23.1.05

Sermão de Domingo

Sede de Deus

TEXTO: Sl 42:1-5



INTRODUÇÃO:O Salmo 42 fala-nos da solidão do deserto. O deserto é um lugar de silêncios, de calor de 57 graus e frio de 20 graus negativos. Nos desertos os cactos, as sarças, arbustos retorcidos e plantas espinhentas precisam acumular toda a água possível para sobreviver. O único som que se ouve é o de fortes ventos ventos, tempestades de areia , que frequentemente são fatais. A pergunta que se faz é como esperar ouvir a voz de Deus num lugar assim?
Foi na escassez e sobriedade dos desertos, livres de distrações que os homens tiveram suas visões mais claras de Deus e escutaram sua voz com mais nitidez. Mas qual a relação entre estes desertos e os desertos de hoje?
IDÉIA CENTRAL:Os desertos de hoje podem ser vividos em momentos de crise. Situações graves que abalam nosso equilíbrio psicológico. No entanto "uma crise é ao mesmo tempo um perigo e uma oportunidade". Viver é superar crises. Atravessá-las é enfentar desafios que trarão amadurecimento ou deterioração à nossa vida. A Palavra de Deus nos convida, nós aflitos e necessitados, a buscá-lo como fonte inesgotável para uma vida centrada Nele, (Is41.17-20).
  • Conheçamos aqui, alguém, abrindo o seu coração de forma corajosa. Desabafando em plena crise, investigando suas causas, reconhecendo suas consequências e encontrando sua solução para sua sede de Deus.
  • Por algum motivo (talvez devido a guerras ou esfriamento espiritual) o salmista viu-se um dia afastado dos parentes, do culto, do templo e da cidade natal. Sentado sobre uma colina, na região deserta ao norte de Israel, experimentando o gosto amargo da saudade e da solidão, pôs-se a meditar na sua vida espiritual. Ele lembrou-se de uma época em que o relacionamento com Deus constituíra a parte mais rica e satisfatória de sua existência. Vieram-lhe à memória os hinos, as orações as caminhadas animadoras em direção à casa de Deus.
  • Ao recordar-se dessas coisas, dentro dele a sua alma se derreteu, provavelmente, foi nesse momento que avistou uma corça no seu andar nervoso e saltitante perambulando pelo o deserto à procura de água. O salmista percebeu que ela balançava a cabeça num movimento sôfrego, bramindo e gemendo, como se quisesse sorver do ar qualquer vestígio de umidade inexistente. Sem se dar conta que era observada, deixava entrever ao salmista toda a sua agonia, carência e exaustão.
  • De repente, aquele homem se deu conta do seu problema, de sua necessidade, de sua situação. Ele enxergou com nitidez o estado do seu espirito reflectido no dilema da corça do deserto.

Tal qual o salmista, inúmeras pessoas têm padecido em meio a uma profunda sede espiritual:

  1. Há aqueles que saudosos, suspiram por uma época em que desfrutaram de uma fé viva e sincera, marcada pela intimidade com Deus, pela felicidade no serviço e pela comunhão com os irmãos.
  2. Outros supreendem-se sentindo falta de algo que na verdade, nunca cultivaram: valores morais, práticas religiosas, compromissos eclesiásticos, experiências espirituais.
  3. E ainda existem aqueles que, mesmo sendo frequentadores assíduos da igreja anos a fio, jamais conseguem sentir-se felizes, realizados ou satisfeitos.

Precisamos meditar sobre qual o verdadeiro estado de nossa alma - precisamos fazer as mesmas perguntas que o salmista fez.

a) "Quando voltarei a ver a face de Deus?" v.2

  • A pergunta do salmista leva-nos a pensar que ele preferia a oportunidade de ter acesso ao santuário de Deus a todos deleites provenientes de riquezas, prazerese honras deste mundo. Ao dizer que bramava por Deus ele está colocando todo o seu anelo, seu amor de uma maneira de ardência indescritível, buscando ser atraído por Deus, reconhecendo sua debilidade, esperando que Deus desça até ele.
  • O vazio espiritual é um problema de muitos,(Mt9.36; At17.16).
  • Procura-se um contacto com Deus, mas, na maioria das vezes, em caminhos errados,(Pv14.12).

Essa crise espiritual que o mundo vive, ela nos alcança para que se cumpra as palavras do Senhor, ditas através dos seus servos profetas, (Am8.11).

Respondendo à pergunta do salmista. Se você reconhecer essa crise dentro de si mesmo, essa sede em seu coração, saiba: sentir sede é um bom sintoma. É sinal que ainda estamos vivos, de que desejamos mais de Deus. No entanto precisamos ser cautelosos. Não podemos matar nossa sede de Deus em águas contaminadas, que prometem saciar nossa alma, mas que, no fundo, envenenam e arruínam nossa alma. Há muitas miragens no deserto.

b) "Por que estás abatida, ò minha alma?" v.5

  • O Salmista em crise faz perguntas a si mesmo. Essa é uma atitude inteligente. Porque é sábio não culpar os outros por nossos fracassos.
  • Se nos percebemos sedentos, se reconhecemos um vazio em nosso coração, se as coisas não correm bem e não conseguimos encontrar sentido, cor, graça, gosto e alegria na vida, devemos nos perguntar:Onde foi que falhei? Quando foi que comecei a me afastar da fonte espiritual?

Algumas pessoas estão distantes de Deus simplesmente porque negligenciaram suas necessidades. Deram prioridade a outras coisas. Nunca pensaram ou jamais lhe foi ensinado que deveriam aprofundar a comunhão com o Senhor. Cultivaram ao longo de anos, uma religião superficial, ou simplesmente vazia. Há pessoas que estão distantes de Deus porque, apesar de o procurarem muito ao longo da vida, fizeram-no de forma eerônea e nos lugares errado, (Jr2.13).

"Por que estás abatida, ò minha alma? Por que te pertubas dentro de mim?

Você já fez essa pergunta? Já conseguiu identificar o que falta à sua vida? Quando paramos para reflectir no estado de abatimento de nossa alma, acabamos por reconhecer que o mesmo é decorrente de um distanciamento do Senhor. Essa conclusão nos inquieta e incomoda. E se, finalmente , ela acaba por nos fazer querer consertar as coisas, por desejar eliminar essa distância - empurra-nos na direção de uma terceira pergunta.

c)"O teu Deus, onde está?" v.3

  • Quem perguntava a ele sobre o paradeiro de Deus? Os homens ao seu redor ou as próprias Lágrimas? No deserto você fala consigo mesmo ou com Deus. Onde está Deus? Essa é uma boa pergunta.
  • A Palavra de Deus afirma que Deus não está longe, (At17.27).
  • Em segundo lugar, a Bíblia diz que Deus está próximo dos contritos, (Is57.15).
  • A Palavra declara que Deus está dentro de nós,(Lc17.20-21).

d)"Quando irei e me verei perante a face do Senhor?"

  • Se sabemos que nossa crise espiritual resulta do distanciamento de Deus, e que através da fé em Cristo essa distância é superada, então devemos perguntar: Por que continuar adiando nossa rendição ao Salvador?(2Co6.2).
  • Poderemos pensar que aquele homem chegou um momento se "ligou": Regressou a Sião, onde reencontou sua família, o povo de Deus, a casa do Senhor, a satisfação espiritual. Seus dias de exílio terminaram, seu período de provação no deserto chegou ao fim. Ele teve a coragem de fazer as perguntas certas, a sabedoria de reconhecer as verdadeiras respostas e a determinação de tomar iniciativa correcta. Isso é tudo o que Deus espera de mim e de você.

CONCLUSÃO:Não existe deserto no qual Deus não esteja. É na escassez dos desertos que, muitas vezes, encontramos a provisão para as nossas maiores necessidades. As crises podem ser as chaves que abrirão as portas para os momentos mais férteis da nossa vida. Venham de onde vierem, sejam o que forem - um casamento falido, a chegada da velhice, uma doença, um instante de necessidade, o pesar do leito, a dor da injustiça, o desafio da viuvez, uma desilusão amorosa, o conflito de gerações, o vazio espiritual. É frequentemente nos lugares e horas mais escuras que a comunhão entre o homem e Deus se desenvolve e foralece. Sempre que atravessar momentos difíceis, lembre-se: outros já sentiram-se como você, já passaram pelo que você agora está passando. "O chão no qual você caminha traz as pegadas de milhares de viajantes antigos",(Sl107.4-9). Graça e Paz da parte de nosso Senhor Jesus Cristo.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...