31.5.11

O longo caminho da maturidade

A nobreza humana é fruto do longo caminho percorrido por aqueles que, com perseverança, amor, bondade e fidelidade, vão escrevendo sua história.


Tenho me perguntado com relativa freqüência: por que as pessoas são tão resistentes ao amadurecimento? Por que tem se tornado tão raro ver homens e mulheres crescendo emocionalmente e espiritualmente? Convivo com pessoas que, apesar de todas as experiências já vividas, depois de terem lido bons livros, conversado com pessoas maduras e inteligentes, de terem passado por escolas e universidades, ouvirem boas palestras e saberem quase tudo o que a Bíblia ensina, permanecem imaturas. Pessoas assim resistem com todas as forças a qualquer mudança; repetem os mesmos erros, as mesmas dúvidas, os mesmos sentimentos de rejeição; implicam com as mesmas coisas, oram pelos mesmos assuntos, brigam as velhas brigas. Dão a impressão de que não avançaram um milímetro no caminho do amadurecimento, não subiram nenhum degrau na escada do crescimento, não deram nenhum passo em direção a uma vida mais verdadeira. Alguns dão a impressão de que, na verdade, andaram para trás, retrocederam, tornaram-se piores do que já foram.
Basta olhar à volta e ver como as pessoas estão envelhecendo. É raro encontrar hoje um idoso maduro, sábio, bem humorado, destes que já viveram o bastante e souberam aproveitar cada experiência, que não vivem por aí resmungando e reclamando da vida, lamentando a idade e as oportunidades perdidas. Têm sempre uma boa palavra, um bom conselho; sabem envelhecer e não ficam procurando, pateticamente, viver como um adolescente, achando que o bonito está em retroceder e que a velhice é um estágio da vida que precisa ser deletado.
Penso que a resistência ao amadurecimento tem alguma relação com a resistência ao envelhecimento. Certamente, há muitas razões para a letargia emocional e espiritual em que nos encontramos hoje. Na verdade, ao olharmos para as virtudes cristãs, vamos perceber que, uma a uma, vêm sendo desprezadas e desconsideradas em nossa gloriosa civilização moderna e tecnológica. Humildade, simplicidade, castidade, generosidade, amor, bondade, paciência, coragem, lealdade, fidelidade, perseverança e gratidão vêm sendo substituídos por orgulho, vaidade, ambição, egoísmo, pressa, luxúria, inveja, traição, inconstância e ciúme. Somos, hoje, uma geração que não sabe mais amar, mas fazer sexo; que transformou o velho pecado da ambição na virtude da competência e da competitividade; que fez da vaidade a porta de acesso às banalidades sociais e do egoísmo uma arma de sobrevivência.
A paciência há muito deixou de ser uma virtude e, em seu lugar, cresceu o espírito da urgência e da pressa que, com seu pragmatismo funcional, atropelou o longo caminho da construção da dignidade e da honra. O sentimento de gratidão vem sendo substituído pela luta pelo direito e não há mais em nós aquele sentimento de dívida, que, no passado, moldou o caráter das pessoas que contribuíram com seu sacrifício para com a humanidade, porque reconheciam, com profunda gratidão, que tudo o que tinham lhes havia sido doado. O amor e a castidade perderam sua nobreza, transformando o corpo num artigo barato, usando a sensualidade como moeda para adquirir alguns momentos de euforia sexual.Há um tempo atrás escrevi um artigo alertando contra o perigo dos atalhos. Minha preocupação era a mesma de hoje. A nobreza humana é fruto do longo caminho percorrido por aqueles que, com paciência e perseverança, gratidão e respeito, amor e bondade, fidelidade e lealdade, vão escrevendo sua história rumo à maturidade. São pessoas que sabem aproveitar cada experiência vivida, que não fogem do sofrimento e da dor, que reconhecem que tudo o que tem valor encontra-se nas profundezas da alma e precisam ser garimpados com paciência e perseverança.
Há uma metáfora do apóstolo Paulo que nos ajuda a entender isso. Ele compara a vida a uma corrida, na qual, para ganhar o prêmio, o corredor precisa de duas coisas: manter diante de si o alvo e ter disciplina. Para ele, a vida deveria ser olhada assim. Ele afirma que corria como quem sabe aonde quer chegar e, como todo atleta, impunha sobre si a disciplina necessária para ter a certeza de que não correu em vão. A imaturidade é o resultado de uma história vivida sem consciência de destino e sem disciplina.
A sensação de vazio, o tédio e falta de significado é o que move as novas gerações. Não se vê mais um sentido de missão ou consciência vocacional; não se sabe para onde caminham e nem os valores que abraçam. Os apelos da propaganda, as inúmeras ofertas e possibilidades, a agitação das festas e bares, os convites para as mais variadas atividades, levam a uma falsa sensação de preenchimento e significado. Contudo, quando as luzes se apagam, o barulho cessa, a multidão desaparece e a ressaca acaba, não sobra nada a não ser um vazio que insiste em dizer, silenciosamente, que o caminho não é este, que o alvo se perdeu, que as forças estão se esvaindo – e o tédio começa a bater mais fortemente na porta.
A maturidade tornou-se um artigo raro na sociedade pós-moderna. Alguns dias atrás, uma senhora me procurou para falar dos planos de casamento de sua filha. No meio da conversa, sua preocupação com a maturidade do casal, particularmente de sua filha, ficou evidente. Ela tinha certeza de que não estavam preparados para celebrar uma aliança tão importante e vital para suas vidas. No fim da conversa, ela disse num tom irônico: “Mulheres como eu, capazes de enfrentar as lutas que enfrentei, trabalhar, criar os filhos, amar o marido mesmo nos momentos mais difíceis, honrar a aliança que fizemos, superar as diferenças e chegar a esta altura da vida mais plena e mais verdadeira, apesar de todas as cicatrizes que ficaram, é coisa rara, pastor, muito rara”. Ela estava certa.

Extraído Revista Eclésia
Ricardo Barbosa de Souza (conferencista e pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília)

27.5.11

MOURINHO

Mourinho é por assim dizer o espelho de nossos sonhos. Ali vemos reflectido o que imaginamos ser ou o que poderíamos ser: polémicos; egocêntricos; frontais; honestos; inteligentes; leais; firmes e determinados. Mou é mais qualidades do que defeitos, estes se intrometem e logo são abafados pela sua boa índole. O sentido profissional, rigor e ambição que incute a si mesmo, é repassado para seus  jogadores, a verdade é que todos quando chamados a falar dele, apontam-lhe em primeiro lugar coisas boas. Elogios e críticas fazem parte do cardápio de qualquer um. O que nos diferencia uns dos outros é o reconhecimento do valor de outras pessoas - o quanto somos gratos àqueles que nos ajudaram a conquistar e a realizar nossos sonhos. Os títulos são apenas o prémio do que somos e fazemos e ainda assim, isso pode não nos trazer nenhuma realização e satisfação. Para Mou tem que  haver motivação ao mais alto nível, pois só assim consegue estimular seus atletas. Ele diz que lê a Bíblia, que vê filmes que apelam à coragem  e conquista como forma de superar as dificuldades e obstáculos inerentes ao jogo, fora e dentro das quatro linhas. Depois os media, inimigos invejosos, alguns, tradicionais, como Cruyff, Allegri, Menotti e Valdano (este afastado), entre outros que o criticam de forma ácida e venenosa  e, toda aficcion  catalã, inclusive a imprensa (jornal Sport e El mundo deportivo) fazem uma guerra psicológica impressionante. É preciso ser forte e ter um poder de encaixe extraordinário.Além disso, o que se destaca em Mou é o seu carácter humano e responsabilidade social. Enquanto estiver rodeado de pessoas que lhe querem bem e mal, Mou sobreviverá às críticas e armadilhas do futebol, pois "a mentira tem perna curta" e a verdade é sempre um bom investimento a médio e longo prazo. Obrigado Mourinho por reduzires minhas frustrações.

17.5.11

Os últimos passeios


Nas muralhas das Portas do Sol

João ainda com cabelo gigante

Tás fixe?


Mapa de Santarém

Fizeram um show no palquinho






A Dora é muito corajosa, sobre em lugares altos sozinha



Foi sem dúvida o brinquedo preferido do João







Cheia de estilo


A barragem estava super cheia














13.5.11

HONESTAMENTE FALANDO

Certa vez ouvi de um ex-alcoólatra que havia deixado o álcool há mais de 45 anos e que ainda frequentava os Alcoólicos Anônimos semanalmente, que toda vez que ia a uma reunião, apresentava-se dizendo: sou alcoólatra e fazem 45 anos que não bebo. Segundo ele, foi desta forma que conseguiu libertar-se do vício e permanecer fora dele todos aqueles anos.

Em qualquer programa de tratamento para recuperação de dependentes de qualquer vício, a honestidade é um fator fundamental. Sem ela, o sucesso do melhor programa ficará comprometido. Todavia, a atitude mais comum de todos os viciados é negar sua dependência.

Da mesma forma que um alcoólatra nega que tem problemas com a bebida, muitos de nós também mentimos. Nos enganamos por tanto tempo que a desonestidade acaba se transformando num jeito de ser, num caminho necessário para a sobrevivência.  Imaginamos que ninguém suspeita do que de fato somos e, no aperfeiçoamento da arte de representar, vamos cultivando a aparência e o auto-engano, construindo a história pessoal sob o alicerce de uma falsa identidade.

Não é fácil ser honesto. Eu ainda não encontrei um caminho simples para viver honestamente. Desde a minha infância luto contra uma droga: aprovação. Em minha jornada de vida sempre busquei afirmação, atenção, reconhecimento numa forma de compensar as deficiências emocionais do meu passado. O que os outros pensam de mim tornou-se mais importante do que aquilo que de fato sou.

A desonestidade conspira contra a integridade, a espiritualidade, a transformação do caráter, e acaba comprometendo a verdadeira identidade. Ao me preocupar mais com a aparência, permito que um ser falso, impostor, estabeleça outros fundamentos para meus relacionamentos, seja com Deus, com meu próximo ou mesmo comigo. O medo do julgamento dos outros, os riscos da rejeição, a falsa sensação de aceitação, alimentam a desonestidade e intensificam a falsa identidade.

Sabemos que a negação ou a repressão daquilo que somos não apenas cria falsos relacionamentos entre nós, mas sobretudo entre nós e Deus. Presumimos que Deus, da mesma forma que as pessoas, não saberá lidar com nossos corações e mentes divididos, com a forma como transitamos entre a carne e o espírito. Seria Deus capaz de enfrentar meus desejos sexuais confusos e desordenados? Minhas oscilações entre a bondade e a maldade? A vontade de ser compassivo e outras vezes vingativo?  Minha espiritualidade e a queda pela pornografia? Minha aparente mansidão e minha índole violenta? Podemos até crer que Deus pode enfrentar e transformar estas realidades, mas enquanto não formos honestos com elas, não reconhecermos a dependência que temos delas, dificilmente experimentaremos seu toque libertador e transformador.

A oração é o caminho onde damos os primeiros passos da honestidade. Por saber que Deus me ama incondicionalmente, que me perdoa e aceita como seu filho, que conhece tudo o que sou e diante de quem não tenho como maquiar as mazelas da minha alma; descubro que é somente na presença daquele que me acolhe em amor, pela mediação do seu Filho e no poder do Espírito Santo, que abro as portas dos quartos mais escuros da minha alma e encontro minha liberdade e dignidade. No entanto, não basta ser honesto apenas com Deus, precisamos também ser honestos com nossa família, comunidade e amigos.

A coragem do ex-alcoólatra do início deste artigo precisa ser também a nossa. É comum encontrarmos em nossas igrejas muita gente secretamente honesta. Outros são muito honestos, chegam até a se orgulharem disto, mas são honestos apenas para falarem dos outros. Alguns chamam isso de “profecia”, mas são “profetas” que se dedicam a revelar os segredos dos outros, nunca os seus; conhecem bem as fraquezas e pecados dos outros, mas jamais permitem que conheçam os seus pecados e fraquezas. Sou um pecador, há 50 anos tenho pecado contra Deus, mas pela sua misericórdia, sigo no caminho da santidade.

REV. Ricardo Barbosa.

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