18.1.05

Subtilezas e Sofismas (parte 2)

O modelo de igrejas em células já existe, pelo que se sabe, há mais de 60 anos, mas o precursor do movimento na América Latina, ao qual aderiram muitas igrejas brasileiras, foi o paraguaio César Castelhanos, há pouco mais de 8 anos. A “nova visão”, como preferem dizer , é baseada em um complicado método chamado “Modelo Celular dos Doze”, quando os grupos formados por, no máximo, 12 pessoas de cada vez, reproduziriam o modelo com o qual Jesus trabalhou, ou seja, com 12 discípulos.
Segundo o próprio fundador do movimento, César Castelhanos, em um de seus livretos para orientação dos adeptos, a “visão” lhe teria sido dada por Deus, em 1991, ordenando que, através dele, o modelo fosse reproduzido no mundo inteiro. Para Castelhanos, a explicação é simples: “Jesus reproduziu o seu caráter em 12 apóstolos e, ainda que multidões o seguissem, Ele sempre concentrou sua atenção nos 12”, diz.
Pela estrutura do modelo dos 12, não se formam igrejas da forma tradicional, funcionando com um endereço, mas sim “células familiares”, que vão se multiplicando, de preferência a partir da adesão da própria família do formador do grupo.
“É mais fácil obter resultados quando se trabalha com grupos pequenos. Além de haver uma descentralização do poder, fora da figura de um único líder”, justifica um anônimo, membro do G12.
Mas a verdade é que a estrutura não é tão democrática quanto parece. Desde a sua formação, o G12 mantém e manterá, mesmo depois da morte, o lugar dos 12 escolhidos que formam a cúpula da igreja. Estes costumam fazer reuniões periódicas, das quais não participam os membros que estão em posição hierarquicamente inferior. De acordo com eles, as orientações da cúpula serão repassadas pelos líderes de cada célula presentes às reuniões semanais do G12, Eles também proíbem expressamente a leitura do Manual do discípulo – espécie de livro de doutrinas da organização – por qualquer pessoa que ainda não tenha participado de um determinado “encontro com Deus”, que se realiza por três dias em algum ponto do país.
Os líderes evangélicos estão preocupados, com esta onda de forte apelo psicológico, os métodos e práticas ocultistas têm atraído muitos cristãos de diversas denominações. O argumento mais forte que é usado para promover este movimento é uma espécie de declaração: “Na verdade, o modelo nada mais é do que a restauração do cristianismo primitivo. E pelo plano de Deus, ao mesmo tempo em que experimentaríamos o esfriamento e a apostasia dentro das igrejas, surgiria também um novo avivamento” – tenta explicar um membro do G12 que, no seu entender, o novo avivamento consistiria no novo modelo.

Teorias e ensinamentos nada cristãos

Semelhante ao que é encontrado nas religiões ocultistas e movimentos esotéricos, o G12 também se utiliza de símbolos e modelos fortemente rejeitados no seio das igrejas evangélicas, como a chamada “roda de oração”, que consta do “Manual do Discípulo – Construindo Relacionamentos”. O modelo é quase idêntico às "mandalas" (símbolo esotérico) e mapas onde constam os signos do Zodíaco, e torna complicado o que deve ser simples: o ensino da Palavra de Deus.
As técnicas psicológicas ensinadas no "Manual de Realização do Encontro", por sua vez, são de arrepiar qualquer cristão: pelas regras do G12, para que um indivíduo alcance a devida libertação dos traumas do passado (técnica de cura interior), é necessário que este tente visualizar o “encontro do espermatozóide do seu pai com o óvulo de sua mãe”. Depois da visualização de cada etapa de vida – no útero, durante a gestação, na infância até a idade adulta –, a pessoa deve perdoar àqueles que eventualmente tenham lhe causado sofrimento, sem esquecer ninguém - nem mesmo Deus. “Eles precisam liberar perdão às pessoas envolvidas em cada fase e até mesmo a Deus”, diz um trecho do manual.
Os líderes do G12 também ensinam que “o novo homem nasce de uma consciência ajustada e harmoniosa”, que precisa ser alcançada também através da observância de cinco códigos sagrados para um relacionamento com Deus: consciência, invocação, intenção, proposta e juramento. Com significados estranhos, como na fase da invocação – “Invoco vossa presença viva, na formação de um núcleo de óvulos pensantes e multiplicadores do bem”, ou na do Juramento: “Não posso jurar diante de vós, porque sou terráquea e falível” –, o G12 vem atraindo para si as análises críticas de muitos teólogos evangélicos.
Em um outro livrete do movimento G12, seus membros afirmam que já está comprovado que “espíritos demoníacos controlam as vidas, impedindo-as de se desenvolverem como cristãos autênticos”, daí a necessidade dos retiros espirituais, que permitem a cada novo crente experimentar uma proximidade mais genuína do Senhor e sentir a influência do Espírito Santo no processo de libertação e cura interior.
Pelo que mostra a Palavra de Deus, o homem nascido de novo não precisa realizar cura interior ou se valer de práticas ocultistas para ver respondidos os anseios de seu coração , pois quando se conhece a Cristo o novo convertido é liberto pelo poder da Palavra ouvida (Romanos 10.17; 2 Coríntios 5.17; Apocalipse 1.5; 21.5; Isaías 43.18,25).
A grande questão aqui não é o método mas o que está por detrás do método de “multiplicação em células”. Certamente há uma motivação financeira, pois quantos mais adeptos mais dinheiro entra. Depois existe claramente , a mão do Inimigo se aproveitando dos problemas e necessidades profundas das pessoas. É a ação demoníaca buscando retirar a fé do coração dos eleitos, “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24:24).

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...