24.1.05

A Pregação e sua Relevância

Jeremias é um profeta de "coração quebrado", moído pelo confronto com o pecado de seu povo. A mensagem é pesada e dolorosa "Jerusalém pecou gravemente... não vos comove isto, a todos vós que passais pelo caminho? Considerai e vede se há dor igual a minha que veio sobre mim, com que o Senhor me afligiu no dia do furor da sua ira."(cf. Lm 1.1-22). O apóstolo Paulo no seu século dá-nos o diagnóstico do mundo criado que " geme e suporta angústias até agora".
Tanto Jeremias como Paulo têm uma mensagem para a sua época. Provavelmente a mensagem não é a que o povo quer ouvir, no entanto, é essa que todos têm que ouvir. A pregação é sempre profética, no sentido que ela relevante para todas as épocas. Deus opera através da Palavra, mas essa verdade tem sido distorcida, Pedro lembra que"fostes regenerados não de semente corruptível mas incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente". (Pe 1.23).
Talvez concordemos que o valor da pregação vem sendo depreciado. Se assim é, o conceito bíblico da pregação necessita ser resgatado como o momento alto do culto É pela autenticação da palavra de Deus que a igreja é levada a se prostar em reverência, sendo que, "Assim diz o Senhor...", é uma dádiva grandiosa. Quando um pregador fala como um arauto deve proclamar a Palavra. Qualquer coisa fora disto não pode passar por pregação cristã. A pregação não é um prato requintado de idéias e conceitos pessoais, nem sempre histórias dramáticas com finais felizes. Somente a exposição fiel transmite força da autoridade divina. Haddon W. Robinson dá-nos uma definição prática de pregação expositiva:" A pregação expositiva é a comunicação de um conceito bíblico, derivado de, e transmitido através de um, estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem no seu contexto, que o Espirito Santo primeiramente aplica à personalidade e experiência do pregador e depois, através dele, aos seus ouvintes ". O carácter do pregador está intrinsecamente relacionado com a Bíblia e com as pessoas. A sua vida pensa e dá-se em conformidade com a sua missão. A definição padronizada da homilética que afirma que " a pregação é a arte de fazer um sermão e entregá-lo" é substituída por William A. Quayle, " pregação é a arte de fazer um pregador e entregá-lo". Os puritanos davam ênfase à pregação, colocando o púlpito no centro e a Bíblia sobre ele. É triste verificar que muitas igrejas estão encostando o púlpito em um canto, algumas vezes até usado como armário para colocar toda a espécie de objectos. É significativo esse desleixo com um dos objectos centrais do culto. Os pregadores têm uma tremenda responsabilidade, a de pregar e pregar, para que o inimigo encontre sempre o púlpito ocupado. A Bíblia como " única regra de fé e prática" é a arma e o escudo oferecido ao pregador que vive e sobrevive às batalhas constantes que deve travar. P.T.Forsyth disse uma vez:" A Bíblia é o supremo pregador ao pregador".
Neste momento podemos concluir sem paranóias e vaidades sem entrar em detalhes: A mensagem bíblica deixou de ser estimulante vigoroso e inquietante. Perdeu o seu lugar, o seu valor, o seu objectivo. Será que temos sido coniventes com um estilo de vida que foi engendrado e comercializado afim de nos ensurdecer diante de Deus." Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas". (2 TM 4.3,4)

Um comentário:

Anônimo disse...

Homem admirável este Jeremias!!

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