos apresentados e espero ficarmos mais tranquilos diante das questões que se levantam agora, devido a tantas tragédias que aconteceram recentemente. E outras maiores estão vindo por aí. Me aguardem.

27.1.05

A expulsão de Deus

Finalmente, a verdade é dita na TV Americana: A filha de Billy Graham estava sendo entrevistada no Early Show e a apresentadora Jane Clayson perguntou a ela:
- Como é que DEUS teria permitido algo horroroso assim acontecer no dia 11 de setembro?
Anne Graham deu uma resposta extremamente profunda e sábia. Ela disse:
- Eu creio que DEUS ficou profundamente triste com o que aconteceu, tanto quanto nós. Por muitos anos nós temos dito para DEUS não interferir em nossas escolhas, sair do nosso governo e sair de nossas vidas. Sendo um cavalheiro como DEUS é, eu creio que Ele calmamente nos deixou. Como poderemos esperar que DEUS nos dê a Sua bênção e Sua proteção se nós exigimos que Ele não se envolva mais conosco? À vista dos acontecimentos recentes, ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, etc.
Eu creio que tudo começou desde que Madeline Murray O'Hare (que foi assassinada e seu corpo encontrado recentemente), se queixou de que era impróprio se fazer oração nas escolas americanas como se fazia tradicionalmente, e nós concordamos com a sua opinião.
Depois disso, alguém disse que seria melhor também não ler mais a Bíblia nas escolas... A Bíblia que nos ensina que não devemos matar, não devemos roubar e devemos amar o nosso próximo como a nós próprios. E nós concordamos.
Logo depois, o Dr. Benjamin Spock disse que não deveríamos bater em nossos filhos quando eles se comportassem mal, porque suas personalidades em formação ficariam distorcidas e poderíamos prejudicar sua auto-estima (O filho do Dr. Spock cometeu suicídio). E nós dissemos: "um perito nesse assunto deve saber o que está falando", e então concordamos com ele.
Depois alguém disse que os professores e os directores das escolas não deveriam disciplinar os nossos filhos quando eles se comportassem mal. Os administradores escolares então decidiram que nenhum professor em suas escolas deveria tocar em um aluno quando se comportasse mal, porque não queriam publicidade negativa e não queriam ser processados. (Há uma grande diferença entre disciplinar e tocar, bater, dar socos, humilhar e chutar, etc.) E nós concordamos com tudo.
Aí alguém sugeriu que deveríamos deixar que nossas filhas fizessem aborto, se elas assim o quisessem e que nem precisariam contar aos pais. E nós aceitamos essa sugestão sem ao menos questioná-la.
Em seguida algum membro da mesa administrativa escolar muito sabido disse que, como rapazes serão sempre rapazes e que como homens iriam acabar fazendo o inevitável, que então deveríamos dar aos nossos filhos tantas camisinhas quantas eles quisessem, para que eles pudessem se divertir à vontade, e que nem precisaríamos dizer aos seus pais que eles as tivessem obtido na escola. E nós dissemos, "está bem".
Depois alguns dos nossos oficiais eleitos mais importantes disseram que não teria importância alguma o que nós fizéssemos em nossa privacidade, desde que estivéssemos cumprindo com os nossos deveres. Concordando com eles, dissémos que para nós não faria qualquer diferença o que uma pessoa fizesse em particular, incluindo o nosso presidente da República, desde que o nosso emprego fosse mantido e a nossa economia ficasse equilibrada.
Então alguém sugeriu que imprimíssemos revistas com fotografias de mulheres nuas, e disséssemos que isto é uma coisa sadia e uma apreciação natural da beleza do corpo feminino. E nós também concordamos.
Depois uma outra pessoa levou isto a um passo mais adiante e publicou fotos de crianças nuas e foi mais além ainda, colocando-as à disposição na Internet. E nós dissemos, "está bem, isto é democracia, e eles têm direito de ter a liberdade de se expressar e fazer isso".
A indústria de entretenimento então disse: "Vamos fazer shows de TV e filmes que promovam profanação, violência e sexo explícito. Vamos gravar música que estimule o estupro, drogas, assassínio, suicídio e temas satânicos." E nós dissemos: "Isto é apenas diversão e não produz qualquer efeito prejudicial. Ninguém leva isso a sério mesmo, então que façam isso!"
Agora nós estamos nos perguntando por que nossos filhos não têm consciência, e por que não sabem distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado, por que não lhes incomoda matar pessoas estranhas ou seus próprios colegas de classe ou a si próprios... Provavelmente, se nós analisarmos tudo isto seriamente, iremos facilmente compreender que nós colhemos exatamente aquilo que semeamos! Se uma menina escrevesse um bilhetinho para DEUS, dizendo: "Senhor, por que não salvaste aquela criança na escola?" A resposta Dele seria: "Querida criança, não me deixam entrar nas escolas! Do Seu DEUS."
É triste como as pessoas simplesmente culpam DEUS e não entendem por que o mundo está indo a passos largos para o inferno. É triste como cremos em tudo que os jornais e a TV dizem, mas duvidamos do que a Bíblia nos diz. É triste como todo o mundo quer ir para o céu, desde que não precise crer, nem pensar ou dizer qualquer coisa que a Bíblia ensina. É triste como alguém diz: "Eu creio em DEUS", mas ainda assim segue a Satanás, que por sinal, também "crê" em DEUS. É engraçado como somos rápidos para julgar mas não queremos ser julgados!
Gozado que nós nos preocupamos mais com o que as outras pessoas pensam a nosso respeito do que com o que DEUS pensa...
Fonte (por mim) desconhecida.

Auschwitz

O profeta Miquéias desabafa diante da injustiça e da corrupção. A desilusão e a angústia mostra a irreversível visão daqueles dias "Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja. Pereceu da terra o piedoso (fiel), e não há entre os homens um que seja recto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede." (Mq7.1-2)
Hoje o mundo lembra o que os homens e não somente o homem Hitler, conseguiram realizar há 60 anos. Outras grandes atrocidades têm sido levadas a efeito, Ruanda mais recentemente, sem falar nas torturas das guerras em curso e de outras guerras e massacres que a história registrou e enterrou.

Hoje também está sendo realizado mais uma vez o Fórum Mundial Social em Porto Alegre, Brasil, onde os políticos de esquerda fazem seus discursos. Paralelamente em Davos, capitalistas generosos como Bill Gates e idealistas como Bono e outros nomes de topo da agenda económica, política, artes, religião etc, buscam iludir o mundo com suas propostas que não passam de anestésicos para as consciências. Que podemos esperar destes encontros? Nada. De Davos 2004 saíram enormes desafios para esse ano mas a triste notícia é que nem as metas mais modestas foram atingidas. Podemos esperar, isso sim, mais visibilidade e promoção dos interesses da elite e menos soluções que expressem boa vontade e praticidade em resolver os muitos problemas. A velha canção dizia:" Demagogia feita à maneira é como queijo na ratoeira..."
Auschwitz, leva-nos a pensar naquilo que o homem sob a ira de Deus consegue fazer. Em nome de Deus fazem-se guerras e em nome dos homens tomam-se iniciativas de paz e solidariedade. No entanto um outro profeta diz-nos que a ruína vem de nós e a salvação de Deus. E que " As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos". Não há esperança nas iniciativas dos homens. A realidade é que um dia, todos então, saberão o valor incalculável, imensurável do gesto de Jesus Cristo.

Homossexualidade: que desordem?

Colaboração de Samuel Nunes
“Semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro” (Romanos 1:27).

Há ditados populares que são um autêntico desastre, como por exemplo “Quanto mais me bates, mais gosto de ti”. Outros são muito cinematográficos, como este: “Não é com vinagre que se apanham moscas”. Outros têm um sabor doméstico, “Entre marido e mulher ninguém meta a colher”. Há uns muito próprios do universo feminino. “As mulheres quando se juntam a falar da vida alheia, começam na lua nova e acabam na lua cheia”.

Todavia, o versículo que dá o pontapé de saída para este texto faz lembrar um ditado popular cheio de sabedoria: “Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”. A passagem do primeiro capítulo de Romanos, do versículo 23 a 28, aplica este princípio elementar do “cabeça que não tem juízo, corpo é que paga”. O raciocínio tem basicamente três passos:
(1) Os seres humanos trocam Deus por aquilo que Deus fez – preferimos a criatura ao Criador.
(2) Deus entrega-nos às nossas preferências – são removidas as barreiras divinas que nos preservam.
(3) Manifestamos fisicamente a nossa realidade espiritual – transferimos para o exterior, através do nosso corpo, os desejos interiores perversos.
Esta é a sequência do “cabeça não tem juízo, corpo é que paga”. E, na realidade, este raciocínio é desenvolvido por Paulo, três vezes, neste trecho. Vejamos:

Primeira sequência (v. 23-24):

Passo 1: “mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível” (v. 23a). Ou seja, o Homem prefere honrar a criatura, a glorificar a Deus.
Passo 2: “por isso, Deus entregou tais homens à imundícia” (v.24a). Deus deixa o Homem seguir o caminho perverso que escolheu, sem impedi-lo.
Passo 3: “para desonrarem o seu corpo entre si” (v. 24b). Como resultado da sua preferência em honrar mais a criatura do que Deus, e tendo Deus entregue o Homem à sua escolha, então os seus corpos desordenados praticam a desonra. Assim, a perversão física é fruto das preferências do Homem. O provérbio revela-se certeiro: “quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”.

Segunda sequência (v. 25-27):

Passo 1: “mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador” (v. 25). Entra sorrateiro o relativismo. O ser humano deseja mais a mentira do que a verdade. Prefere adorar a imagem, e rejeita o original e a fonte de tudo.
Passo 2: “por causa disso, Deus os entregou a paixões infames” (v. 26a). Temos aqui uma quase repetição do v. 24a. Diante da vontade manifesta do Homem, Deus retira qualquer tipo de restrição moral, e o corpo do Homem anda à rédea solta.
Passo 3: “porque até as mulheres mudaram o modo natural das suas relações íntimas por outro, contrário à sua natureza” (v. 26); “semelhantemente, os homens deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade” (v. 27). Fica então claro que a desonra do corpo de que Paulo falara no v. 24b, tem a ver com comportamento homossexual. Na primeira sequência ele enuncia uma lei genérica, e nesta segunda sequência ele faz a aplicação prática. A conclusão é líquida: a desordem sexual (entre outras situações) resulta do Homem trocar a verdade de Deus pela mentira. Este relativismo moral, é sancionado por Deus através de comportamentos homossexuais. Posto doutra forma, o corpo sofre duramente as confusões geradas na cabeça (no íntimo).

Terceira sequência
(v. 28):

Passo 1: “desprezaram o conhecimento de Deus” (v. 28a, Simplesmente escorraçam Deus da sua mente.
Passo 2:Deus os entregou a uma disposição mental reprovável” (v. 28b). A mente já não tem qualquer testemunho de Deus; anda à deriva.
Passo 3: “para praticarem coisas inconvenientes” (v. 28c). Mais uma vez o ditado aplica-se: “quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”.

Sem dúvida que estes são versículos demolidores. Paulo fala assim porque a homossexualidade transpõe para o teatro da vida a nossa desordem espiritual. O Homem rebelou-se contra as condutas desenhadas por Deus, por isso é escravo dos seus desejos desordenados.

Por que homossexualidade revela desordem espiritual?

O texto de Efésios 5:31-32 é luminoso ao afirmar que desde o princípio, o homem e a mulher existem para representar a relação íntima entre Deus e o Seu povo, mais tarde traduzida para a relação entre Cristo e a Igreja, a Noiva. Neste quadro o homem representa Deus ou Cristo e deve amar a sua esposa como Cristo ama a Igreja. E a mulher representa o povo e a Igreja. A união matrimonial do “dois numa só carne” representa a comunicação pura entre Deus e o Homem. Deus planeou que a beleza da sua relação com a humanidade fosse manifestada na união sexual entre homem e mulher.

Mas, a humanidade deturpou a beleza do plano Divino. Trocou a glória de Deus por imagens, especialmente de si própria. Introduziu demasiado ruído na comunicação, ao ponto de cortar a linha. Assim, a quebra de relacionamento com Deus é encenada pela desordem sexual que existe entre os seres humanos. A relação homem/ mulher revela a ordem espiritual que havia. Uma relação homem/ homem, ou mulher/ mulher manifesta uma desordem espiritual. A homossexualidade é a forma mais vívida desta decadência. Quando o Homem prefere as imagens em vez de Deus, quando prefere a mentira em vez da verdade, Deus entrega-o àquilo que escolheu e isso revela-se no facto de macho e fêmea virarem-se para imagens de si mesmos, pessoas do mesmo sexo.

Só a homossexualidade é que revela desordem espiritual?

Não! Mil vezes não! A raiz de toda a desordem (moral, sexual, social e emocional) resulta da troca da glória devida a Deus, pela adoração das “coisas” criadas por Deus. Todo o sistema solar da nossa vida foi feito para orbitar à volta de Deus. No entanto, a humanidade fabricou satélites substitutos que não têm gravidade e que não seguram nada na sua órbita. Daí a decadência do mundo e a espiral de destruição em que se lançou. E consequentemente colhe o fruto dessa desordem espiritual. Depois de ser entregue por Deus a uma “disposição mental reprovável” (v. 28), são detalhadas 21 acções negativas da mente sem Deus (v. 29-31). E aqui ninguém fica imune. Homossexuais, heterossexuais, macho, fêmea, crente, ateu, iluminado, ignorante ... “não há um justo nem um sequer” (Rom 3:10).

Será genética a homossexualidade?

Mesmo que seja! E daí?! Todos somos concebidos em pecado, e a natureza está “sujeita à futilidade”, esperando ser “redimida do cativeiro da sua corrupção” (Rom 8:20-21). E “toda a criação geme com dores de parto” e nós também gememos, “esperando a redenção do nosso corpo” (Rom 8:22-23). Existe agora, a esperança de cura parcial (das nossas desordens sexuais), que é apenas o indício duma cura integral no futuro. Portanto, num mundo natural corrompido, as coisas não funcionam como foram originalmente criadas. Fogos, ventos, climas, vulcões, tremores de terra, bactérias, cancros, quedas de avião, más formações no cromossoma 21, ataques cardíacos ... Qualquer que seja a origem da desordem homossexual da nossa sexualidade, nada poderia definir essa inversão como “natural” ou “normal”. Num mundo em que Deus é o Desenhador da vida, “natural” significa estar em sintonia com os propósitos de Deus. O facto dum fenómeno ter origem natural, não o torna correcto ou justo. Há pessoas com tendências naturalmente agressivas, e nem por isso concordamos com elas. Há tendências frenéticas que levam ao esgotamento nervoso. Um músico naturalmente melancólico poderá suicidar-se, mas nós lamentamos o facto, não o elogiamos. A ansiedade natural leva à paranóia. Desejos sexuais naturalmente fortes conduzem à pornografia e ao vício sexual, e não achamos que isso seja saudável.

Por outras palavras, num mundo onde os efeitos do pecado encharcam as raízes naturais e desorganizam toda a vida, não podemos achar como “normal” tudo o que tenha origem na natureza (humana e meio-ambiente). Terá de haver um padrão de conduta acima da natureza caída. E dado por alguém não contaminado - Deus!

Samuel Nunes



26.1.05

O fracasso da Igreja dividida

O denominacionalismo origina a fraqueza moral do cristianismo não só por dividi-lo e exaurir suas energias, mas principalmente porque a ética de castas acaba com a ética da fraternidade. O denominacionalismo representa, assim, o fracasso moral do cristianismo. A menos que a ética da fraternidade supere o divisionismo do corpo de Cristo, será inútil esperar que vença o mundo. Mas, antes que a Igreja possa esperar superar sua falta de divisão, deve aprender a reconhecer e admitir o carácter secular de seu denominacionalismo.

NIEBUHR, H. Richard. As origens sociais das denominações cristãs, Aste, São Paulo, 1992, p. 21-23.

O Protestante

As pessoas mudam com o passar dos tempos. Esta é uma máxima simples de guardar. Lembro quando me chamavam de"protestante" de forma pejorativa, na ida para a Escola Dominical, nas brincadeiras de rua e na escola. Às vezes até era corrido à pedrada, pois eu assumia essa alcunha como sendo de alguma maneira algo ofensivo, vergonhoso, então revidava. Algumas vezes era discriminado na avaliação dos professores, lembro muito bem quando frequentava a segunda classe em que fui alvo dessa separação. Com o passar dos anos essa fase passou e apesar de continuar a ser conhecido como "o protestante" para alguns e "o filho do padre" para outros, recordo que houve um período em que eu fazia sempre questão de me identificar como protestante. Não sei ao certo porque o fazia. O que eu quero realçar aqui é a perda de identidade das pessoas em geral o anonimato em que vivem. Hoje os vínculos são cada vez mais raros mesmo aqueles que aparentemente nos aborrecem, as pessoas já não são conhecidas pelo o nome de família ou pela função que exercem mas por aquilo que têm. Pela casa, pelo carro ou pela roupa que vestem e penteado de última geração. Perdemos a história de nós mesmos pois deixámos de fazer perguntas aos nossos avós e pais. A família, outrora entendida, abrangendo tios e primos, cunhados e etc, deu origem a famílias cheias de coisas menos de relacionamentos significativos e oportunidades de crescimento mútuo.

25.1.05

Howells 1636

" Eu odeio todos os que pertubam a doce paz da nossa Igreja e ficaria contente em ver um anabatista ir para o inferno nas costas de um brownista".

24.1.05

A Pregação e sua Relevância

Jeremias é um profeta de "coração quebrado", moído pelo confronto com o pecado de seu povo. A mensagem é pesada e dolorosa "Jerusalém pecou gravemente... não vos comove isto, a todos vós que passais pelo caminho? Considerai e vede se há dor igual a minha que veio sobre mim, com que o Senhor me afligiu no dia do furor da sua ira."(cf. Lm 1.1-22). O apóstolo Paulo no seu século dá-nos o diagnóstico do mundo criado que " geme e suporta angústias até agora".
Tanto Jeremias como Paulo têm uma mensagem para a sua época. Provavelmente a mensagem não é a que o povo quer ouvir, no entanto, é essa que todos têm que ouvir. A pregação é sempre profética, no sentido que ela relevante para todas as épocas. Deus opera através da Palavra, mas essa verdade tem sido distorcida, Pedro lembra que"fostes regenerados não de semente corruptível mas incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente". (Pe 1.23).
Talvez concordemos que o valor da pregação vem sendo depreciado. Se assim é, o conceito bíblico da pregação necessita ser resgatado como o momento alto do culto É pela autenticação da palavra de Deus que a igreja é levada a se prostar em reverência, sendo que, "Assim diz o Senhor...", é uma dádiva grandiosa. Quando um pregador fala como um arauto deve proclamar a Palavra. Qualquer coisa fora disto não pode passar por pregação cristã. A pregação não é um prato requintado de idéias e conceitos pessoais, nem sempre histórias dramáticas com finais felizes. Somente a exposição fiel transmite força da autoridade divina. Haddon W. Robinson dá-nos uma definição prática de pregação expositiva:" A pregação expositiva é a comunicação de um conceito bíblico, derivado de, e transmitido através de um, estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem no seu contexto, que o Espirito Santo primeiramente aplica à personalidade e experiência do pregador e depois, através dele, aos seus ouvintes ". O carácter do pregador está intrinsecamente relacionado com a Bíblia e com as pessoas. A sua vida pensa e dá-se em conformidade com a sua missão. A definição padronizada da homilética que afirma que " a pregação é a arte de fazer um sermão e entregá-lo" é substituída por William A. Quayle, " pregação é a arte de fazer um pregador e entregá-lo". Os puritanos davam ênfase à pregação, colocando o púlpito no centro e a Bíblia sobre ele. É triste verificar que muitas igrejas estão encostando o púlpito em um canto, algumas vezes até usado como armário para colocar toda a espécie de objectos. É significativo esse desleixo com um dos objectos centrais do culto. Os pregadores têm uma tremenda responsabilidade, a de pregar e pregar, para que o inimigo encontre sempre o púlpito ocupado. A Bíblia como " única regra de fé e prática" é a arma e o escudo oferecido ao pregador que vive e sobrevive às batalhas constantes que deve travar. P.T.Forsyth disse uma vez:" A Bíblia é o supremo pregador ao pregador".
Neste momento podemos concluir sem paranóias e vaidades sem entrar em detalhes: A mensagem bíblica deixou de ser estimulante vigoroso e inquietante. Perdeu o seu lugar, o seu valor, o seu objectivo. Será que temos sido coniventes com um estilo de vida que foi engendrado e comercializado afim de nos ensurdecer diante de Deus." Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas". (2 TM 4.3,4)

Féher e Einstein

Colaboração de Samuel Nunes
Na mesma noite, em que as televisões passam até “à exaustão” (expressão do Miguel Vale de Almeida) as várias perspectivas da “necro-pornografia” (expressão do BOSS), do Féher, a Voz do Deserto e o Guia dos Perplexos, chamam pelo Vizinho do Mar, e o Renas e Veados exulta pela volta do Sexo Homem. É a vibração imparável da vida, à flor da pele. Nada lhe resiste!
Isso leva-me a pensar numa das grandes provas da existência de Deus: a imaginação.
É um dever da mentalidade do crente, a imaginação. Não falo apenas do trabalho mental de analisar e arrumar ideias. Falo de se imaginar o que não está lá, o que não vemos e queremos descrever, o que não sentimos mas queremos partilhar, o que já foi dito mas que queremos repetir de forma inovadora e criativa. A imaginação (mesmo ao nível sexual amigo BOSS!) é um dever do crente por 2 razões.
1 - A primeira, tem a ver com a máxima cristã de que “tudo o que desejamos que os outros nos façam devemos fazer por eles” (Mateus 7:12). É urgente imaginarmo-nos nas sandálias dos outros, dos que sofrem, dos que são censurados, dos que são marginalizados, dos rotulados pelos politicamente correctos ... O amor compassivo depende muito da imaginação do amante.
2 - A segunda razão, prende-se com o pecado. Sim, é pecado falar, cantar, escrever, pintar, compor ou amar de forma monótona. Deus é fascinante! Ele é escaldante na sua criatividade (um deus que nasce bébé, no meio de gado, depois de passar 9 meses dependente duma placenta humana, é no mínimo ... excêntrico!). E olhar para Deus de forma analítica, empírica e tísica, é um erro. O mais próximo que chegamos a estar da criação ex-nihilo de Deus é pela imaginação. É pelo poema que nunca existiu e que iremos escrever. É pela metáfora que iremos usar. É pelo pensamento que iremos ter. É pela música que iremos compor. “Cantai ao Senhor um cântico novo, toda a terra” diz o Salmo 96:1).
Entretanto leio uma entrevista de João Magueijo, o grande cientista Português que está a revolucionar o mundo da física. Magueijo propõe uma teoria para solucionar alguns problemas com a explicação do Big Bang. Diz ele que basta a luz viajar a uma velocidade superior, e não ter o limite de velocidade (ai se a Bragada de Trânsito ouve!), imposto por Einstein, de 300.000 kms p/ segundo, no vácuo. Até aqui estou com ele. Haja revoluções, haja avanço científico! E fico-me. Porque Magueijo acrescenta que é ateu, mas não por razões científicas (ouviram ó rapaziada do Diário de um Ateu!). Diz ele que “não se deve relacionar Deus com ciência”. E eu vou pensando nisto enquanto recordo os médicos na televisão, a dizerem que não há “razões científicas” para a morte do Féher ... e penso noutra prova para a existência de Deus: a observação. A mente percebe. Apreende. Pondera. Analisa. Reflecte. Observa.
Foi Charles Misner, um cientista astro-físico que escreveu o seguinte acerca de Einstein: “vejo o plano por detrás do universo, como uma questão religiosa. Ou seja, deve haver um respeito enorme por tudo isto. Creio que foi por isso que Einstein não tinha tempo para a religião instituída. Ele ouvia o que os pregadores diziam acerca de Deus e achava que eles blasfemavam. É que ele tinha visto muita mais majestade do que eles conseguiam descrever, e na verdade o que eles diziam não tinha nada a ver com a realidade”. Deixando a questão pertinente sobre a negligência dos pregadores, falemos dos factos. A luz viaja à velocidade espacial de 8 triliões de kms p/ ano. A galáxia de que fazemos parte tem um diâmetro de 100.000 anos-luz (que é uma medida de espaço e não de tempo). É apenas uma de milhões de galáxias semelhantes, e observáveis com os melhores telescópios disponíveis. Na nossa galáxia há cerca de 100 biliões de estrelas. O sol é uma delas, modesta por sinal, e arde a 6.000 graus Cº.
A mente observa, e vê o que está mesmo lá. Ou melhor ... algumas mentes observam. Outras abafam as evidências!
A quem me comparareis, para que eu lhe seja igual, diz o Senhor? Elevem os vosso olhos para o alto e vejam: quem criou as estrelas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais chama pelo seu nome; por ser Ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar” Isaías 40: 25-26.
A imaginação e a observação, como habilidades do meu cérebro, só me deixam duas saídas: ou sou radicalmente Teo-cêntrico, ou enterro a cabeça (com cérebro e tudo) na areia.
Samuel Nunes

23.1.05

Sermão de Domingo

Sede de Deus

TEXTO: Sl 42:1-5



INTRODUÇÃO:O Salmo 42 fala-nos da solidão do deserto. O deserto é um lugar de silêncios, de calor de 57 graus e frio de 20 graus negativos. Nos desertos os cactos, as sarças, arbustos retorcidos e plantas espinhentas precisam acumular toda a água possível para sobreviver. O único som que se ouve é o de fortes ventos ventos, tempestades de areia , que frequentemente são fatais. A pergunta que se faz é como esperar ouvir a voz de Deus num lugar assim?
Foi na escassez e sobriedade dos desertos, livres de distrações que os homens tiveram suas visões mais claras de Deus e escutaram sua voz com mais nitidez. Mas qual a relação entre estes desertos e os desertos de hoje?
IDÉIA CENTRAL:Os desertos de hoje podem ser vividos em momentos de crise. Situações graves que abalam nosso equilíbrio psicológico. No entanto "uma crise é ao mesmo tempo um perigo e uma oportunidade". Viver é superar crises. Atravessá-las é enfentar desafios que trarão amadurecimento ou deterioração à nossa vida. A Palavra de Deus nos convida, nós aflitos e necessitados, a buscá-lo como fonte inesgotável para uma vida centrada Nele, (Is41.17-20).
  • Conheçamos aqui, alguém, abrindo o seu coração de forma corajosa. Desabafando em plena crise, investigando suas causas, reconhecendo suas consequências e encontrando sua solução para sua sede de Deus.
  • Por algum motivo (talvez devido a guerras ou esfriamento espiritual) o salmista viu-se um dia afastado dos parentes, do culto, do templo e da cidade natal. Sentado sobre uma colina, na região deserta ao norte de Israel, experimentando o gosto amargo da saudade e da solidão, pôs-se a meditar na sua vida espiritual. Ele lembrou-se de uma época em que o relacionamento com Deus constituíra a parte mais rica e satisfatória de sua existência. Vieram-lhe à memória os hinos, as orações as caminhadas animadoras em direção à casa de Deus.
  • Ao recordar-se dessas coisas, dentro dele a sua alma se derreteu, provavelmente, foi nesse momento que avistou uma corça no seu andar nervoso e saltitante perambulando pelo o deserto à procura de água. O salmista percebeu que ela balançava a cabeça num movimento sôfrego, bramindo e gemendo, como se quisesse sorver do ar qualquer vestígio de umidade inexistente. Sem se dar conta que era observada, deixava entrever ao salmista toda a sua agonia, carência e exaustão.
  • De repente, aquele homem se deu conta do seu problema, de sua necessidade, de sua situação. Ele enxergou com nitidez o estado do seu espirito reflectido no dilema da corça do deserto.

Tal qual o salmista, inúmeras pessoas têm padecido em meio a uma profunda sede espiritual:

  1. Há aqueles que saudosos, suspiram por uma época em que desfrutaram de uma fé viva e sincera, marcada pela intimidade com Deus, pela felicidade no serviço e pela comunhão com os irmãos.
  2. Outros supreendem-se sentindo falta de algo que na verdade, nunca cultivaram: valores morais, práticas religiosas, compromissos eclesiásticos, experiências espirituais.
  3. E ainda existem aqueles que, mesmo sendo frequentadores assíduos da igreja anos a fio, jamais conseguem sentir-se felizes, realizados ou satisfeitos.

Precisamos meditar sobre qual o verdadeiro estado de nossa alma - precisamos fazer as mesmas perguntas que o salmista fez.

a) "Quando voltarei a ver a face de Deus?" v.2

  • A pergunta do salmista leva-nos a pensar que ele preferia a oportunidade de ter acesso ao santuário de Deus a todos deleites provenientes de riquezas, prazerese honras deste mundo. Ao dizer que bramava por Deus ele está colocando todo o seu anelo, seu amor de uma maneira de ardência indescritível, buscando ser atraído por Deus, reconhecendo sua debilidade, esperando que Deus desça até ele.
  • O vazio espiritual é um problema de muitos,(Mt9.36; At17.16).
  • Procura-se um contacto com Deus, mas, na maioria das vezes, em caminhos errados,(Pv14.12).

Essa crise espiritual que o mundo vive, ela nos alcança para que se cumpra as palavras do Senhor, ditas através dos seus servos profetas, (Am8.11).

Respondendo à pergunta do salmista. Se você reconhecer essa crise dentro de si mesmo, essa sede em seu coração, saiba: sentir sede é um bom sintoma. É sinal que ainda estamos vivos, de que desejamos mais de Deus. No entanto precisamos ser cautelosos. Não podemos matar nossa sede de Deus em águas contaminadas, que prometem saciar nossa alma, mas que, no fundo, envenenam e arruínam nossa alma. Há muitas miragens no deserto.

b) "Por que estás abatida, ò minha alma?" v.5

  • O Salmista em crise faz perguntas a si mesmo. Essa é uma atitude inteligente. Porque é sábio não culpar os outros por nossos fracassos.
  • Se nos percebemos sedentos, se reconhecemos um vazio em nosso coração, se as coisas não correm bem e não conseguimos encontrar sentido, cor, graça, gosto e alegria na vida, devemos nos perguntar:Onde foi que falhei? Quando foi que comecei a me afastar da fonte espiritual?

Algumas pessoas estão distantes de Deus simplesmente porque negligenciaram suas necessidades. Deram prioridade a outras coisas. Nunca pensaram ou jamais lhe foi ensinado que deveriam aprofundar a comunhão com o Senhor. Cultivaram ao longo de anos, uma religião superficial, ou simplesmente vazia. Há pessoas que estão distantes de Deus porque, apesar de o procurarem muito ao longo da vida, fizeram-no de forma eerônea e nos lugares errado, (Jr2.13).

"Por que estás abatida, ò minha alma? Por que te pertubas dentro de mim?

Você já fez essa pergunta? Já conseguiu identificar o que falta à sua vida? Quando paramos para reflectir no estado de abatimento de nossa alma, acabamos por reconhecer que o mesmo é decorrente de um distanciamento do Senhor. Essa conclusão nos inquieta e incomoda. E se, finalmente , ela acaba por nos fazer querer consertar as coisas, por desejar eliminar essa distância - empurra-nos na direção de uma terceira pergunta.

c)"O teu Deus, onde está?" v.3

  • Quem perguntava a ele sobre o paradeiro de Deus? Os homens ao seu redor ou as próprias Lágrimas? No deserto você fala consigo mesmo ou com Deus. Onde está Deus? Essa é uma boa pergunta.
  • A Palavra de Deus afirma que Deus não está longe, (At17.27).
  • Em segundo lugar, a Bíblia diz que Deus está próximo dos contritos, (Is57.15).
  • A Palavra declara que Deus está dentro de nós,(Lc17.20-21).

d)"Quando irei e me verei perante a face do Senhor?"

  • Se sabemos que nossa crise espiritual resulta do distanciamento de Deus, e que através da fé em Cristo essa distância é superada, então devemos perguntar: Por que continuar adiando nossa rendição ao Salvador?(2Co6.2).
  • Poderemos pensar que aquele homem chegou um momento se "ligou": Regressou a Sião, onde reencontou sua família, o povo de Deus, a casa do Senhor, a satisfação espiritual. Seus dias de exílio terminaram, seu período de provação no deserto chegou ao fim. Ele teve a coragem de fazer as perguntas certas, a sabedoria de reconhecer as verdadeiras respostas e a determinação de tomar iniciativa correcta. Isso é tudo o que Deus espera de mim e de você.

CONCLUSÃO:Não existe deserto no qual Deus não esteja. É na escassez dos desertos que, muitas vezes, encontramos a provisão para as nossas maiores necessidades. As crises podem ser as chaves que abrirão as portas para os momentos mais férteis da nossa vida. Venham de onde vierem, sejam o que forem - um casamento falido, a chegada da velhice, uma doença, um instante de necessidade, o pesar do leito, a dor da injustiça, o desafio da viuvez, uma desilusão amorosa, o conflito de gerações, o vazio espiritual. É frequentemente nos lugares e horas mais escuras que a comunhão entre o homem e Deus se desenvolve e foralece. Sempre que atravessar momentos difíceis, lembre-se: outros já sentiram-se como você, já passaram pelo que você agora está passando. "O chão no qual você caminha traz as pegadas de milhares de viajantes antigos",(Sl107.4-9). Graça e Paz da parte de nosso Senhor Jesus Cristo.

22.1.05

Mercado da Fé

Todos nós sabemos que o mundo gira em torno do lucro. O mundo sobrevive centralizado em mercados. São as grandes empresas com forte investimento na publicidade que determinam o consumo de produtos cujo as marcas e rótulos provocam a euforia a ânsia de ter. Nestes últimos tempos, reacende-se o humanismo materialista o qual tem invadido a Igreja, promovendo a oferta de produtos retóricos: teorias de prosperidade material ao invés de salvação eterna; saúde; realização profissional e afectiva. Foram criadas terapias do amor, de cura e libertações para todo o tipo de males. O mercado está aberto.
A soberania humana ao invés da divina tem tornado o homem uma espécie de empresário de Deus, para programar Suas actividades, marcando-lhe dia e hora para a realização de tal ou qual milagre e muita gente vai na onda. Calvino disse:"O mundo preferiu, e sempre prefirará, as especulações que apresentam engenhosidade, à sólida doutrina". Assim, a busca pelo o extrordinário, o dinâmico o emocional assume destaque na agenda evangélica de nossos dias, as pessoas querem e exigem sentir-se bem e distraídas. Deus tornou-se um bom negócio, os vendedores abundam procurando estratégias para cativar seus clientes."Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus." (2.Co2.17)
Para aqueles que pregam, cujo o interesse é chamar os eleitos a ouvir a pregação da palavra, proclamando a verdade e testemunhando essas verdades, o mercado está em baixa. Estes tipos que começam a serem raros são vistos com desconfiança, não fazem parte do mercado são antiquados, tradicionais, ortodoxos, puritanos, termos usados negativamente com o objectivo subtil de eliminar a concorrência. Resta a estes que ainda não foram seduzidos pelo o mercado pedir a Deus coragem e determinação, sabedoria, discernimento e acima de tudo fidelidade à Palavra de Deus. No dizer de Paulo parece que Deus nos colocou em último lugar, nos esforçamos e nada acontece, considerados muitas vezes insignificantes e descartáveis. Um certo cristão afirmou uma vez:"Quando eu nasci, todos riam, enquanto eu chorava. No dia da minha morte, dar-se-á o contrário, pois todos chorarão, e eu sorrirei".Afinal o drama acaba bem.Glória e Honra e Toda Adoração seja dada somente a TI SENHOR DEUS.

POEMAS DO DESERTO

Não é nos países
Cheios de água
Que descobrirás a sede
Não é nos países
Cheios de palavras
Que descobrirás o sentido
"Deus criou países cheios de água
Para ali viver
E desertos
Para que os homens ali descobrissem
A própria alma"( provérbio tuaregue)
E para os homens
Que descobriram a própria alma
Deus criou silêncios
Um deserto no deserto
Sem ameaça de regresso.

21.1.05

Necessidades Profundas das Pessoas

O que realmente importa em nossa vida cristã?

As pessoas sofrem e esperam, praguejam e oram, vivem anos e anos sedentos de relacionamentos significativos, sem consciência de sua personalidade de sua dor, de seu potencial, seu vazio. O vazio de cada um faz-nos lembrar nosso próprio vazio, se bem que isso é doloroso, porque inevitavelmente nos expõe aos lugares escuros de nosso próprio mundo interior. A pergunta é o que queremos ser além dos nossos relacionamentos familiares e responsabilidades?
Somente quem descobriu nova vida em suas próprias profundezas pode tornar-se um ou uma obstetra espiritual, contribuindo para o nascimento de vida nova em indivíduos e na igreja. Há uma pergunta deveras importante. O que as pessoas sentem quando entram em contacto com a sua vida e a minha? Naturalmente reconhecemos que é necessário avivar relacionamentos e querer viver os dramas do outro e o meu. Cada um de nós é desafiado a tornar-se um participante e contribuinte, e não um mero observador. Precisamos fazer parte desse movimento que é dinâmico, que dá novas respostas às necessidades das pessoas, pessoas essas jogadas em nossas estradas modernas de Jericó. Pessoas despojadas de auto-estima e abatidas pelas crises e tragédias da vida. Igreja é isso.
Muitos factores diferentes podem travar o crescimento em direção ao alvo, que não somos nós nem alguém semelhante a nós: a falta de um suprimento adequado de amor maduro na infância; uma crise traumática ou um série de crises(perda de um ente querido, divórcio,acidentes desemprego, doenças graves, catástrofe natural, guerra), a paralisia causada por conflitos interiores, ansiedades e as consequências acumuladas de um modo de vida irresponsável. Essas pessoas estão em busca de pão, mas só encontram pedras.
Que faremos? Talvez nos vejamos impotentes, ou pior, que isso não tem haver connosco.

20.1.05

Recomendo

Leland Ryken, Santos No Mundo (Os Puritanos Como Realmente Eram). Prefácio por J.I. Packer, Editora Fiel.
Santos no Mundo, mostra-nos o retrato fiel de um grupo minoritário e sofrido que pela sua dedicação e fidelidade aos príncipios bíblicos conseguiu influenciar o mundo de seu tempo. Nós geração do séc 21 somos anões espirituais. Os Puritanos, em contraste, com o corpo eram gigantes. A conversão estava tão intimamente ligada à santificação ou ao viver santo que os Puritanos usavam a palavra salvação para incluir os dois. Havia um elemento de protesto social em quase cada atitude Puritana. Para os Puritanos, a questão crucial não era o valor dos rendimentos de uma pessoa, mas quanto era gasto consigo mesmo.

Perguntas.

A primeira pergunta que Deus faz ao homem encontra-se em (Gn3.9),"E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe pergutou: Onde estás?". A tentativa de responder a esta pergunta mostra-nos um facto:O homem nasce fugindo de si mesmo. A Verdade revela-nos o esforço de Deus em encontrá-lo. "Deus o busca, não porque ele esteja separado do seu conhecimento, mas de sua comunhão" Delitzsch.
A segunda pergunta que Deus faz ao homem está registrada em (Gn32.27),"Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó." A pergunta leva-nos a refletir quem somos e sobre nossa luta interior de ser aquilo que não somos. Ao invés de nos rendermos, lutamos contra nós, contra o outro e contra Deus. Não mais Jacó (suplantador), "aquele que pisa", "aquele que calca com os pés", "aquele que quer ser superior" - mas Israel "campeão com Deus", pois Jacó lutara com Deus e com os homens e prevaleceu.
A terceira pergunta que Deus faz ao homem tem como cenário uma das praias da Galiléia(Jo.21.15-17),"Tu me amas?" É diante dos negócios desta vida, das coisa que temos conquistado, diante daquilo que somos, que a pergunta que realmente importa é feita.
"Sabemos muito sobre Deus, teologia, missões, ética, moral e louvor, mas nossa experiência pessoal e afectiva com Deus é excessivamente pobre. Tal pobreza é limitada não apenas pela falta de conhecimento bíblico e das influências do mundo moderno sobre a nossa fé, mas também pela ausência de uma experiência real de amor e aceitação que muitos de nós jamais tivemos na vida."

19.1.05

Palavras Duras?

A nova geração de cristãos já não procura a salvação da alma, mas um corpo sarado; não busca a justificação, mas aceitação; não acredita na renúncia, mas na auto-realização; não se interessa em aprender a amar, mas em fazer sexo; já não tem fome e sede de justiça, mas um desejo insaciável de consumir; não peca — quando muito, carrega traumas provocados por outros. A distinção entre o amor responsável e o sexo irresponsável já não é tão óbvia. A grande preocupação hoje já não é mais com a alma, nem com a eternidade, mas com o controle da celulite, com os níveis de colesterol, com a taxa de gordura, com a grife da roupa ou o sucesso profissional.
Pr. Ricardo Barbosa(Igreja Presbiteriana, Planalto, Brasília).

A.B.S ( saudade e reflexão)

Ao lembrar do A.B.S (Acampamento Bíblico do Sôr), recordo com saudades os primeiros acampamentos. Do Pintadinho restam ainda imagens e momentos que o tempo aos poucos tenta apagar. A primeira vez que tivemos a oportunidade de conhecer a malta da Ponte de Sôr. O primeiro A.B.S marcou muita gente mais velha do que eu, no entanto lembro bem da chegada do Pedro com aquela mochila da tropa, dos Biscaias, das representações do Luzia, das guerras das bolotas, dos jogos e brincadeiras saudáveis e criativas que tivemos naqueles dias. Sem esquecer as paixões dos adolescentes pela Rachel. Depois, já na Farinha Branca, ainda sem luz e todo mundo dormindo em tendas de lona do exército, improvisadas muitas delas com paus, onde cabiam 10 ou mais chulerentos e gasarentos, o A.B.S, tornou-se o lugar onde todas as crianças, adolescentes, jovens e adultos queriam estar no verão.
O A.B.S. na Farinha Branca, era um lugar de eleição, onde amizades foram desenvolvidas e famílias constituídas. Onde as igrejas começaram a se envolver com outros projectos. Muita gente ouviu a Palavra, muita gente conheceu quem era Jesus. A luz que brilhava não era elétrica, pois esta, ainda não tinha chegado por estas bandas, no entanto, sentíamos que eramos protegidos daquelas tempestades de verão que vez por outra nos visitava, das idas e vindas à barragem, dos alacraus. Apesar da competição que havia entre as igrejas, nos jogos e até nos concursos bíblicos, no final todos chorávamos e partilhávamos os endereços.
Muita coisa haveria para contar desde o Pintadinho, contudo, fica aqui a reflexão para os novos e velhos campistas. O A.B.S foi criado para ser um veículo de aproximação entre as igrejas e um espaço dedicado à pregação do Evangelho e Edificação. Não transformem o A.B.S em algo que não é a sua vocação, por exemplo: um espaço unicamente para lazer e exclusivo para alguns, um espaço para alugar. O A.B.S é das igrejas congregacionais e deve servir às igrejas, e estas devem investir no A.B.S. e aproveitar as potencialidades do lugar. Os grandes idealizadores e executores do A.B.S foram sem dúvida o Manuel Falcoeiras e o Pr. João Narciso, depois a partir do segundo acampamento juntaram-se outros como 0 Pr. João Nunes que depois viria a largar muito suor nos anos seguintes. Estes e outros que não precisam ser citados aqui deram muito do seu tempo, por amor naturalmente ou por romantismo não sei, mas o que importa é que todos possamos nos interessar em resgatar pelo menos o real significado, que é místico também, significado de aproximação, de confissão, de partilha, de amizade, de conquista, de oração e de amor cristão.

18.1.05

O Seio da JJ e a Fuga de Deus

Colaboração de Samuel Nunes
A reacção extremada e fundamentalista, à visão do seio de Janet Jackson (e que seio!), fizeram-me pensar na expressão de João Calvino: “coram Deo” (Institutas I:1.2). A frase completa é “cor et res coram Deo” e significa literalmente, “coração e objecto perante Deus”. Os pensadores mais Calvinistas têm usado esta ideia para referir que todos os objectos do mundo visível, assim como o sujeito dessa visão precisam de ser vistos em relação a Deus. Aqui não vou contra o pré-suposicionalismo. Ou seja, toda a epistemologia cristã afirma a priori que toda a acção humana deriva significado do acto criador inicial do Deus Eterno (L’Eternel, dizem os Franceses). Não há factos desprovidos de significado, nenhum intérprete é autónomo, e todo o conhecimento é ético-relacional (daí estarem condenados ao vazio existencial, os ateus). Nesta linha de pensamento, já Cristo dizia que debater certas questões com os incrédulos, era “atirar pérolas a porcos” (Mateus 7:6). Porquê? As razões são quatro:
1 – Para o cristão a realidade divide-se entre o Deus independente e o universo criado, metafisicamente distinto d’Ele, mas ao mesmo tempo eticamente responsável para com Deus. Se os factos do universo são reais é porque Deus os fez assim, se são racionais é porque Deus os interpretou primeiro. Assim, a ligação directa para o conhecimento vem pela revelação. E o método para atingir esse conhecimento consiste em “ser um sonhador dos sonhos de Deus e pensar os pensamentos de Deus, de acordo com Deus” (Van Til, A Christian Theory of Knowledge).
2 – logicamente fica também negado todo e qualquer conhecimento pela racionalidade abstracta. Dentro do pensamento cristão o ser humano coloca-se holisticamente diante de Deus. Todo ele! Sem tirar nem por: corpo e alma; mente, vontade e emoção, a que a Bíblia chama de coração (na verdade, no que toca a Deus, o coração tem apenas a suas próprias razões!). E todas as acções do homem, interdependentes deste triângulo relacional (mente + vontade + emoção), serão sempre coram Deo.
3 – Se tudo deriva significado de Deus, então não existem factos neutros. O sabor duma maçã e a soma 2+2 = 4, têm cores éticas. O observador cristão analisa cada facto e cada homem, pelo prisma das 3 matizes da peregrinação cristã: a criação perfeita, saída das mãos de Deus; a rebelião do Homem; e a redenção operada por Cristo. Aqui, alguém argumentará, que a redenção completa ainda não chegou. É verdade. “Toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Romanos 8:22). Todavia, o cristão já tem as bênçãos do novo relacionamento com o criador-referencial-ético-relacional, e goza das “primícias” (Romanos (8:23) ao aplicar a redenção à sua epistemologia.
4 – O cristão está numa posição oposta àqueles que se recusam a ver os factos, e a interpretá-los num contexto coram Deo. O cristão está num patamar diferente do não-cristão (ver Rom. 1:21; 1 Cor. 1:21; 3:19; Calvino, Institutas II:3.1). As duas excepções são categóricas, porque por um lado, a supressão do conhecimento de Deus trai a existência prévia desse conhecimento, e por outro lado, a tentativa é frustrada, porque não chega a erradicar o conhecimento de Deus. A dupla terrível de excepções aparece em Romanos 1:19-25, e resume-se à criação e ao sensus deitatis, sentido da divindade. Calvino chega a dizer que mesmo o pecador não consegue “obliterar da sua mente” o sensus deitatis (Institutas, I:3.1).

Conclusão: o cristão que quiser comunicar eficazmente, deve estabelecer com o descrente que a supressão do conhecimento de Deus é um dilema ético, e não apenas intelectual ou do âmbito do sintoísmo (argumentação do tipo: “eu sinto que Deus existe”; “Cristo é verdade porque me dá paz e eu sinto isso”). O cristão terá de demonstrar que o pensamento do não-cristão, é uma “fuga de Deus”. E, assim poderá afirmar o seguinte:
a) toda a epistemologia construída a partir duma “fuga de Deus” leva ao abismo existencial.
b) tal atitude é categorizada como pecado. O Evangelho manifesta Cristo, precisamente como o redentor dessa dimensão acéfala do homem. A escolha de Aldous Huxley que diante do significado da vida, preferiu a ausência de significado, “pois não queria prestar contas diante de Deus”, é perfeito suicídio espiritual.
Assim, os fundamentalistas americanos, quando se deparassem com um seio desnudado, fariam bem em pensar no coram Deo de Calvino. Pelo menos não levariam a coisa tão “a peito”!
Samuel Nunes
Textos de apoio: Institutas de João Calvino; VanTil, A Christian Theory of Knowledge; C.S.Lewis, They Asked for a Paper.

Subtilezas e Sofismas (parte 2)

O modelo de igrejas em células já existe, pelo que se sabe, há mais de 60 anos, mas o precursor do movimento na América Latina, ao qual aderiram muitas igrejas brasileiras, foi o paraguaio César Castelhanos, há pouco mais de 8 anos. A “nova visão”, como preferem dizer , é baseada em um complicado método chamado “Modelo Celular dos Doze”, quando os grupos formados por, no máximo, 12 pessoas de cada vez, reproduziriam o modelo com o qual Jesus trabalhou, ou seja, com 12 discípulos.
Segundo o próprio fundador do movimento, César Castelhanos, em um de seus livretos para orientação dos adeptos, a “visão” lhe teria sido dada por Deus, em 1991, ordenando que, através dele, o modelo fosse reproduzido no mundo inteiro. Para Castelhanos, a explicação é simples: “Jesus reproduziu o seu caráter em 12 apóstolos e, ainda que multidões o seguissem, Ele sempre concentrou sua atenção nos 12”, diz.
Pela estrutura do modelo dos 12, não se formam igrejas da forma tradicional, funcionando com um endereço, mas sim “células familiares”, que vão se multiplicando, de preferência a partir da adesão da própria família do formador do grupo.
“É mais fácil obter resultados quando se trabalha com grupos pequenos. Além de haver uma descentralização do poder, fora da figura de um único líder”, justifica um anônimo, membro do G12.
Mas a verdade é que a estrutura não é tão democrática quanto parece. Desde a sua formação, o G12 mantém e manterá, mesmo depois da morte, o lugar dos 12 escolhidos que formam a cúpula da igreja. Estes costumam fazer reuniões periódicas, das quais não participam os membros que estão em posição hierarquicamente inferior. De acordo com eles, as orientações da cúpula serão repassadas pelos líderes de cada célula presentes às reuniões semanais do G12, Eles também proíbem expressamente a leitura do Manual do discípulo – espécie de livro de doutrinas da organização – por qualquer pessoa que ainda não tenha participado de um determinado “encontro com Deus”, que se realiza por três dias em algum ponto do país.
Os líderes evangélicos estão preocupados, com esta onda de forte apelo psicológico, os métodos e práticas ocultistas têm atraído muitos cristãos de diversas denominações. O argumento mais forte que é usado para promover este movimento é uma espécie de declaração: “Na verdade, o modelo nada mais é do que a restauração do cristianismo primitivo. E pelo plano de Deus, ao mesmo tempo em que experimentaríamos o esfriamento e a apostasia dentro das igrejas, surgiria também um novo avivamento” – tenta explicar um membro do G12 que, no seu entender, o novo avivamento consistiria no novo modelo.

Teorias e ensinamentos nada cristãos

Semelhante ao que é encontrado nas religiões ocultistas e movimentos esotéricos, o G12 também se utiliza de símbolos e modelos fortemente rejeitados no seio das igrejas evangélicas, como a chamada “roda de oração”, que consta do “Manual do Discípulo – Construindo Relacionamentos”. O modelo é quase idêntico às "mandalas" (símbolo esotérico) e mapas onde constam os signos do Zodíaco, e torna complicado o que deve ser simples: o ensino da Palavra de Deus.
As técnicas psicológicas ensinadas no "Manual de Realização do Encontro", por sua vez, são de arrepiar qualquer cristão: pelas regras do G12, para que um indivíduo alcance a devida libertação dos traumas do passado (técnica de cura interior), é necessário que este tente visualizar o “encontro do espermatozóide do seu pai com o óvulo de sua mãe”. Depois da visualização de cada etapa de vida – no útero, durante a gestação, na infância até a idade adulta –, a pessoa deve perdoar àqueles que eventualmente tenham lhe causado sofrimento, sem esquecer ninguém - nem mesmo Deus. “Eles precisam liberar perdão às pessoas envolvidas em cada fase e até mesmo a Deus”, diz um trecho do manual.
Os líderes do G12 também ensinam que “o novo homem nasce de uma consciência ajustada e harmoniosa”, que precisa ser alcançada também através da observância de cinco códigos sagrados para um relacionamento com Deus: consciência, invocação, intenção, proposta e juramento. Com significados estranhos, como na fase da invocação – “Invoco vossa presença viva, na formação de um núcleo de óvulos pensantes e multiplicadores do bem”, ou na do Juramento: “Não posso jurar diante de vós, porque sou terráquea e falível” –, o G12 vem atraindo para si as análises críticas de muitos teólogos evangélicos.
Em um outro livrete do movimento G12, seus membros afirmam que já está comprovado que “espíritos demoníacos controlam as vidas, impedindo-as de se desenvolverem como cristãos autênticos”, daí a necessidade dos retiros espirituais, que permitem a cada novo crente experimentar uma proximidade mais genuína do Senhor e sentir a influência do Espírito Santo no processo de libertação e cura interior.
Pelo que mostra a Palavra de Deus, o homem nascido de novo não precisa realizar cura interior ou se valer de práticas ocultistas para ver respondidos os anseios de seu coração , pois quando se conhece a Cristo o novo convertido é liberto pelo poder da Palavra ouvida (Romanos 10.17; 2 Coríntios 5.17; Apocalipse 1.5; 21.5; Isaías 43.18,25).
A grande questão aqui não é o método mas o que está por detrás do método de “multiplicação em células”. Certamente há uma motivação financeira, pois quantos mais adeptos mais dinheiro entra. Depois existe claramente , a mão do Inimigo se aproveitando dos problemas e necessidades profundas das pessoas. É a ação demoníaca buscando retirar a fé do coração dos eleitos, “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24:24).

17.1.05

Subtilezas e Sofismas (parte 1)

A 48ª Assembléia Geral da UIECB, que querendo Deus irá ser realizada no mês de fevereiro, estará tratando entre outros assuntos a rejeição ou aceitação das práticas e modelo em geral do movimento G12.
Este assunto certamente irá dar muito pano para manga, porque no meio congregacional existem muitas igrejas que já adotaram o mesmo modelo, superficialmente ou não, outras ficam-se por enquanto na expectativa para depois resolverem após a Assembléia Geral. Uma coisa entretanto podemos observar, que a maioria dos crentes nem sabe ao certo o que é isso do G12, aceitam porque o seu pastor ou algum “visionário” afirma com todas as letras que estamos diante de uma Visão de Deus. Tudo o que é vindo deste movimento é subtil e uma armadilha terrível que não tem nada de visão mas ao contrário tem provocado divisões, problemas de todo o tipo ao nível familiar, psicológico e espiritual . Com isto tudo, corremos o risco de jogarmos 150 anos de história pelo cano. Vejamos alguns aspectos da filosofia e estratégia deste movimento.
Eles falam de uma nova “consciência”, de um deus que é “fonte geradora de óvulos pensantes e multiplicadores do bem” e de “códigos sagrados” como pré-requisitos para uma comunicação com o Criador. No processo para a libertação das almas oprimidas, valem os princípios de cura interior e de técnicas de visualização, com ênfase na eliminação das emoções negativas através de estratégias psicológicas. Apesar de tantas alegorias, as propostas não partem de nenhuma seita ou movimento declaradamente adepto da Nova Era, mas estão incluídas em uma espécie de cartilha do Movimento G12, que se utiliza do modelo de “igrejas em células” e cujos adeptos se declaram evangélicos.
(Continua...)

Em Destaque

“O movimento evangélico está em crise”. Esta é uma frase, que virou clichê nos discursos dos palestrantes. A “crise”, resulta, segundo os profetas do nosso tempo da invasão, ou melhor, intromissão do mundanismo no culto, na vida, afetando a doutrina, tornando-a frágil e sem relevância .
Todos nós passamos por mudanças significativas ao longo da nossa vida, sabemos que essas “mudanças” têm haver com certas experiências, que nos influenciaram, que formaram a nossa maneira de pensar, ou que nos conformaram a uma realidade distorcida .Essa perda de visão ou a ilusão, tem levado a maioria acreditar que faz parte de uma geração de “renovados”, ou “ungidos”, ou “proféticos”, na verdade não percebem que estão sendo levados a afastarem-se cada vez mais do real sentido de ser Igreja.
Já não existe uma teologia sadia que seja bem entendida..., o povo já não adora e serve a Deus, porque não sabe como fazê-lo. No entanto, experiências vêm acontecendo, variedade de novos elementos no culto tais como: dança, encenações dramáticas ou humorísticas, algumas vezes recursos visuais como faixas, slides e filmes, até atividades pentecostais, incluindo desde ser morto no Espírito a risos santos, estão na moda e em alta. Também muitas igrejas viram alterações na área da música, o estilo mudou. Os velhos hinos deram lugar a cânticos de louvor, as melodias clássicas tradicionais já não servem mais, os estilos agora variam do rock ou pop ao sertanejo cristão Parece até que para alguns a música tornou-se um sacramento ou intermediário a uma experiência mística entre Deus e o adorador. O que nós precisamos perguntar é se todas estas novidades tem nos tornado mais maduros, mais perfeitos diante de Deus, mais humanos, mais próximos dos outros, mais próximos de Deus.
Nossa sociedade parece dilacerada por uma misteriosa relação de amor e ódio pela a cruz. A imprensa a ridiculariza; os políticos liberais e progressistas em geral a rejeitam. No entanto, os cristãos continuam usando o símbolo da cruz. Assim também fazem os adolescentes preocupados com a moda. Existem muitas meninas e meninos grandes, ostentando crucifixos decorativos destituídos de qualquer significado verdadeiramente cristão."- Eu vi e pensei: tenho de ter uma- está na moda", disse Lynette Sharlo. A fé não possui relação alguma com essa escolha."- Ela simplesmente fica bem", disse a Vicky Ortiz, que escreveu o artigo " A fé dos adolescentes na moda é a cruz que eles têm de carregar".
O que realmente importa é "a mensagem da cruz", mensagem que continua a ser esquecida ou banalizada "para os que se perdem". Mudanças, inovações, não têm trazido melhores cultos e crentes mais maduros. Somos reféns de uma cultura que nos faz esquecer "das coisas lá do alto". Que faremos? Talvez tenhamos que resgatar alguns valores puritanos do séc.16 , vistos entretanto como mal-humorados, censurando e chamados de presunçosos, ou então seguindo o conselho do próprio Richard Cox,"Sou da opinião de que todas as coisas na igreja deveriam ser puras, simples e removidas o mais longe possível dos elementos e pompas dete mundo".

Aviso

É preciso agir rapidamente sobre a alarmante obesidade infantil, retirando da escola a comida rápida, os doces, salgados e chocolates.

16.1.05

Brincando com Deus

É bem possível que comecemos a mordiscar os tentadores aperitivos oferecidos pela biotecnologia sem nos darmos conta de seu terrível custo moral
O movimento ambientalista nos ensinou humildade e respeito pela fragilidade da natureza. Precisamos desenvolver o mesmo sentimento em relação à condição humana. Se isto não ocorrer logo, podemos estar inadvertidamente convidando os transumanistas a desfigurar a humanidade com seus tractores genéticos e shoppings psicotrópicos.

Francis Fukuyama é professor de economia política internacional na Universidade Johns Hopkins e autor de Stade-building (Construção de Estados).

O longo caminho da maturidade

A nobreza humana é fruto do longo caminho percorrido por aqueles que, com perseverança, amor, bondade e fidelidade, vão escrevendo sua história.
Tenho me perguntado com relativa freqüência: por que as pessoas são tão resistentes ao amadurecimento? Por que tem se tornado tão raro ver homens e mulheres crescendo emocionalmente e espiritualmente? Convivo com pessoas que, apesar de todas as experiências já vividas, depois de terem lido bons livros, conversado com pessoas maduras e inteligentes, de terem passado por escolas e universidades, ouvirem boas palestras e saberem quase tudo o que a Bíblia ensina, permanecem imaturas. Pessoas assim resistem com todas as forças a qualquer mudança; repetem os mesmos erros, as mesmas dúvidas, os mesmos sentimentos de rejeição; implicam com as mesmas coisas, oram pelos mesmos assuntos, brigam as velhas brigas. Dão a impressão de que não avançaram um milímetro no caminho do amadurecimento, não subiram nenhum degrau na escada do crescimento, não deram nenhum passo em direção a uma vida mais verdadeira. Alguns dão a impressão de que, na verdade, andaram para trás, retrocederam, tornaram-se piores do que já foram.
Basta olhar à volta e ver como as pessoas estão envelhecendo. É raro encontrar hoje um idoso maduro, sábio, bem humorado, destes que já viveram o bastante e souberam aproveitar cada experiência, que não vivem por aí resmungando e reclamando da vida, lamentando a idade e as oportunidades perdidas. Têm sempre uma boa palavra, um bom conselho; sabem envelhecer e não ficam procurando, pateticamente, viver como um adolescente, achando que o bonito está em retroceder e que a velhice é um estágio da vida que precisa ser deletado.
Penso que a resistência ao amadurecimento tem alguma relação com a resistência ao envelhecimento. Certamente, há muitas razões para a letargia emocional e espiritual em que nos encontramos hoje. Na verdade, ao olharmos para as virtudes cristãs, vamos perceber que, uma a uma, vêm sendo desprezadas e desconsideradas em nossa gloriosa civilização moderna e tecnológica. Humildade, simplicidade, castidade, generosidade, amor, bondade, paciência, coragem, lealdade, fidelidade, perseverança e gratidão vêm sendo substituídos por orgulho, vaidade, ambição, egoísmo, pressa, luxúria, inveja, traição, inconstância e ciúme. Somos, hoje, uma geração que não sabe mais amar, mas fazer sexo; que transformou o velho pecado da ambição na virtude da competência e da competitividade; que fez da vaidade a porta de acesso às banalidades sociais e do egoísmo uma arma de sobrevivência.
A paciência há muito deixou de ser uma virtude e, em seu lugar, cresceu o espírito da urgência e da pressa que, com seu pragmatismo funcional, atropelou o longo caminho da construção da dignidade e da honra. O sentimento de gratidão vem sendo substituído pela luta pelo direito e não há mais em nós aquele sentimento de dívida, que, no passado, moldou o caráter das pessoas que contribuíram com seu sacrifício para com a humanidade, porque reconheciam, com profunda gratidão, que tudo o que tinham lhes havia sido doado. O amor e a castidade perderam sua nobreza, transformando o corpo num artigo barato, usando a sensualidade como moeda para adquirir alguns momentos de euforia sexual.Há um tempo atrás escrevi um artigo alertando contra o perigo dos atalhos. Minha preocupação era a mesma de hoje. A nobreza humana é fruto do longo caminho percorrido por aqueles que, com paciência e perseverança, gratidão e respeito, amor e bondade, fidelidade e lealdade, vão escrevendo sua história rumo à maturidade. São pessoas que sabem aproveitar cada experiência vivida, que não fogem do sofrimento e da dor, que reconhecem que tudo o que tem valor encontra-se nas profundezas da alma e precisam ser garimpados com paciência e perseverança.
Há uma metáfora do apóstolo Paulo que nos ajuda a entender isso. Ele compara a vida a uma corrida, na qual, para ganhar o prêmio, o corredor precisa de duas coisas: manter diante de si o alvo e ter disciplina. Para ele, a vida deveria ser olhada assim. Ele afirma que corria como quem sabe aonde quer chegar e, como todo atleta, impunha sobre si a disciplina necessária para ter a certeza de que não correu em vão. A imaturidade é o resultado de uma história vivida sem consciência de destino e sem disciplina.
A sensação de vazio, o tédio e falta de significado é o que move as novas gerações. Não se vê mais um sentido de missão ou consciência vocacional; não se sabe para onde caminham e nem os valores que abraçam. Os apelos da propaganda, as inúmeras ofertas e possibilidades, a agitação das festas e bares, os convites para as mais variadas atividades, levam a uma falsa sensação de preenchimento e significado. Contudo, quando as luzes se apagam, o barulho cessa, a multidão desaparece e a ressaca acaba, não sobra nada a não ser um vazio que insiste em dizer, silenciosamente, que o caminho não é este, que o alvo se perdeu, que as forças estão se esvaindo – e o tédio começa a bater mais fortemente na porta.
A maturidade tornou-se um artigo raro na sociedade pós-moderna. Alguns dias atrás, uma senhora me procurou para falar dos planos de casamento de sua filha. No meio da conversa, sua preocupação com a maturidade do casal, particularmente de sua filha, ficou evidente. Ela tinha certeza de que não estavam preparados para celebrar uma aliança tão importante e vital para suas vidas. No fim da conversa, ela disse num tom irônico: “Mulheres como eu, capazes de enfrentar as lutas que enfrentei, trabalhar, criar os filhos, amar o marido mesmo nos momentos mais difíceis, honrar a aliança que fizemos, superar as diferenças e chegar a esta altura da vida mais plena e mais verdadeira, apesar de todas as cicatrizes que ficaram, é coisa rara, pastor, muito rara”. Ela estava certa.

Extraído Revista Eclésia
Ricardo Barbosa de Souza (conferencista e pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília)

15.1.05

Sermão de Domingo

INSATISFAÇÃO

TEXTO:Lc. 15:25-32

INTRODUÇÃO: A parábola do filho pródigo é a mais bonita e a mais conhecida de todas as que Jesus contou. O jovem insatisfeito com a vida na fazenda de seu pai, sai de casa e cai no mundo. Depois de sofrer e passar fome e ser humilhado, é recebido amorosamente pelo seu pai.

A palavra pródigo é sinônimo de gastador, esbanjador, desperdiçador. Este jovem ganhou este título pelo fato de ter desperdiçado a comunhão e os bens de seu pai, vivendo dissolutamente em terras longínquas.

A história do filho pródigo mostra-nos a rebeldia de um filho que tinha tudo, porém não o tinha percebido . Por outro lado, mostra-nos o amor de um pai que não é limitado pelas ações do filho. TODOS CONHECEM O PRÓDIGO QUE SAIU. MAS NA PARÁBOLA HÁ O QUE FICOU. O filho mais velho, o que nunca deixou o lar , o que nunca transgrediu um só mandamento – porém ele era também um desperdiçador. Como seu irmão mais novo, não soube aproveitar as bênçãos e a comunhão do lar paterno.

Deus Pai não desiste de seus filhos, apesar dos muitos recuos em nossa vida cristã, “Aquele que começou boa obra em vós há de completá-la...” (Fp 1:6). O evangelho intromete-se , confronta, perturba. Procura trazer de volta o pecador para o lar. No lar há alegria, satisfação, liberdade e responsabilidade.

O caçula estava insatisfeito com a vida e saiu de casa, percebeu o que havia perdido e voltou. Seu pai ficou muito feliz, porque ele “estava morto e reviveu estava perdido e foi achado” v.24. O mais velho no entanto estava insatisfeito e não fez nada. Continuou em casa – morto, perdido e frustrado.

IDÉIA CENTRAL: A insatisfação, tem sido o traço mais marcante na vida de muitos que se abrigam na casa de Deus. Vivem sob o teto do Pai, procuram servi-lo e obedecer-lhe, mas intimamente se sentem descontentes e frustrados. Vivem a murmurar, a reclamar, a remoer insucessos, as injustiças e os desafetos, numa disposição de alma amarga e sombria. Quando isso acontece conosco, colocamo-nos na mesma situação do pródigo que ficou.
(procuremos sinais de insatisfação)

1.A INSATISFAÇÃO É DETECTADA
O problema do filho mais velho se evidencia, a princípio, por permanecer calado.
O mais velho permanece em silêncio porque ele também estava insatisfeito. Só não saía de casa por uma questão de obrigação (ele era cumpridor da lei e dos deveres filiais) e por uma questão de segurança, afinal, na casa do pai, ele tinha abundância de pão.

Há um grande número de crentes cuja relação com Deus se reduz tão somente a sentimentos de obrigação e segurança. Seguem-no por medo ou por costume. Servem-no por interesse ou dever. O resultado é uma vida cristã sem alegria, sem abundância sem realizações – uma vida insatisfeita. E é claro que não é esse tipo de vida que o Pai quer para seus filhos. Ele quer que vivamos uma “vida em abundância” - que vivamos satisfeitos. O apóstolo Paulo, por exemplo, estava sempre querendo melhorar (cf. Fp 3: 13-14). Ao mesmo tempo vivia satisfeito (cf Fp 4:11-12)
Quando a nossa insatisfação se traduz em reclamações, amargura de alma, murmurações, pessimismo, estamos declarando a Deus que ele afinal de contas, não é um Pai tão bom assim. Mesmo que não digamos isso com os lábios, o nosso silêncio nos denunciará como aconteceu com o filho mais velho da parábola.

2.A INSATISFAÇÃO REVELADA
Ao voltar da jornada no campo e ouvir o som das musicas, das vozes e dos gritos de júbilo, o filho mais velho achou que havia algo errado, cf.vv.25-26.
O que era apenas uma suspeita então se confirmou: o pródigo que ficou, na verdade, trabalha, mas vê com desconfiança tudo o que é júbilo e festa.

Assim também aquele que serve a Deus por obrigação duvida da alegria do crente sincero, simples e profundamente abençoado. Sente-se preterido, discriminado, e menos amado pelo Senhor. COMO VOCÊ TEM SE SENTIDO? Deus o ama muito (cf Rm 8:31,32).

3. A INSATISFAÇÃO É DECLARADA
Chegamos ao ponto da história em que o próprio filho confessa o seu descontentamento – E veja bem: isso já é um progresso enorme!
Há muitos que vivem insatisfeitos mas são incapazes de admitir o fato para si mesmos, para os outros e muito menos para Deus. Ele estava consciente da sua frustração e derramou-a irado sobre seu pai, na forma de lamúrias e reclamações, e o que ele dia é profundamente revelador: em primeiro lugar, o pródigo que ficou mostra que se vê como servo e não como filho. “Há tantos anos que te sirvo” (v. 29). Ele não tinha um pai, tinha um patrão para quem trabalhava e de quem esperava em troca alguma compensação. Não havia afeto, não havia nada de graça, de misericórdia nessa relação: só lei e interesse. Não é de admirar, pois, que vivesse insatisfeito e triste. Não pode haver contentamento na obrigação. Só no amor há alegria.

4. A INSATISFAÇÃO É CONFRONTADA
O que o pai da parábola fará para ganhar o seu filho revoltado? Se ele exigir, o filho entrará em casa e participará da festa, ainda que a contragosto. Mas não é o que o pai deseja. Então fala a ele de maneira diferente: “Meu filho”. Demonstra amor. Em nenhum momento o pródigo que ficou o chamou de pai, é o mais moço quem faz isso (v. 21). O caçula acaba se revelando mais amoroso apesar de sua rebeldia. E você? Vê Deus como um pai, ou como um patrão, um carrasco, um juiz?
“Tu sempre estás comigo”(v. 31). Esse era o privilégio do qual o caçula abrira mão e depois se arrependera amargamente. O mais velho conservava tal privilégio, tinha o melhor pai do mundo e estava bem perto dele! Mas não percebia, não valorizava isso. Também era um pródigo – estava desperdiçando a comunhão com um pai que tantos gostariam de ter. “Tudo o que é meu é teu”. Todas as bênçãos e bens, toda a herança estava à sua disposição não como um pagamento feito a um servo, mas como um direito do filho. Ele não matou um cabrito para alegrar-se com os amigos porque não quis.

Preocupamo-nos, reclamamos de pobreza, de problemas e de privações, quando todas bênçãos de Deus se acham ao nosso dispor.

CONCLUSÃO
O pai da história que Jesus contou tinha dois filhos: um insatisfeito que se foi e um insatisfeito que ficou. Os dois foram pródigos pois ambos desperdiçaram a comunhão e os bens do lar paterno. Não souberam valorizar o pai nem o que ele lhes proporcionava. Um caiu em si, arrependeu-se, reconciliou-se. Esse terminou a história com uma vestimenta nova, um anel, os pés calçados e a comunhão do pai, regozijando-se numa festa sem fim. E o outro? O que terá acontecido com ele? Jesus não relata pois o outro somos nós, e ele deixou o final em aberto para que o escrevêssemos.

O que faremos? A parábola do filho pródigo se encerra com um duplo apelo: ao amor, para que nos alegremos com o pai e com os irmãos; e ao arrependimento para que, mortos, revivamos e, perdidos, encontremo-nos. Deixa-nos também uma lição final: Deus se relaciona conosco pelo amor não pela obrigação. Trata com gente, não com coisas. Opera através de relacionamentos, não de leis. O amor é a essência da vida cristã e não há outra forma de vivermos satisfeitos, contentes, a não ser amando a Deus sobre todas as coisas e o nosso próximo como a nós mesmos.

Será que Ele existe? Ou o debate em torno do Cosmos e do Caos.

Colaboração de Samuel Nunes
O geneticista galês, Steve Jones, esteve recentemente em Portugal para lançar o seu último livro “Y – A Descendência do Homem”. Basicamente a ideia central do livro resume-se ao facto do sexo começar como uma relação de parasitismo, e o gene masculino Y estar em guerra aberta constante, com o gene feminino X – a genuína guerra dos sexos. Posto isto, Steve Jones chega à conclusão de que os machos irão desaparecer daqui a uns confortáveis 10 milhões de anos (ufa, que alívio!). O pensamento de Jones é fascinante e daria para um artigo espectacular aqui ou em qualquer parte do mundo. Todavia, foi uma frase sua mais rudimentar que me despertou a atenção. Cá vai: “A ciência não consegue responder à pergunta que os filósofos e as crianças fazem: porque estamos aqui, qual o sentido da vida, como nos devemos comportar? A genética nada tem a dizer acerca do que nos torna mais do que máquinas motorizadas pela biologia. Nada nos diz sobre o facto de sermos humanos.” Pensando nestas questões cheguei à conclusão de que a ciência, na realidade, não tem muitas das respostas às perguntas mais pertinentes da existência. Ora vejamos!

1 - A ciência nada diz sobre o porquê da existência do universo
A 1ª e a 2ª lei da termodinâmica dizem-nos que houve um momento em que surgiu a energia, a matéria e o espaço. Mas assim que chegamos ao ponto em que a física deixa de operar, a ciência cala-se. Não explica nem descreve a origem das coisas. Stephen Hawking revela: “embora a ciência consiga resolver o problema de como o universo começou a existir, não resolve a questão de porque é que ele se dá ao trabalho de existir?”

2 – A ciência nada diz sobre a razão de existirem leis naturais
A ciência existe e funciona, como disciplina, porque as leis naturais são consistentes e fidedignas. Os cientistas assumem que essas leis são válidas, consistentes e previsíveis. Mas porque é que elas são assim? Porque não impera o caos? Porque não se instala a anarquia? A ciência responde com um sonoro silêncio. Deixem-me apresentar-vos Beatriz: a Barata Bombardeira. A Beatriz é uma barata que quando é atacada por um predador, geralmente uma aranha ou um sapo, responde com uma descarga explosiva de gás tóxico a alta pressão: POFFF!!! No seu bojo corporal a Beatriz tem 2 compartimentos perfeitamente estanques onde armazena químicos altamente voláteis, como hidro fosfatos e quininos. Estes juntam-se, quando a natureza chama, em combinações exactas numa câmara de combustão, e são expelidos por canais em tudo idênticos aos canos duma espingarda. Ora, se reinasse o caos no sistema Terra, a Beatriz poderia já ter desaparecido por mau funcionamento. Mas a verdade é que Beatriz, a Barata Bombardeira, continua em actividade e nunca fez um erro ao cozinhar os ingredientes voláteis da sua defesa explosiva. Nem chegou lá por tentativas de evolução, senão há muito teria explodido até à sua própria extinção.

3 – A ciência nada diz sobre a afinação detalhada do universo
A actual busca desesperada de vida inteligente em Marte, baseada em minúsculos espelhos de água, só revela um reconhecimento de que o nosso planeta tem condições especiais para a existência da vida. Para que o planeta azul, a Terra, tenha vida como tem, é necessário uma combinação cuidadosa e complexa de factores terrestres e extra-terrestres. A velocidade de rotação da terra, a inclinação do seu eixo, a distância do sol, tudo tem de ser milimétrico para que a vida possa existir. O carbono tem de ser na quantidade certa e o oxigénio também. 1cm cúbico a mais ou a menos seria fatal para os nossos pulmões. Só é possível tal exactidão com um arquitecto por detrás.

4 – A ciência nada diz sobre o nosso carácter humano
A ciência não consegue explicar porque é que somos humanos e não meras máquinas. Porque somos seres emotivos e não andróides. A ciência nada diz sobre os mistérios mais profundos da vida, como a desigualdade social, a teimosia do mal ou a desfaçatez dos poderosos.

5 – A ciência nada diz sobre o funcionamento do cérebro e o porquê dele funcionar assim
Basta ler a obra de António Damásio para chegar a esta conclusão. Peter Atkins, eminente cientista, diz que “o cérebro é o instrumento mais maravilhoso do universo”. E depois acrescenta que “as decisões mentais são ajustamentos de moléculas dentro das células cerebrais”. Mas, se a produção do pensamento humano nada mais é do que químicas e impulsos electro-nervosos, como é que qualquer ideia poderá ser significativa e racional? Como poderemos confiar em qualquer conclusão produzida pelos homens dos “ajustamentos moleculares”? Incluindo a afirmação de que o pensamento é mera química molecular.

6 – A ciência nada diz sobre a qualidade de vida
A tecnologia, a deusa da nossa sociedade, toca na nossa forma de estar na vida, em termos de saúde (espectacular os avanços nas operações intra-uterinas), conforto (adoro os sumiês), e comunicação (que seria de nós sem as mensagens SMS?), mas nada acrescentam às qualidades internas da vida em si. Os problemas da ganância, do egoísmo e do terrorismo podem ser descritos pela ciência com uma precisão matemática, mas não podem ser resolvidos por essa mesma ciência.

7 – A ciência nada diz sobre ética
Nos anos recentes têm-se registados muitos avanços nas áreas da socio-biologia e das ciências comportamentais. Avanços determinantes. No entanto, ficam por explicar as essências da justiça, da liberdade, da beleza, da estética, da satisfação e da paz. A ciência não diz nada sobre a forma da nossa consciência actuar nestas áreas fundamentais. Ou seja, não conseguimos saltar dos átomos para a ética, nem das moléculas para a moral.

Por isso pergunto: o que nos impede de resvalar do cosmos para o caos? Os crentes dirão: Deus. Os ateus dirão: ????? Eu prefiro uma solução a uma não solução. Mesmo aqui a ciência nada diz. A ciência não consegue provar a não existência de Deus, simplesmente porque é impossível provar uma negação universal. Para tal acontecer teria de ser possível ter todos os factos do universo na mão. Como isso não acontece, então a existência de Deus é uma possibilidade intrínseca. Deus não pode ser descartado à partida. Para mais, vivemos num cosmos em vez dum caos. E a prova é que este texto faz sentido, senão seria a balbúrdia completa.

Samuel Nunes

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