Colaboração de Samuel Nunes
Tal como os Sodomitas de Génesis 19, a bater à porta da casa de Ló, o movimento “gay” está aí, influenciando toda a sociedade e às portas das nossas Igrejas. A exigência “gay” é simples: “não queremos apenas tolerância, queremos aceitação social”. E, na realidade, o desafio que a questão homossexual lança, é profundamente transformadora porque implica um esbatimento de barreiras entre “igual” e “diferente” que marcava os conceitos normativos da heterossexualidade. Logo aqui surge uma pergunta importante: o que é a norma? O que é normal? Scheaffer dizia: “quando a vida é absurda, definir normalidade é uma perda de tempo”. E G.K.Chesterton afirmava acintoso: “Schopenhauer, Tolstoy, Nietzsche e Shaw, estão a caminho do vazio do sanatório. Porque a loucura pode ser definida como a capacidade mental de alcançar o desespero mental, e eles estão quase lá”. Será que já chegámos a este desespero mental? Será absurda a existência? Talvez! Por isso é pertinente perguntar como chegámos a este estado de coisas?
RAÍZES NO LIBERALISMO, FEMINISMO E ESPIRITUALISMO
O movimento homossexual tem conquistado imenso terreno nas últimas décadas, e não vai definhar porque está intimamente ligado a todas as mudanças operadas na nossa sociedade moderna. Só para lançar algumas raízes, fica claro que o liberalismo foi um factor determinante. Uma hermenêutica baseada numa interpretação exclusivamente histórica dos textos Bíblicos, retirando toda a magia do milagroso, adubou aplicações meramente sociais. A Bíblia deixou de ser Palavra Viva, cortante e aguda, com dois gumes, para passar a ser um contentor amolgado duma verdade possível. De mãos dadas com um feminismo militante, estas interpretações Bíblicas deram força à ideia de que o texto Bíblico é “sexista”, e que é tendencioso no que se refere à questão sexual. Rapidamente, passou-se a catalogar de “estreita” a visão Bíblica de Macho/ Fémea. Daqui para o espiritualismo reinante foi um passo de anão. Por isso assistimos à popularidade crescente duma espiritualidade pagã, apostada em não ser apenas uma moda passageira, mas determinada a criar um ambiente religioso universal que se oporá à visão Cristã do Cosmos.
RAÍZES RELIGIOSAS
Todavia, o homossexualismo também tem raízes religiosas. As mudanças radicais da nossa sociedade incluem uma exagerada liberalidade sexual, uma redescoberta do misticismo pagão (o Harry Potter dá uma ajuda), e uma profanação brutal do direito à vida – o aborto. Será que tudo isto é mera coincidência? Ou haverá aqui uma ligação entre religião pagã e sexualidade pagã? Os homens lascivos à porta de Ló parecem dar a resposta. A sexualidade aparenta ser central e não periférica na sua vida social. a) Eles estão dispostos a quebrar as leis sagradas da hospitalidade. b) Recorrem à violência para cegamente cumprirem os seus desejos sexuais. c) Não aceitam a proposta desesperada de Ló, ao dar as suas filhas virgens. Portanto, uma completa falta de simpatia social. d) Desrespeitam ostensivamente alguém que tinha funções oficiais (Ló estava à porta da cidade, onde se tratavam dos negócios e da aplicação das leis), chegando a ameaçar que a Ló “fariam pior”. O que seria pior senão o assassinato!? Assim, embora a homossexualidade se apresente muitas vezes na forma de minoria a ser protegida e associada a valores anti-vida, embrulhados na ameaça linguística do politicamente correcto; ela na realidade pretende legitimar os dogmas do paganismo.
A minha tentativa vai no sentido de definir a “nova sexualidade” como expressão integrante dos conceitos pagãos da antiguidade. A minha resposta não pode ser idêntica à de Ló que de bom grado sacrificaria as suas filhas. Tragicamente, esta concessão ética de seu pai influenciou de tal forma a vida das suas filhas que elas não tiveram problemas em cometer incesto na caverna. A ironia é incontornável: Ló faz escolhas na cidade que se dramatizam na caverna. E, também não podemos embandeirar a nossa moral superior. É urgente ouvir o coração dos que carregam a Imagem Divina, por mais que ela esteja embaciada. Nenhum de nós pode atirar a primeira pedra ... muito menos eu.
RAÍZES DO PAGANISMO
Para estabelecer a ligação entre homossexualidade e paganismo é preciso concretizar as faces da espiritualidade pagã moderna. Em termos genéricos, todos os grupos pagãos, encharcados no caldo da Nova Era, falam em “sintonizar o universo com a semente divina, que é uma coisa inata no ser humano, reflexo desse ser supremo. A salvação estará ao alcance de todos, bastando para tal, libertarmo-nos de tudo o que impede a expressão do verdadeiro “eu”. É preciso olharmos para dentro de nós e tocarmos no nosso interior”. Na visão deste paganismo moderno, “a humanidade é uma realidade divina unificada, e todas as religiões em última análise são apenas expressões duma única verdade universal. O processo para se chegar a este entendimento espiritual é a intuição e a meditação. Isto alcança-se através duma experiência mística de percepção de nós mesmos como o centro dum círculo sem limites”. Carl Jung dizia: “O eu é um círculo cujo centro está em todo o lado, e cuja circunferência não está em lado nenhum”. A meditação, de acordo com o paganismo moderno, permite que “a alma se desligue dos limites do corpo, e entre em contacto com a unidade cósmica espiritual”.
Ora, aqui não há terreno neutro. Ou aceitamos esta interpretação da realidade espiritual ou rejeitamo-la. Se aceitarmos a visão pagã, a nossa teologia terá de apresentar tons pagãos. E a nossa sexualidade também. O paganismo defende que a família tradicional não pode ser a única referência da sociedade. Que casais do mesmo sexo podem adoptar e educar crianças. E, é esta desconstrução da heterossexualidade, como norma das sociedades humanas que leva ao crescimento do paganismo. Naturalmente, a destruição da sexualidade “tradicional”, abre o caminho para uma visão pagã da sexualidade. Isto é visível nos índices assustadores de divórcios, no crescimento exponencial da pornografia e da pedofilia, e na pressão social para que se aceite abertamente a homossexualidade. Voltamos aos tempos de Ló, onde todos no povo, tantos velhos como novos, se dedicavam publicamente às práticas sodomitas. Este é um fenómeno que marca a espiritualidade pagã do nosso tempo. No entanto, não ficamos por aqui. A homossexualidade é apenas a antecâmara doutro fenómeno mais abrangente: a androginia. (continua)
Samuel Nunes
Textos de apoio: “How should we then live” Francis Scheaffer; “On being a Christian” Hans Kung; “The vision of God” K.E.Kirk “Orthodoxy” G.K.Chesterton
RAÍZES NO LIBERALISMO, FEMINISMO E ESPIRITUALISMO
O movimento homossexual tem conquistado imenso terreno nas últimas décadas, e não vai definhar porque está intimamente ligado a todas as mudanças operadas na nossa sociedade moderna. Só para lançar algumas raízes, fica claro que o liberalismo foi um factor determinante. Uma hermenêutica baseada numa interpretação exclusivamente histórica dos textos Bíblicos, retirando toda a magia do milagroso, adubou aplicações meramente sociais. A Bíblia deixou de ser Palavra Viva, cortante e aguda, com dois gumes, para passar a ser um contentor amolgado duma verdade possível. De mãos dadas com um feminismo militante, estas interpretações Bíblicas deram força à ideia de que o texto Bíblico é “sexista”, e que é tendencioso no que se refere à questão sexual. Rapidamente, passou-se a catalogar de “estreita” a visão Bíblica de Macho/ Fémea. Daqui para o espiritualismo reinante foi um passo de anão. Por isso assistimos à popularidade crescente duma espiritualidade pagã, apostada em não ser apenas uma moda passageira, mas determinada a criar um ambiente religioso universal que se oporá à visão Cristã do Cosmos.
RAÍZES RELIGIOSAS
Todavia, o homossexualismo também tem raízes religiosas. As mudanças radicais da nossa sociedade incluem uma exagerada liberalidade sexual, uma redescoberta do misticismo pagão (o Harry Potter dá uma ajuda), e uma profanação brutal do direito à vida – o aborto. Será que tudo isto é mera coincidência? Ou haverá aqui uma ligação entre religião pagã e sexualidade pagã? Os homens lascivos à porta de Ló parecem dar a resposta. A sexualidade aparenta ser central e não periférica na sua vida social. a) Eles estão dispostos a quebrar as leis sagradas da hospitalidade. b) Recorrem à violência para cegamente cumprirem os seus desejos sexuais. c) Não aceitam a proposta desesperada de Ló, ao dar as suas filhas virgens. Portanto, uma completa falta de simpatia social. d) Desrespeitam ostensivamente alguém que tinha funções oficiais (Ló estava à porta da cidade, onde se tratavam dos negócios e da aplicação das leis), chegando a ameaçar que a Ló “fariam pior”. O que seria pior senão o assassinato!? Assim, embora a homossexualidade se apresente muitas vezes na forma de minoria a ser protegida e associada a valores anti-vida, embrulhados na ameaça linguística do politicamente correcto; ela na realidade pretende legitimar os dogmas do paganismo.
A minha tentativa vai no sentido de definir a “nova sexualidade” como expressão integrante dos conceitos pagãos da antiguidade. A minha resposta não pode ser idêntica à de Ló que de bom grado sacrificaria as suas filhas. Tragicamente, esta concessão ética de seu pai influenciou de tal forma a vida das suas filhas que elas não tiveram problemas em cometer incesto na caverna. A ironia é incontornável: Ló faz escolhas na cidade que se dramatizam na caverna. E, também não podemos embandeirar a nossa moral superior. É urgente ouvir o coração dos que carregam a Imagem Divina, por mais que ela esteja embaciada. Nenhum de nós pode atirar a primeira pedra ... muito menos eu.
RAÍZES DO PAGANISMO
Para estabelecer a ligação entre homossexualidade e paganismo é preciso concretizar as faces da espiritualidade pagã moderna. Em termos genéricos, todos os grupos pagãos, encharcados no caldo da Nova Era, falam em “sintonizar o universo com a semente divina, que é uma coisa inata no ser humano, reflexo desse ser supremo. A salvação estará ao alcance de todos, bastando para tal, libertarmo-nos de tudo o que impede a expressão do verdadeiro “eu”. É preciso olharmos para dentro de nós e tocarmos no nosso interior”. Na visão deste paganismo moderno, “a humanidade é uma realidade divina unificada, e todas as religiões em última análise são apenas expressões duma única verdade universal. O processo para se chegar a este entendimento espiritual é a intuição e a meditação. Isto alcança-se através duma experiência mística de percepção de nós mesmos como o centro dum círculo sem limites”. Carl Jung dizia: “O eu é um círculo cujo centro está em todo o lado, e cuja circunferência não está em lado nenhum”. A meditação, de acordo com o paganismo moderno, permite que “a alma se desligue dos limites do corpo, e entre em contacto com a unidade cósmica espiritual”.
Ora, aqui não há terreno neutro. Ou aceitamos esta interpretação da realidade espiritual ou rejeitamo-la. Se aceitarmos a visão pagã, a nossa teologia terá de apresentar tons pagãos. E a nossa sexualidade também. O paganismo defende que a família tradicional não pode ser a única referência da sociedade. Que casais do mesmo sexo podem adoptar e educar crianças. E, é esta desconstrução da heterossexualidade, como norma das sociedades humanas que leva ao crescimento do paganismo. Naturalmente, a destruição da sexualidade “tradicional”, abre o caminho para uma visão pagã da sexualidade. Isto é visível nos índices assustadores de divórcios, no crescimento exponencial da pornografia e da pedofilia, e na pressão social para que se aceite abertamente a homossexualidade. Voltamos aos tempos de Ló, onde todos no povo, tantos velhos como novos, se dedicavam publicamente às práticas sodomitas. Este é um fenómeno que marca a espiritualidade pagã do nosso tempo. No entanto, não ficamos por aqui. A homossexualidade é apenas a antecâmara doutro fenómeno mais abrangente: a androginia. (continua)
Samuel Nunes
Textos de apoio: “How should we then live” Francis Scheaffer; “On being a Christian” Hans Kung; “The vision of God” K.E.Kirk “Orthodoxy” G.K.Chesterton
2 comentários:
estás a postar a um ritmo alucinante. Vai com calma, porque senao daqui a uns dias não tens nada para postar! Fico contente por contares com textos do Filipe. São, sem dúvida, um valor acrescentado. Espero que também consigas convencer a Renata a escrever, para ela nos fazer rir com o seu humos. Fica bem.
Parabéns por sua escrita, o preconceito religioso fica extremamente bem disfarçado em suas linhas e a cada palavra elitista usada de nossa língua mãe.
Muitas e muitas vezes navegando por sites com teor religioso cristão me deparei com muitas pessoas que expõe sua opinião de forma deveras agressiva e, em muitos casos, de baixo calão para com as práticas pagãs e, principalmente, do homossexual.
Contudo você se expressa de uma forma impecável, e a maioria dos que leem o seu texto ficam embevecidos com o fluir de palavras tão sedutoras, tanto os pagãos quanto os cristãos se levam por elas. Então novamente o parabenizo por sua grande capacidade de mascarar o separatismo religioso e a vexatória hipócrita judaico-cristã em relação aos homossexuais quando há exemplos berrantes em seu livro sagrado, muito bem mascarados por escritores que possuem a mesma capacidade que você de disfarçar o que pode soar como errado ou polêmico.
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