6.1.08

Um dia comum

Por: Renata Marques


Há uns anos atrás vi o filme "Inteligência Artificial" e independente das críticas, até que gostei dele, achei legalzinho. A história se passa na metade do século XXI. O efeito estufa derreteu uma grande parte do gelo dos pólos da Terra e algumas das cidades litorâneas do planeta ficaram submersas (é linda a imagem de Nova York sob as águas).
Os AI (computadores independentes com inteligência artificial) auxiliam a humanidade na luta contra os desastres ambientais. São robôs cada vez mais evoluídos. Um professor (William Hurt) quer dar a esses robôs uma nova capacidade: a de amar. Assim nasce o garoto robô David Swinton (Haley Joel Osment) que, como Pinóquio, irá querer se transformar em ser humano. Bom, vocês devem conhecer o enredo. Mas tudo isso é para falar um assunto que é tocado no tão criticado e mal falado final do filme. O menino robô, após ficar submerso por não sei quanto tempo (muito tempo) consegue voltar à superfície e tudo aquilo que ele deseja é reencontrar aquela que um dia o comprou e foi uma espécie de "mãe" para ele, aquela que ele tinha aprendido a amar. Claro que à essa altura ela já não existe mais. Mas com a tecnologia da época é possível clonarem a mulher, mas só por um dia, um único diazinho, e nesse dia especial ele decide fazer com sua "mãe" coisas normais, do dia a dia, as atividades mais comuns da vida doméstica como brincar, contar histórias, tomar banho...
Bem, o que eu estava pensando é no realmente importa no final das contas. O filme foi só um pretexto para puxar esse assunto. A vida é feita de dias comuns, claro que também há os dias especiais, mas os mais especiais são os dias comuns. À pergunta, o que você faria se pudesse ter mais um dia, somente um dia, com alguém que você ama, eu responderia: passaria um dia como tantos outros que já passamos juntos, só que dando mais valor aos detalhes desse dia, guardando cada minuto como um precioso e delicado tesouro.
Por várias vezes durante o meu dia a dia, eu faço queixas de estar cansada demais, ou já não ter disposição para brincar ou contar histórias para meus filhos, ou mesmo desabafo com o espelho dizendo que queria alguns instantes sozinha, mas, me arrependo de pensar nisso todos os dias, e à noite falo ao meu travesseiro como o meu dia foi prazeroso, aí agradeço a Deus por poder ter feito aquilo que pude fazer, mesmo com minhas limitações e imperfeições. Às vezes também penso em como seria esse dia com pessoas que estão distantes, pessoas que são muito amadas, pessoas com quem não passo um dia comum há muito tempo e outras com as quais não vou passar mais por um motivo ou por outro. Ainda bem que Deus nos proporciona os sonhos, falo por mim, eu tenho muitos sonhos comuns onde estou com essas pessoas queridas. Espero que esse ano, pelo menos com algumas, eu possa ter um dia desses, tão comuns, que se tornam especiais. Não podemos esquecer que somos humanos e não robôs ou pinóquios, e que temos a capacidade de amar.

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