2.7.05

Uma Avaliação do Culto

O valor que Deus dá a seu culto deveria levar os evangélicos a uma avaliação muito mais cautelosa de suas práticas de culto. Em primeiro lugar, os evangélicos precisam reconsiderar os novos elementos introduzidos no culto. Será que elementos visuais tais como dança, drama e filme são aceitáveis a Deus? Não parecem ser coerentes com a aplicação reflectida do Segundo Mandamento. Ao contrário, tem mais semelhança com o fogo estranho oferecido ao senhor (Lv10.1). Deus na Escritura nunca aprovou a criatividade ou inovação no culto. Como é que os evangélicos tão impensadamente presumem que Deus aprova suas novidades?
Esses elementos têm de ser rigorosamente submetidos às Escrituras. A falha evangélica de não fazer isso, mostra que a Bíblia não funciona de maneira central na vida e modo de pensar de muitos. Os evangélicos precisam ver que o culto deve ser orientado pela Palavra nos detalhes específicos, não de maneira geral e vaga.
Para muitos evangélicos, a justificativa de sua nova maneira de prestar culto tem raiz na sua sinceridade. Mas a sinceridade por si só não torna o culto aceitável a Deus. Os adoradores de Baal nos dias de Elias eram sinceros. Muitos adoradores de Yahweh em Samaria eram sinceros. Mas Deus rejeitou tal adoração como violação do Primeiro ou Segundo Mandamento. a sinceridade não justifica a falsa adoração, como também não justifica a falsa doutrina ou a vida desobediente (neste aspecto todos nós temos muito ainda que aprender).
O culto que é simples e espiritual irá incentivar a vida cristã disciplinada e coerente. Conduzirá os evangélicos de volta à Bíblia. Esse culto realmente edificará o corpo de Cristo na doutrina e na vida.
Em segundo lugar, os evangélicos devem reexaminar quais as formas em que eles mudaram os elementos do culto. Os sermões devem voltar a ser rigorosamente expositivos para que a igreja ouça realmente a Palavra de Deus, e não opiniões humanas. A Bíblia precisa ser lida como acto central do culto: não apenas para informar mas como acto de reverência e agradecimento a Deus que se revelou a si mesmo. A oração deve ser restaurada como privilégio da igreja de falar ao Deus que se aproxima deles. Os sacramentos devem ser vistos como sendo a bondade do Senhor em dar expressão visível ao evangelho.
Os elementos históricos do culto reflectiam um sentimento da grandeza e presença de Deus. Os evangélicos podem retomar o culto profundamente centrado em Deus, e se afastar do seu culto cada vez mais centrado no homem. Como Calvino escreveu: "Não é uma teologia muito acertada a que limita tanto os pensamentos da pessoa a si mesma, e não coloca diante dele, como motivação primária de sua existência, o zelo por ilustrar a glória de Deus. Pois somos nascidos antes de tudo para Deus, e não para nós mesmos".
Em terceiro lugar, os evangélicos devem olhar com cuidado a sua música. A música é a maneira-chave de expressar a emoção no culto. Mas o culto contemporâneo por vezes demais preocupa-se apenas com a emoção de alegria - e esta de modo bem superficial. A Bíblia dá ênfase à alegria, certamente, mas dá ênfase igual à reverência. Diz o Salmo 2.11: Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor. A reverência e a alegria, ambas, devem ser expressas no culto.
Em quarto lugar, muitos evangélicos diminuíram o papel do pastor na liderança do culto e multiplicaram o número de líderes do culto. São actos alinhados com a cultura democrática, e frequentemente justificados apelando-se à doutrina do sacerdócio de todos os santos. Mas isso muitas vezes torna líderes pessoas sem instrução ou experiência devida para a posição. E mais importante, tais pessoas não receberam um chamado (nem sequer um assobio) nem foram separadas para essa obra pelo corpo da igreja.
Em quinto lugar, os evangélicos vêm mudando o horário do culto para tornar mais fácil e mais acessível o culto ao Senhor. Mas será que os evangélicos compreenderam o chamado do Senhor para que se santifique o Dia do Senhor? Existe um Dia do Senhor na nova aliança - o de Apocalipse 1.10 - e é santificando-o que o povo de Deus aprende a obedecer e a negar-se a si mesmo. O verdadeiro Cristianismo não é fácil, mas aceita de bom grado a disciplina e bênção do descanso e culto no Dia do Senhor. A fé verdadeira fica feliz de passar tempo com Deus. Aprecia muitíssimo a hora para devoão, aprendizagem e serviço cristão. Não busca terminar logo o culto, mas procura seguir o modelo revelado de um dia com Deus.
Os evangélicos, com relação ao culto, doutrina e vida vêm se tornando minimalistas. São pessoas demais peguntando: Qual é o mínimo que posso fazer e qual a maneira mais fácil de fazê-lo para que eu seja um discípulo de Cristo? Os evangélicos precisam se lembrar - em primeiro lugar - da Grande Comissão (Mt28.18-20). Aí Jesus declara o que é o verdadeiro discipulado. Tem uma dimensão doutrinária: Os discípulos devem reconher Jesus como possuidor de toda a autoridade no céu e na terra. Tem uma dimensão de culto: Os discípulos devem ser batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Tem uma dimensão de vida: Os discípulos devem obedecer a tudo que Deus mandou. Os evangélicos precisam captar de novo a plenitude da religião bíblica.
(Este trabalho de pesquisa e reflexão sobre a necessidade de reforma tem como textos base os encontrados no livro elaborado por uma comissão que participou naquela reunião histórica de 120 pastores, docentes e líderes evangélicos de organizações paraeclesiásticas realizada em Cambridge, Massachusettes, de 17 a 20 de abril de 1996.)

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