24.1.05

Féher e Einstein

Colaboração de Samuel Nunes
Na mesma noite, em que as televisões passam até “à exaustão” (expressão do Miguel Vale de Almeida) as várias perspectivas da “necro-pornografia” (expressão do BOSS), do Féher, a Voz do Deserto e o Guia dos Perplexos, chamam pelo Vizinho do Mar, e o Renas e Veados exulta pela volta do Sexo Homem. É a vibração imparável da vida, à flor da pele. Nada lhe resiste!
Isso leva-me a pensar numa das grandes provas da existência de Deus: a imaginação.
É um dever da mentalidade do crente, a imaginação. Não falo apenas do trabalho mental de analisar e arrumar ideias. Falo de se imaginar o que não está lá, o que não vemos e queremos descrever, o que não sentimos mas queremos partilhar, o que já foi dito mas que queremos repetir de forma inovadora e criativa. A imaginação (mesmo ao nível sexual amigo BOSS!) é um dever do crente por 2 razões.
1 - A primeira, tem a ver com a máxima cristã de que “tudo o que desejamos que os outros nos façam devemos fazer por eles” (Mateus 7:12). É urgente imaginarmo-nos nas sandálias dos outros, dos que sofrem, dos que são censurados, dos que são marginalizados, dos rotulados pelos politicamente correctos ... O amor compassivo depende muito da imaginação do amante.
2 - A segunda razão, prende-se com o pecado. Sim, é pecado falar, cantar, escrever, pintar, compor ou amar de forma monótona. Deus é fascinante! Ele é escaldante na sua criatividade (um deus que nasce bébé, no meio de gado, depois de passar 9 meses dependente duma placenta humana, é no mínimo ... excêntrico!). E olhar para Deus de forma analítica, empírica e tísica, é um erro. O mais próximo que chegamos a estar da criação ex-nihilo de Deus é pela imaginação. É pelo poema que nunca existiu e que iremos escrever. É pela metáfora que iremos usar. É pelo pensamento que iremos ter. É pela música que iremos compor. “Cantai ao Senhor um cântico novo, toda a terra” diz o Salmo 96:1).
Entretanto leio uma entrevista de João Magueijo, o grande cientista Português que está a revolucionar o mundo da física. Magueijo propõe uma teoria para solucionar alguns problemas com a explicação do Big Bang. Diz ele que basta a luz viajar a uma velocidade superior, e não ter o limite de velocidade (ai se a Bragada de Trânsito ouve!), imposto por Einstein, de 300.000 kms p/ segundo, no vácuo. Até aqui estou com ele. Haja revoluções, haja avanço científico! E fico-me. Porque Magueijo acrescenta que é ateu, mas não por razões científicas (ouviram ó rapaziada do Diário de um Ateu!). Diz ele que “não se deve relacionar Deus com ciência”. E eu vou pensando nisto enquanto recordo os médicos na televisão, a dizerem que não há “razões científicas” para a morte do Féher ... e penso noutra prova para a existência de Deus: a observação. A mente percebe. Apreende. Pondera. Analisa. Reflecte. Observa.
Foi Charles Misner, um cientista astro-físico que escreveu o seguinte acerca de Einstein: “vejo o plano por detrás do universo, como uma questão religiosa. Ou seja, deve haver um respeito enorme por tudo isto. Creio que foi por isso que Einstein não tinha tempo para a religião instituída. Ele ouvia o que os pregadores diziam acerca de Deus e achava que eles blasfemavam. É que ele tinha visto muita mais majestade do que eles conseguiam descrever, e na verdade o que eles diziam não tinha nada a ver com a realidade”. Deixando a questão pertinente sobre a negligência dos pregadores, falemos dos factos. A luz viaja à velocidade espacial de 8 triliões de kms p/ ano. A galáxia de que fazemos parte tem um diâmetro de 100.000 anos-luz (que é uma medida de espaço e não de tempo). É apenas uma de milhões de galáxias semelhantes, e observáveis com os melhores telescópios disponíveis. Na nossa galáxia há cerca de 100 biliões de estrelas. O sol é uma delas, modesta por sinal, e arde a 6.000 graus Cº.
A mente observa, e vê o que está mesmo lá. Ou melhor ... algumas mentes observam. Outras abafam as evidências!
A quem me comparareis, para que eu lhe seja igual, diz o Senhor? Elevem os vosso olhos para o alto e vejam: quem criou as estrelas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais chama pelo seu nome; por ser Ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar” Isaías 40: 25-26.
A imaginação e a observação, como habilidades do meu cérebro, só me deixam duas saídas: ou sou radicalmente Teo-cêntrico, ou enterro a cabeça (com cérebro e tudo) na areia.
Samuel Nunes

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