10.6.11

A outra dimensão de Deus

Pretender entender este mundo em sua unidade com Deus será,ou arrogância religiosa, ou a última visão da verdade que existe para além do berço e do túmulo. 


Segundo,Karl Barth, Deus é o "totalmente outro", incognoscível,insondável,imensurável...,porém,a idéia de Deus ou a percepção inata de Deus é real. A Bíblia afirma que Deus "pôs a eternidade no coração do homem,sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o principio até ao fim" (cf Ec.3.11). Calvino descreveu esta percepção elementar de Deus como um "senso de divindade". O teólogo americano Charles Hodge disse que há uma convicção universal "de que existe um ser de quem temos a noção de depender e quem devemos prestar contas". Falar de Deus ou pensar Deus é reflectir sobre lugares longínquos, inacessíveis, (cf 2Co.2.9. Salomão em Eclesiastes 5.2, discorre acerca da transcendência de Deus mas também de sua imanência. 

Para tentarmos com algum esforço vislumbrar alguma luz sobre aquilo que Deus é, teremos que começar pelos seus atributos e per-feições. Deus é, segundo Agostinho, summa essentia, ser supremo, além de todas as categorias de todas as coisas temporais e espaciais. Nem mesmo se pode atribuir a Ele a categoria de substância. Agostinho diz que não se pode falar de essência e existência, de ser e qualidade, funções e actos como se fossem coisas distintas no ser divino. Deus é a unidade de todas as formas. Todas as idéias, todas as essências ou poderes e princípios das coisas, estão na mente de deus. As coisas individuais existem e voltam para Deus por meio das idéias. Sendo assim o mundo é criado a cada instante pela vontade divina, que é a vontade do amor. Portanto, conclui Agostinho, seguido depois pelos reformadores, a criação e preservação são a mesma coisa, em nenhum momento se torna independente de Deus. 

Segundo a doutrina agostiniana do tempo, "o tempo não é uma realidade objectiva no sentido em que as coisas são objectivas. Portanto, não pode ser aplicado adequadamente a Deus. Não tem sentido perguntar-se pelo tempo antes da criação. O tempo foi criado juntamente com o mundo; é a forma do mundo. É a forma da finidade das coisas, da mesma forma como o espaço. Tanto o mundo como o espaço/tempo têm eternidade apenas enquanto sujeito à vontade eterna da criação. Pode-se dizer que estão potencialmente presentes na vida divina mas não são eternos enquanto reais; enquanto realidade são finitos. Para Agostinho havia um começo definido e deverá haver um fim igualmente definido. Somente a eternidade transcende esse começo e esse fim"

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