Houve duas gerações que marcaram o Acampamento Bíblico do Sôr (ABS), a geração do Pedro Silva, Joaquim António, Vitor Biscaia, Américo, Fernando Marques e companhia... e, a minha. Malandros há muitos e dos mais variados tipos. Naqueles tempos a malandrice de Lisboa e arredores parecia ser mais ousada em contraste com a rotina do interior alentejano. Parecia! No fundo os grandes destaques no início foram sem dúvida os alentejanos e ribatejanos.Os chutes do Carlos do Brunheirinho num pinheiro antes dum jogo de futebol na Farinha Branca me impressionaram, dizia elel que era para treinar o pé. O pontapé do Jeremias na poupança, isto é, no meu traseiro, foi por assim dizer, marcante. Os namoros escondidos que deram certo e não, os homens vestidos de mulher(aqui inclui-se o José António, grande nadador) ruim de bola também. Bem, os malandros naquele tempo eram descarados e sofisticados. O Pedro Nunes era um deles, fino,educado, confiável, mas um malandro que todos insistiam em tê-lo como amigo. O Pedro Silva era do tipo descarado, conquistava as pessoas através das palhaçadas e brincadeiras espontâneas, o que seríamos nós sem ele? Já o Zé de Chelas, era do tipo sanguíneo, parecido com o Jeremias na personalidade futebolística, nunca sabiam perder (Olha quem fala!). E o que dizer do João Pedro, António Manuel e Manuel Lúcio, António Lúcio? E o Manuel Falcoeiras que sempre insistia em não lavar os pés durante o período do ABS! Bem, só estamos falando de malandros, o Daniel do Seixal era inocente,ou será que era o mais malandro deles todos? Um dia pensou e fez, pegou os picos dos cactos e colocou-os dentro dos sacos de dormir das meninas, quase que foi expulso do ABS ou foi mesmo, não me lembro bem.Sem esquecer que convidou o António Manuel para treinar boxe com ele, este deu-lhe um soco no queixo e não deu outra, KO. Ao meu xára acontecia de tudo,até perdeu os dentes na barragem. O que é feito dele? O bom desses malandros é que todos eles deixam saudades e só boas lembranças.
Falar deles e delas é resgatar um príncipio fundamental para a contrução e preservação da amizade duradoura, a aceitação e valorização da pessoa que somos, sem máscaras, sem fantasias, apenas o que somos - desembrulhados. No próximo post irei falar da minha geração, isto é, do malandro que fui, dos malandros que convivi. Me aguarde.