7.10.06

Solidão Pós-Moderna

O Século XXI é mutante. Isso não chega a ser novidade, se pensarmos que o homem sempre esteve, digamos, evoluindo. A ciência e a tecnologia estão aí, dando saltos imensos, em frentes que vão da microbiologia e seus transgênicos à busca do deslindamento da história do universo, através das lentes de poderosos telescópios.Somos mutantes, no entanto, no sentido de que nossa humanidade se perde nessas mudanças. Elas são em número e velocidade acima de nossa capacidade de absorção. Alienação passa a ser um antiácido a ser ingerido juntamente com a salada de frutas de informação que temos que deglutir todo dia.Nossa desumanização começa, por exemplo, quando abrimos mão da casa paterna para tentar a vida em uma outra cidade ou país — e nunca mais voltamos. Nossos pais ficam sem netos e nossos filhos sem avós e tios. E nossa história, nossos valores, ideais, referenciais e heróis; nosso patrimônio simbólico, enfim, se perde na distância.Longe da família e da igreja de origem, buscamos formar uma nova família. Uma família plasmada na correria da vida, na superficialidade, na sensualidade e na urgência oriunda de uma crescente carência afetiva. Tentamos reter na memória a nossa velha humanidade, mas já não nos sentimos à vontade abrindo o coração, falando do mundo interior, de sonhos, de ideais, de projetos de vida que, eventualmente, possam ser vividos a dois. "Ficamos" até onde for possível.No ambiente de trabalho, as relações são cordiais o suficiente para esconder a luta encarniçada estabelecida pela competição: somente os mais adaptados sobrevivem. Os encontros, festas, almoços e jantares de negócio são o que resta dos laços cálidos e duradouros dos companheiros da infância.Para sobreviver nesse ambiente hostil e exigente, pai e mãe precisam trabalhar. Para serem alguém, algo mais que simples "mão-de-obra", precisam de toda a energia disponível para tocar uma carreira de sucesso. Precisam vencer na vida. E essa vitória não comporta filhos. Pelo menos não do jeito antigo: filhos para serem amados em um convívio extenso e intenso. Agora eles são "curtidos" nos finais de semana em que não estejamos viajando a serviço. Durante a semana, terão uma boa educação numa creche ou numa escola de tempo integral. Desmamados cedo, eles aprendem a ser independentes.Quando o divórcio vem (a carreira pode exigir), eles passam a viver ora com o pai, ora com a mãe — e com seus meio-irmãos, oriundos do novo casamento do pai e da mãe.Não tenhamos pena desses nossos filhos. Eles se adaptarão. Sobreviverão e serão parecidos conosco. Não, serão melhores. Serão mais fortes e resistentes às distâncias, indiferenças e separações. Serão adaptados a um mundo onde não se olha para dentro, para a alma; aprenderão a ligar a televisão para não ouvir o silêncio; aprenderão a se ligar às pessoas sem chegar perto; aprenderão a confiar desconfiando e a não esperar misericórdia; aprenderão a fazer amor sem amar; aprenderão a viver no Século XXI. São mutantes.Alguns deles, um dia, numa praça, numa esquina, ouvirão dizer que "Cristo salva". E pensarão: "não estou morrendo". Outros, no entanto, compreenderão que nEle lhes é possível uma nova e antiga humanidade — a humanidade original, na qual o colo do pai, da mãe, de tios e avós lhes é restaurado no mistério da igreja; no milagre da regeneração de seu próprio interior. Salvação. Nossos filhos mutantes, perdidos e órfãos ouvirão: "assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus" (Ef 2, 19)— e crerão.
(Rubem Amorese)

29.9.06

Moribundos (sem saber)

A corrupção da cultura de nossos dias não é um problema das elites. De facto ela encontra-se entre os académicos pós-modernos na sua preocupação em derrubar todo sentido e princípio moral, assim como podemos encontrar nas gangues, roqueiros, mercadores de pornografia, nos programas e entrevistas de televisão. O mais marcante é que essa corrupção é generalizada. Não se situa neste ou naquele recanto de depravação, mas se alastra como densa neblina por toda a sociedade. É espalhada até mesmo por aquelas pessoas que são vazias, comuns, maçantes, pouco inteligentes..."Para onde quer que se olhe ", escreve Robert Bork, " as virtudes tradicionais desta cultura estão sendo perdidas, seus vícios multiplicados, seus valores depreciados - em resumo, a própria cultura está se desfazendo". Parece-me que esse diagnóstico não é somente para o povo americano. Todos nós cristãos devemos estar esclarecidos que não só a América, mas o mundo está descambando para o abismo num "declínio moral". Já ninguém tem mais vergonha de nada. As instituições perderam sua autoridade e referência porque dentro delas faz morada o mesmo vírus que habita as ruas e becos desta sociedade. O que se passa aqui no Brasil é um grande exemplo desta tragédia. Um mal que pressiona a Igreja de Cristo infiltrando-se nas frestas e brechas de suas paredes e seus corações de carne.
O vírus do individualismo penetra através de conceitos como o deste cego futuro "guia de cegos" - "A liberdade de nossos dias", declarou um orador de turma em Harvard, "é a liberdade de nos devotarmos a quaisquer valores que nos agradem, com a mera condição de não acreditarmos que sejam verdadeiros". O Jogo do Monopólio , criado com sucesso pela Parker Brothers e muito popular em minha adolescência, constitui realmente uma metáfora do Nosso Tempo. Eis aí as leis inexoráveis do mercado, que são, como observa Bellah, "absolutas mas amorais", eis aí a calosidade impiedosa e a imprevisibilidade, porque no final há apenas um sobrevivente.Não existe compaixão pelos que estão prestes a perder tudo, não há espaço para ninguém a não ser a própria pessoa. Não há remorso. É a lei do mercado - é a vida moderna.
O Imperador Amarelo, vagueando, perdeu sua pérola cor-da-noite.
Mandou a ciência procurar a pérola, mas em vão.

Mandou a análise procurá-la, em vão.
Mandou a lógica, em vão.

Depois interrogou o nada e o nada a possuía!
Disse o Imperador Amarelo:’ Estranho, deveras. O nada que não foi enviado,
Que não se esforçou por achá-la,
É que possuía a pérola cor-da-noite!’”


Chuang Tzu

25.9.06

Rodopios pós-modernos e suas conseqüências II

Hoje ouvimos afirmações epistemológicas casuais que chocariam tanto filósofos clássicos como modernistas. “Isso pode ser verdade para você”, diz alguém discutindo acerca de religião, “mas para mim não é verdade”, “cada um tem direito à sua opinião”, “dá licença”. A idéia aceita é que todas as pessoas estão enclausuradas, trancadas, cada uma em sua realidade virtual particular. Visto não existirem critérios objectivos para a verdade que se apliquem a todos, as tentativas de fazer alguém mudar e acreditar em outra coisa são interpretadas como actos opressivos de poder: “Você não tem direito de obrigar outra pessoa a acreditar naquilo que você acredita”.

A linguagem do consentimento racional é trocada pela linguagem estética. Em vez de dizer: “Eu concordo com aquilo que aquela igreja ensina”, as pessoas dizem: “Eu gosto daquela igreja”. Em lugar de dizer: “Creio em Jesus” as pessoas dizem: “Gosto de Jesus”. É claro que geralmente não “gostam” dos ensinos bíblicos sobre o pecado, o inferno e o juízo final. Não acreditam naquilo de que não gostam. A verdade dá lugar ao prazer; o intelecto é substituído pela vontade.

Quando as pessoas excluem a verdade, baseando a sua fé naquilo que apreciam e naquilo que desejam, podem crer em qualquer coisa, literalmente. É por isso que as pessoas de posses, instruídas são tão abertas aos tele-socorros de psiquismo, às consultas com bola de cristal, aos intermediários de alienígenas do espaço e aos gurus da Nova Era que parecem obviamente fraudulentos. Como alguém poderia crer em tais coisas? A resposta é claro, é que a verdade não tem nada a ver com crenças religiosas pós-modernistas. Os devotos dizem frases como: “O Maharishi é demais”. Ou, “Acho bárbaro o Budismo”. Ou, “A Cientologia realmente me ajuda a entrar em contacto com meus sentimentos”.

Os pós-modernistas têm a tendência a ser sincretistas, juntando elementos de religiões diversas ou sistemas de fé que acham simpáticos, desprezando o facto de que podem ser racionalmente incompatíveis. A mente pós-modernista costuma ser subdividida em compartimentos que pode manter duas idéias mutuamente exclusivas ao mesmo tempo. Não existem factos, somente interpretações. Por mais clara que seja a prova, ela pode ser desfeita com uma explicação, e a pessoa fica livre para aceitar qualquer interpretação que lhe seja mais agradável. Como poderá a Igreja proclamar sua mensagem quando a própria verdade é descartada como irrelevante? Qual a maneira de fazer com que os relativistas prestem atenção às verdades da Palavra de Deus?
Resenha apresentada por Daniel Marques da Silva, sobre os tempos pós-modernos do livro REFORMA HOJE de vários escritores e pastores da tradição calvinista

24.9.06

Não Desperdice Seu Câncer

PorJohn Piper,16 de Fevereiro de 2006

Estou escrevendo estas palavras na véspera da cirurgia do câncer na minha próstata. Creio no poder de Deus para curar — por meio de um milagre e da medicina. Sei que é certo e bom orar pelos dois tipos de cura. O câncer não é desperdiçado ao ser curado por Deus. Ele recebe a glória — e isto porque o câncer existe. Então, não orar pela cura pode desperdiçar seu câncer. Mas a cura não é o plano de Deus para todos. E existem muitas outras formas de desperdiçar seu câncer. Estou orando por mim e por você, para que não desperdicemos esta dor .
1. Você desperdiçará seu câncer caso não creia que isto foi planejado por DeusNão diga que Deus apenas usa nosso câncer, mas que não o planeja. O que Deus permite, ele o faz por uma razão. E está razão é sua vontade. Se Deus prevê desenvolvimentos moleculares tornando-se cancerígenos , ele pode deter isto ou não. Se não, ele tem um propósito. Por ser infinitamente sábio, é correto chamar este propósito de plano. Satanás é real e causa muitos prazeres e dores. Mas ele não é a causa última . Assim , quando ele atacou Jó com úlceras (Jó 2:7), Jó atribuiu-as a Deus (2:10), e o escritor inspirado concorda: “e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado” (Jó 42:11). Se você não crê que seu câncer lhe foi planejado por Deus, você o desperdiçará.
2. Você desperdiçará seu câncer caso creia que ele é uma maldição , e não uma bênção“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” ( Romanos 8:1). “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós ” (Gálatas 3:13). “Contra Jacó, pois, não há encantamento , nem adivinhação contra Israel” ( Números 23:23). “Porquanto o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão.” (Salmos 84:11)
3. Você desperdiçará seu câncer caso procure conforto em suas chances em vez de procurá-lo em DeusO plano de Deus em relação ao seu câncer não é treiná-lo no cálculo de chances racionalista e humano . O mundo consegue conforto em estatísticas . Os cristãos não . Alguns contam seus carros (porcentagens de sobrevivência) e outros contam seus cavalos (efeitos colaterais do tratamento), mas nós confiamos no nome do Senhor, nosso Deus (Salmos 20:7). O plano de Deus é claro em 2Coríntios 1:9: “portanto já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte , para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos”. O objetivo de Deus relativo ao seu câncer (entre várias outras coisas boas) é derrotar a autoconfiança em nosso coração para podermos descansar completamente nele.
4. Você desperdiçará seu câncer caso se recuse a pensar na morteTodos nós morreremos caso Jesus não retorne em nossos dias. Não pensar sobre como seria deixar esta vida e encontrar Deus é tolice . Eclesiastes 7:2 diz: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete ; porque naquela se vê o fim de todos os homens , e os vivos o aplicam ao seu coração”. Como você pode aplicar esta verdade a seu coração se não pensa nela? Salmos 90:12 diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios”. Contar seus dias significa pensar sobre quão poucos eles são e que terminarão. Como você conseguirá um coração sábio se você se recusa a pensar nisto? Que desperdício , caso não pensemos sobre a morte.
5. Você desperdiçará seu câncer caso pense que “vencê-lo” significa sobreviver e não aproximar-se de Cristo .Os planos de Deus e os planos de Satanás para seu câncer não são os mesmos. Satanás deseja destruir seu amor por Cristo. Deus planeja aprofundá-lo. O câncer não vencerá se você morrer, apenas se falhar em aproximar-se de Cristo. O plano de Deus é privá-lo do alimento do mundo e satisfazê-lo com a suficiência de Cristo. Isto tem o objetivo de ajudá-lo a dizer e a sentir: “tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”. E saber, portanto, que “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 3:8; 1:21).
6. Você desperdiçará seu câncer caso gaste muito tempo lendo sobre o câncer e não o suficiente a respeito de DeusNão é errado ler sobre o câncer . Ignorância não é virtude. Mas, o desejo de saber mais e mais, e a falta de zelo pelo conhecimento contínuo de Deus é sintomático no incrédulo . O objetivo do câncer é acordar-nos para a realidade de Deus, colocar sensações e força no mandamento “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6:3), acordar-nos para a verdade de Daniel 11:32 : “O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas”, tornar-nos carvalhos indestrutíveis e firmes : “antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite. Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará.” ( Salmos 1:2,3). Que desperdício lermos dia e noite sobre o câncer e nada a respeito de Deus .
7. Você desperdiçará seu câncer caso se isole em vez de aprofundar seus relacionamentos manifestando afeiçãoQuando Epafrodito trouxe os presentes enviados pela igreja de Filipos para Paulo, ele ficou doente e quase morreu. Paulo diz aos filipenses: “porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que estivera doente” (Filipenes 2:26). Que reação maravilhosa! Não diz que estavam angustiados porque Epafrodito estava doente , mas que ele estava angustiado porque os filipenses ouviram que ele estava doente. Este é o tipo de coração que Deus pretende criar com o câncer: o coração profundamente afetivo e preocupado com as pessoas . Não desperdice seu câncer voltando-se para si mesmo .
8. Você desperdiçará seu câncer caso se entristeça como quem não tem esperança .Paulo usa esta expressão para designar pessoas cujos entes queridos haviam morrido: “Não queremos, porém , irmãos , que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança” (1Tessalonicenses 4:13). Existe tristeza na morte. Mesmo para o crente que morre, há uma perda temporária — a perda do corpo, de entes queridos e do ministério terreno. Mas a tristeza é diferente — é permeada pela esperança: “desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor” (2Coríntios 5:8). Não desperdice seu câncer ficando triste como quem não tem esta esperança .
9. Você desperdiçará seu câncer caso trate o pecado tão normalmente quanto antes.Seus pecados freqüentes permanecem tão atrativos quanto antes de você ter câncer? Se a resposta for afirmativa, então você está desperdiçando seu câncer. O câncer foi planejado para destruir o apetite pelo pecado. Orgulho, ganância, luxúria, ódio, falta de perdão, impaciência, preguiça, procrastinação — todos estes são adversários que o câncer deve atacar. Não pense apenas em lutar contra o câncer. Pense também em usá-lo. Todas estas coisas são piores que o câncer. Não desperdice o poder do câncer para esmagar estes adversários. Deixe a presença da eternidade tornar os pecados temporais tão fúteis como eles realmente são. “Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo ?” (Lucas 9:25).
10. Você desperdiçará seu câncer caso falhe em utilizá-lo como meio de testemunhar a verdade e a glória de Cristo .Os cristãos nunca se encontram em determinado lugar por acidente. Existem razões para as quais somos levados onde estamos. Considere o que Jesus diz sobre circunstâncias inesperadas e dolorosas: “Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho” (Lucas 21:12-13). Assim também é com o câncer. Essa será uma oportunidade para testemunhar. Cristo é infinitamente digno. Aqui está uma oportunidade de ouro para mostrar que Jesus vale mais que a vida . Não a desperdice.Lembre-se de que você não foi deixado sozinho; terá a ajuda necessária: “Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus” (Filipenses 4:19).

In monergimoTradução: Josaías JúniorRevisão: Rogério Portella

22.9.06

Rodopios pós-modernos e suas consequências

A era moderna, com seus racionalistas e seus materialistas científicos, todos eles frutos do Iluminismo, ainda se interessavam pela verdade. Inclinados a rejeitar as reivindicações da revelação, os modernistas buscavam razões racionais ou provas históricas que sustentassem a fé religiosa. Por outras palavras eles faziam perguntas: Os eventos da Bíblia foram reais? Jesus era mesmo o Filho de Deus, e ressurgiu mesmo dos mortos, fisicamente?Hoje o modernismo, (conquanto exista em certos lugares isolados), está quase ultrapassado. As promessas da razão, a idéia de que a mente humana poderia engendrar uma sociedade perfeita, de que a ciência e o progresso tecnológico poderia resolver todos os problemas já se desfizeram em desilusão.

Os pós-modernistas tanto da classe acadêmica como da cultura popular raciocinavam que, se a razão, o empiricismo e a busca do conhecimento objectivo levavam a tanta desilusão, talvez o problema fosse a objectividade. O modernismo foi dominado pelas ciências exactas, o pós-modernismo é dominado pelas ciências sociais. As crenças são vistas como fenômenos psicológicos ou sociológicos . O modo com pensamos é configurado pela nossa cultura; há muitas culturas diferentes. Quem dirá que a interpretação da realidade de uma cultura seja melhor que a outra? Quem está em melhor sintonia com um meio ambiente? Qual o critério que nos (nós ocidentais) permite dizer que nossa verdade – com sua herança de colonialismo e destruição ecológica – seja melhor que a de África, Ásia, América? Os cientistas sociais começaram a semear a noção do relativismo cultural, inferindo que todas as reivindicações à verdade e princípios morais nada mais são que criações culturais, e que todas são igualmente válidas. Ao mesmo tempo o existencialismo estava se deslocando dos cafés e estudos de artistas para a corrente intelectual e cultural da maioria. Para o existencialismo, o sentido da vida é que ela não tem sentido. Uma vez que a pessoa perceba que não existe significado pré-fabricado no universo, torna-se possível fabricar um significado para si mesmo. Uma vida autêntica é a que não aceita as respostas pré-programadas da tradição, da razão ou da religião (eis aqui o meu amigo P.J.M.). pela a força da vontade, a pessoa pode escolher para si um sentido. Quer se escolha o Marxismo ou o Cristianismo, uma vida de crime ou de serviço, o significado é criado por um acto da vontade.

O s existencialistas originais eram almas atormentadas que lutavam contra o desespero. Os existencialistas populares de hoje acham que essa falta de sentido objectivo na vida é libertadora. Os que crêem no aborto se rotulam de indivíduos “pró-opção”. Constituem um exemplo definido da ética existencialista, não reconhecendo nenhum princípio moral que se aplique a todos os seres humanos. O que torna um acto moral é a circunstância de ter havido escolha. Se uma mulher escolhe ter um filho, isso está certo para ela. Se a mulher escolhe ter um aborto, está certo para ela. Fica excluída qualquer aplicação de absolutos morais transcendentes, bem com qualquer informação científica objectiva sobre o desenvolvimento do feto. Quer seja o assunto a justeza de várias “escolhas de estilo de vida sexual”, “o direito de morrer” ou “a ação decisória ética” como maneira de ensinar a ética na escola, a moralidade fica vista totalmente com questão de exercer a vontade, e todas as opções são consideradas igualmente válidas.(Continua)

Resenha apresentada por Daniel Marques da Silva, sobre os tempos pós-modernos do livro REFORMA HOJE de vários escritores e pastores da tradição calvinista

21.9.06

FILOSOFIA PROFUNDA :

- Errar é humano, persistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano.

-Nunca desista do sonho. Se não encontrar numa padaria, procure na próxima.

- Qualquer idiota é capaz de pintar um quadro, mas somente um gênio é capaz de vendê-lo.
- Tudo é relativo. O tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
- O mais nobre dos cachorros é o cachorro-quente: alimenta a mão que o morde.
- Se emperrar, force. Se quebrar, precisava trocar mesmo...
- Roubar idéias de uma pessoa é plágio. Roubar de várias, é pesquisa. ( ou MONOGRAFIA ......rs)
- Devo tanto que, se eu chamar alguém de meu bem ....o banco toma !
- Quando lhe atirarem uma pedra, faça dela um degrau e suba...Só depois, quando tiver uma visão plena de toda a área, pegue outra pedra, mire bem e acerteo crânio do engraçadinho que lhe atirou a primeira.
- Na vida tudo é relativo. Um fio de cabelo na cabeça é pouco; na sopa, é muito!
- À beira de um precipício só há uma maneira de andar para a frente: É dar um passo atrás.
- Eu queria morrer como o meu avô, dormindo;tranqüilo... E não gritando desesperadamente, como os quarenta passageiros do ônibus que ele dirigia!
- Diga-me com quem andas, que eu te direi se vou contigo.
- Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais, eles cavam. Não é bonito, mas é profundo.
- Errar é humano. Colocar a culpa em alguém, então, nem se fala.

O que significa ter saúde na prática?

No Novo Testamento, a busca de salvação está interligada com a busca de cura. Em sua grande comissão, Jesus enviou seus seguidores para curar, bem com para batizar e pregar as boas novas (Mc 16:18). Jesus tem sido chamado o “grande médico” desde os primeiros séculos da era cristã. Os escritores da igreja primitiva contêm instruções específicas para curar doentes (Tg 5:13ss).Existem quatro princípios chaves fundamentais teóricos e práticos que podemos desenvolver através da visão bíblica:

1) Saúde é muito mais do que ausência de doença; é a presença de bem-estar de alto nível. “ O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo10:10). Há tantos graus de bem-estar quanto os há de doença.
2) Bem-estar de alto nível implica integralidade as seis dimensões interdependentes da vida das pessoas – na dimensão física, psicológica, interpessoal,, ambiental, institucional e espiritual.
3) Os dois principais determinantes dos níveis de bem-estar ou de doença são nosso estilo de vida e o nível de estresse crônico em nossa vida.
4) As duas chaves para manter um bem-estar de alto nível são consciência e compreensão do bem-estar(que são alcançados através da educação) e auto-responsabilidade, no sentido de aceitar a responsabilidade primária por viver de formas que incrementem nosso bem-estar.

As igrejas precisam recuperar sua herança de cura e fazer com que floresça integrando-a com aconselhamento, educação em grupos.
Nós podemos ensinar as pessoas a:
- Assumir a responsabilidade primária de seu próprio bem-estar, em vez de continuar a projectar a responsabilidade sobre os profissionais da área médica.
- Fazer amizade com seus corpos, aprendendo a respeitar e cuidar desse aspecto de si mesmas amorosamente, como bons pais ou boas mães para si mesmas.
- Praticar o comer-para-o bem-estar aprendendo formas de nutrição que fomentam a saúde.
- Fazer, diversas vezes por semana, um exercício vigoroso de que se goste – caminhar, andar de bicicleta, fazer cooper, nadar - , para manter afinados, mente e corpo.
- Avaliar o estilo de vida e os valores que ele reflecte, revisa-lo para que fomente bem-estar e não doença.
- Aprender uma ou mais técnicas de relaxamento do corpo, para capacitá-las a reduzir o estresse e centrar-se em sua “zona de serenidade” por algum tempo cada dia.
- Viver de uma forma ecologicamente sadia, consciente e cuidadosa em relação ao meio ambiente, de modo a contribuir para proteger e incrementar a biosfera para si mesmas, para seus filhos e para toda a família humana.
- Experimentar regularmente a energia curativa da brincadeira e doriso(rir de si mesmas e da absurdidade da vida, e com outras pessoas).
- Revitalizar seus relacionamentos corpo-mente-espírito abrindo-se, através da oração e meditação, às energias do amor presente de Deus e renovando, assim, a consciência de que sua vida tem um sentido e uma missão.
_Compartilhar com outras pessoas (inclusive com os filhos e amigos) suas percepções e experiências de cura e bem-estar. O bem-estar é contagioso. Ela aumenta à medida que compartilhamos o bem-estar que temos em determinado momento.
- Usar imaginação criativa regularmente, para ativar as energias auto-curativas e os sistemas imunizadores do corpo, participando, assim, de sua própria recuperação da doença e da prevenção positiva da doença.
Tenham saúde e doem saúde.

17.9.06

Heróis E Celebridades

Não sei se você já notou que os heróis e vilões desapareceram. Um herói era aquele que encarnava o que as pessoas prezavam, que nos atraía ao ponto de querermos imitá-lo. Uma celebridade talvez queira também ser imitada, mas a base da emulação mudou. Uma celebridade em geral não encarna nada e costuma ser conhecida somente por ser conhecida. A fama, em nosso mundo de imagens e manipulação, pode ser manufacturada em cima de pouco ou nenhum respaldo de desempenho, mas não pode ser imitada como pode a virtude que o herói encarna. Daniel Boorstin escreve que:" O herói se distingue pelo seu feitio; a celebridade pela sua imagem ou marca. O herói se criou, a celebridade é criada pelos média. O herói era um grande homem; a celebridade é um grande nome". É a nossa cultura comercial que produz a celebridade, mas era a cultura moral que, na maioria das vezes, elevava o herói. À medida que as celebridades substituem os heróis, a imagem substitui o carácter, a cultura comercial substitui aquilo que é moral, e ficamos com um individualismo que, simplesmente, inflama-se de ilegalidade, porque o carácter moral não é seu interesse central. Para dizer a verdade, não é, em absoluto, um interesse. Ai que saudades do Superman; Homem-Aranha; Capitão-América; Flash Gordon; O Incrível Hulk; Tarzan; Buffalo Bill; e de tantos outros cavaleiros solitários do oeste americano que fizeram o nosso imaginário e em certa medida nos ajudaram a ser melhores, dependendo claro do personagem que encarnávamos: o herói ou vilão.(Adaptado)

16.9.06

Sinais dos Tempos

Provavelmente não há nenhum texto mais completo sobre o amor do que I Coríntios 13, um texto que precisa ser revisitado por nós diante daquilo que vemos todos os dias.Naquela epístola, Paulo fala de um amor que é paciente, que não se perde diante da primeira crise ou da primeira desilusão; um sentimento bondoso, não ciumento e humilde. Um amor que não se comporta de forma inconveniente, mas é altruísta, e está sempre procurando atender o interesse dos outros e não o seu próprio. É também um amor que não se ira facilmente, que não guarda rancor, que não se alegra com a injustiça mas que salta de júbilo quando a verdade triunfa. É um amor que sabe que o sofrimento sempre acompanha aquele que ama. Um amor que se sustenta sob fundamentos sólidos e verdadeiros, que não tem a pressa dos egoístas, mas que sabe esperar e possui uma enorme capacidade de suportar adversidades.
Este amor que Paulo nos descreve vem diminuindo e esfriando na medida em que cresce o egoísmo alimentado pelo individualismo da cultura narcisista, onde o que importa sou eu, meus desejos, meus interesses, meu momento, minhas necessidades, minha realização, meus projetos, o que eu penso, quero e preciso. Imagino que quando duas pessoas modernas, com este espírito individualista e narcisista, se encontram e resolvem se amar, envolvem-se num modelo de relacionamento onde, à primeira vista, tudo indica que se trata de um belíssimo e invejável romance. Contudo, diante do primeiro obstáculo, da primeira frustração, de um simples desentendimento, da dor e do sofrimento, ou do cansaço e da vontade de experimentar “novos ares”, abandonam aquele amor que foi grande apenas enquanto durou em troca de um outro que atenda as necessidades de um ego inflado, imaturo e insaciável.
É por causa da iniqüidade deste espírito individualista e narcisista que os pais vão abandonando os seus filhos porque têm coisas mais importantes a fazer, como ganhar dinheiro ou buscar o sucesso, do que cuidar deles e amá-los; alguns tornam-se indiferentes e os abandonam à própria sorte na esperança de que na escola ou na vizinhança encontrarão quem os ame e eduque. Outros há que tentam manipulá-los e controlá-los em virtude da mesma iniqüidade, da mesma falta de tempo e da mesma insegurança.
Os mais modernos já preferem não tê-los porque sabem que o amor que possuem não ultrapassa a epiderme – não são capazes de amar nada além do seu próprio ego. Por outro lado, os filhos vêm se rebelando contra seus pais, negando-lhes o respeito e a honra. São também filhos da iniqüidade do nosso tempo, do mesmo individualismo, do mesmo egoísmo.
Os jovens trocaram o amor pelo sexo para descobrirem lá na frente, depois de tantas idas e vindas e muitas “ficadas”, que são bons de cama mas frios e imaturos na arte de construir um amor que supera as fronteiras do egoísmo e que cresce na medida que o tempo passa.

15.9.06

Visões Distorcidas

"Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los" (Mt23:4).

Tenho pensado acerca da interpretação que fazemos do Texto Sagrado. Muitas vezes uma interpretação rodeada de conceitos meramente pessoais e dúbia. A coerência entre aquilo que sou e aquilo que penso pode estar bem longe da verdade do texto bíblico. Por isso, para procurarmos a verdade do texto, devemos saber em primeiro lugar lidar com os princípios de interpretação isto é, recorrer à disciplina de Hermenêutica. Além de gozar de um relacionamento correto com Deus, o princípio mais fundamental da interpretação bíblica consiste em colocar em prática o que fazemos inconscientemente todos os dias de nossa vida. A hermenêutica não é primariamente uma questão de aprender técnicas difíceis. O treino especializado tem o seu lugar, mas é, na verdade, bastante secundário. Poderíamos dizer que o que importa é aprender a "transpor" nossas rotinas interpretativas costumeiras para a nossa leitura da Bíblia. É justamente aí que começam nossos problemas. Existem histórias na Bíblia que podem nos confundir devido há nossa visão míope e "pré-conceituosa". Quando olhamos o texto de Oséias e ouvimos Deus mandar o próprio profeta tomar uma mulher prostituta e casar com ela e ter filhos, sabemos que: os caminhos de Deus e pensamentos estão bem acima de gestos morais e valores que consideramos imprescindíveis. Na verdade hoje muitos pastores têm dificuldade em aceitar a mulher prostituta e recebê-la como membro de sua comunidade. Jesus ao contrário não a condenou, disse-lhe o que ela tinha que fazer "vai e não peques mais". Esse conselho, hoje é substituído por regras e preceitos que escondem outras histórias. Tanto Oséias como a mulher prostituta e outros anónimos, carecem de amor , não de leis. O mundo que Deus amou necessita de pastores e líderes mais amorosos como também de profetas chamados por Deus. Profetas para hoje. Que no entender de Calvino nada mais são do que correctos interpretadores da Palavra de Deus.

14.9.06

Graça e Fé

Qual a (diferença) relação entre graça e fé?

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef .2:8).
Aqui temos três palavras fundamentais – a salvação a graça e a fé.

A salvação é mais do que perdão. É a libertação da morte, da escravidão e da ira de Deus. A salvação inclui a totalidade da nossa nova vida em Cristo, juntamente com quem fomos vivificados, exaltados.

A graça é a misericórdia de Deus livre e imerecida, para conosco. A graça (lat. gratia; gr. charis; heb. chen) significa a livre demonstração de um favor, especialmente da parte de alguém superior para alguém inferior. Com respeito a Deus, é aquela sua decisão espontânea, livre de qualquer coação e de forma alguma forçada por nosso mérito, de ter misericórdia das criaturas pecadoras, salvando seu povo de todos os efeitos de seus pecados através de Jesus Cristo.

A Fé é a confiança humilde com que nós a recebemos (esta graça). Temos que, tanto a graça como a fé são dons de Deus. “...e isto não vem de vós é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.”

Teologicamente, esta é a verdade. Nunca devemos pensar na salvação como sendo um tipo de transação entre Deus e nós, onde ele contribui com a graça e nós com a fé.A Bíblia afirma que nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados e que teríamos que ser vivificados para podermos crer. Santo Agostinho diz que “Deus faz que queiramos e quando o queremos. Coopera para que possamos levar o acto a efeito”. A fé é a obra da graça de Deus em nós: “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor senão pelo Espírito Santo” (I. Co 12.3).”Ninguém pode vir a mim” – disse Jesus – “se o Pai que me enviou o não o trouxer” (Jo 6.44). A graça é o primeiro e o último movimento causador da salvação. Fé, essencial como é, é somente uma parte importante do maquinismo do qual a graça se serve. A Fé ocupa a posição de um canal ou tubo condutor. A graça é a fonte e o caudal. Fé é o aqueduto ao longo do qual a corrente da misericórdia flui para refrescar os sedentos filhos dos homens (Spurgeon).

Que é a Fé? Ela é feita de três coisas: conhecimento, crença e confiança.
Conhecimento vem primeiro. “Como crerão naquele de quem não ouviram?” (Rm 10.14). Precisamos ser informados de um facto antes que possivelmente possamos acreditar nele.” A fé vem pelo ouvir” ( Rm10.17. A medida do conhecimento é essencial para a fé, daí a importância em adquirir conhecimento.
O pensamento avança para Crer que aquilo que ouvimos a respeito de Jesus Cristo das boas – novas do evangelho são verdadeiras. Basicamente eu preciso crer naquilo que ouvi como creio em qualquer outra declaração. Acreditar na Palavra de Deus, exactamente como acreditaria no depoimento de meu pai.” Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior”.(I Jo 5.9).
Tão logo tenha avançado em direção à fé, somente mais um ingrediente é necessário para completar: Confiança. Confiar é entregar-se à misericórdia de Deus. É colocar sua esperança no Evangelho amável.
Fé não é uma coisa cega, pois começa com conhecimento. Não é uma coisa especulativa, pois a fé acredita em factos que ela assegura. Não é uma coisa, teórica visionária porque a fé confia e sustenta seu destino na verdade da revelação. Fé é crer que Cristo é o que Ele diz ser e que Ele fará o que prometeu fazer. Esta é uma maneira de descrever o que é a fé.

Como pode a Fé ser ilustrada?
A fé que salva tem suas analogias nas formas humanas. O olho que olha. Fé é a mão que agarra. Fé é a boca que se alimenta em Cristo. A continuação da vida ilustra a fé de muitas maneiras. O agricultor enterra boas sementes e aguarda que não somente germinem como se multipliquem. Você não pode voltar-se para qualquer parte da vida sem observar a fé em operação entre homem e homem, ou entre homem e lei natural.

Conclusão.
A graça e a fé com já dissemos caminham juntas. A fé serve a graça como condutora da misericórdia de Deus e de Seu amor por aqueles que Ele conheceu antes dos tempos eternos. No entanto a Palavra em algum momento precisa ser pregada, ouvida e recebida, como verdade de Deus. Esta verdade deve levar o ouvinte a uma crise (arrependimento e confissão). Esta crise é tão somente provocada pela ação do Espírito Santo (o que Paulo chama de tristeza para a salvação), é Ele que convence do pecado da justiça e do juízo. É aqui que se dá esse milagre da graça e da fé. O contrito adquire uma nova mentalidade. Um coração de carne substitui o de pedra. Passa a ser uma nova criatura em Cristo, essa experiência influência seu modo de viver radicalmente. Na verdade ele estava morto e ressuscitou para uma nova vida (zoe), uma vida superior, como co-herdeiro de Cristo de todas as coisas.

12.9.06

Querer e Crer

"IAHWEH disse a Moisés: Por que clamas por mim? Dize aos filhos de Israel que marchem..." (Ex14:15).

Pouco depois de Israel ter saído do Egipto o povo apercebe-se que os exércitos de Faraó estão no seu encalce a ponto de os pegar. Diante do povo está o mar vermelho e o deserto, atrás Faraó com seus cavalos e carros de combate. Acampados, junto ao mar perto de Piairot, diante de Baal Sefon o povo teve grande medo. A palavra de Moisés ao povo busca passar tranquilidade e para que este se mantenha firme e observe o que Deus irá fazer. É Deus quem combaterá por eles, não havia o que temer.
Falar é extremamente fácil. Dizer palavras de ordem e incentivar os outros quando o problema é dos outros é igualmente fácil, desde que isso não nos afecte directamente. Mas quando estamos no mesmo barco a coisa pode mudar de figura. Podemos vacilar, podemos fraquejar, podemos deixar de ser aquele que todos achavam que nós éramos. O que chama a atenção aqui é o discurso de Moisés para o povo mostrando firmeza, coragem e esperança de que a libertação da parte de Deus era certa. Contudo, o texto nos mostra que essa confiança sofria de algumas lacunas que precisavam ser preenchidas com uma dose de clamor: " Por que clamas por mim?". Parece a coisa mais normal clamar a Deus quando nos encontramos em situações difíceis como esta. Na verdade clamamos por muito menos. Não há nada de errado em clamar, pelo contrário, mas quando confiamos verdadeiramente em Deus, agimos, não ficamos estáticos, a ação é reflexo de um clamor interior que não olha para trás. O mar na verdade é um obstáculo intransponível, assim como o deserto um lugar sem esconderijos sem hipóteses de se escapar.
Observamos que os verdadeiros inimigos não estão há nossa frente mas sempre atrás. Aquilo que vemos diante de nossos olhos são oportunidades de vermos coisas maravilhosas. Os desafios não estão nas nossas costas mas diante de nossos olhos. O inimigo sempre vem, tentando impedir a nossa marcha, ele apresenta-se sempre assustador e cruel, na verdade ele é mais forte do que nós. Mas Deus nos diz para marcharmos, caminharmos mesmo que nos pareça absurdo caminhar pelo mar e sabendo que do outro lado nada mais há do que um deserto de quarenta anos.

A Eleição Divina

A eleição ou predestinação é construída, sustentada e revelada pela Palavra de Deus. Veja por exemplo Deuteronômio 7.6-9; Atos 13.48; Romanos 8.29,30; Efésios 1.4,5; 2 Tessalonicenses 2.13; 2 Timóteo 2.10; Tito 1.2, etc. Esta eleição é "incondicional”, isto é, Deus elege independente de méritos, fé ou obras do indivíduo. E isto só é possível porque a eleição é um ato gracioso de Deus (Rm 11.5). Sendo assim, devemos compreender que a eleição divina nunca é uma questão de justiça. Portanto, erram aqueles que dizem que Deus seria injusto se escolhesse alguns e não todos para a salvação. A eleição é questão de graça.Mas ninguém poderá entender a doutrina da eleição se não compreender adequadamente a doutrina do pecado. Porque "a pressuposição do eterno decreto divino da eleição é que a raça humana é caída; a eleição envolve o plano gracioso de Deus para o resgate" (Fred H. Klooster). Você acredita realmente que todos pecaram em Adão (cf. Rm 5.12) e que ninguém é merecedor da vida eterna? (cf. Rm 3.23). Se a sua resposta for afirmativa, então esteja certo de que nunca poderá entender a eleição como sendo injustiça. Deus teria sido perfeitamente justo se não elegesse ninguém (cf. Mt 20.14,15; Rm 9.14,15); no entanto, Ele quis, soberanamente, mostrar para alguns o Seu favor imerecido. Por isso, Paulo fala da "eleição da graça" (Rm 11.5). Na verdade, tudo que recebemos de bom é pura expressão da graça de Deus para conosco, como por exemplo, o arrependimento para a vida eterna (At 11.18), a salvação em Cristo (At 15.11; Ef 2.8,9) e o serviço cristão (1 Co 15.10; Ef 2.10).O fato de Deus não salvar todo mundo só confirma a tese de que Ele não é obrigado a salvar todo mundo. Graça não é dívida; é graça!É importante esclarecer que a eleição divina não é a salvação; é para a salvação (2 Tm 2.13; 2 Tm 2.10). E entre ambas (eleição e salvação) está a evangelização, servindo de ponte para ligar duas partes inseparáveis (Rm 10.14-17; cf. At 18.9-11). Com isto aprendemos que não procede o falso conceito de que se uma pessoa é eleita, ela será salva independentemente de crer ou não em Cristo pelo evangelho. Pensar assim seria simplesmente um absurdo! Como também não procede a idéia de que esta doutrina da eleição "acomoda o crente para a evangelização". A eleição, conforme a Bíblia também ensina, é para serviço (cf. 2 Pe 1.10). "Serviço" aqui deve ser entendido no mais amplo sentido do termo: evangelização, ação social, etc; portanto, somente os desavisados acreditariam que a eleição acomoda o crente para a obra de Deus. Lendo 2 Timóteo 2.10, aprendemos que para Paulo a eleição incentivava a evangelização ("tudo suporto por causa dos eleitos", dizia) e garantia os bons resultados da evangelização ("para que também eles [como os demais crentes] obtenham a salvação que está em Cristo Jesus com eterna glória"). Não é verdade que o apóstolo que mais defendeu a doutrina da predestinação foi um dos que mais trabalhou na obra de Deus? (1 Co 15.9,10).Além da salvação e o serviço propriamente ditos, a eleição tem, ainda como finalidade, a santidade de vida (Ef 1.4). A eleição é "para sermos santos". Deste modo, também não tem coerência a objeção de que a eleição divina conduz à libertinagem. A vida que não se expressa em santidade é incompatível com a doutrina bíblica da eleição (cf. 2 Pe 1.3-11).

11.9.06

9/11

A memória do que aconteceu, as imagens gravadas, os gritos e ruídos, mostram o quão pode ser doloroso a realidade - sim, o dia a dia daqueles que se acham seguros em suas conquistas e seus lugares altos. Não existe acaso, não existe nada sem rumo, existem apenas trilhos, estreitos ou largos que nos levam para longe ou para perto de Deus.

O que aconteceu jamais foi uma tragédia ou um descuido. Foi apenas um toque de Deus, um leve toque na canela do Homem. A vida continua sem esperança para multidões, apesar dos discursos bem elaborados e positivos. Até quando viveremos...

10.9.06

Pastoral

A experiência de perdão e reconciliação é das mais sublimes pelas quais um ser humano pode passar. Há algo de sagrado no acto de perdoar. Nunca o homem é tão parecido com Deus quanto na hora em que perdoa. Esse acto abençoa famílias, restaura casamentos e reaproxima amigos. Ele tem o poder de evitar guerras. Ao perdoar, abençoamos nosso próximo e somos, ao mesmo tempo, abençoados. O perdão é um remédio eficaz para todos os males da alma: depressão, complexo de inferioridade, medo, rejeição e assim por diante.
Contudo perdoar pode ser algo extremamente difícil. Quando nos colocamos diante da perspectiva de desculpar uma ofensa, nosso interior se agita de revolta. Por isso, há um número incontável de indivíduos que vivem tristes, escravizados e doentes. Se quisermos desfrutar dos benefícios do perdão, teremos de ser corajosos . Talvez necessitemos travar uma luta que nos leve às lágrimas, como no caso de Bruno e seu pai.
A Bíblia nos ensina que o perdão faz parte do viver dos filhos de Deus. O perdão é um sinal inequívoco dos salvos. Se afirmamos nossa salvação, baseados no amor de Deus, certamente deduzimos que não foi pela nossa justiça, éramos indignos, Cristo nos justificou. Todas as nossas certezas estão Nele que nos adotou e nos tornou seu herdeiro juntamente com Jesus Cristo seu Filho Unigénito.( Rm5:1-11; 2.Co2:5-11). Que Deus possa mexer connosco a este respeito.

8.9.06

Aceita-me

Tenho observado que uma das coisas mais difíceis para nós é aceitarmos as pessoas como elas são. O gajo é do porto e ninguém entende porquê (forçaTiagão), um outro é do P.S para grande indignação de uma parte de seus conhecidos e amigos, um outro tem idéias mais conservadoras e defende uma política de centro direita. Tem gente do benfica, sporting e do porto que participam das mesmas rodas brigando por pagar a conta (uma questão de honra para uns a pior coisa para outros). Enfim, até aqui tudo bem. Mas quando as diferenças passam dessas coisas secundárias, subjectivas, para algo mais profundo, afectivo, como um amigo que contraiu sida (aids), alguém de pele escura, pobre, cheirando a cigarro ou álcool que se senta ao nosso lado ou um antigo colega de escola que tinha uns jeitos efeminados e que passados alguns anos o encontramos e nos abraça no meio da rua. Estas coisas podem nos pertubar ao ponto de nos constranger dependendo da situação.
Hoje somos mais cautelosos em relação a novas amizades, na verdade muitas de nossas amizades são interesseiras. Fazemos amizades buscando algum retorno alguma vantagem. Não é comum fazermos amizades com pessoas pobres e problemáticas, essas pouco ou nada têm para nos oferecer. Quando conhecemos outra pessoa queremos saber em primeiro lugar o que ela faz e, se a profissão não for compatível com o nosso padrão, simplesmente a descartamos.
Aceitar o outro é mais do que simplesmente dar esmola ou compreender o seu drama. Aceitar o outro é fazê-lo participante da minha roda de amigos. É convidá-lo a ser meu hóspede. Na Bíblia e para o judeu, a hospitalidade assume importância vital para a construção de famílias e comunidades sadias. Hoje perdemos muito, por que não sabemos mais conversar de modo aceitar as diferenças como forma de crescimento mútuo ao nível do raciocínio e identificação colectiva. Somos na maioria das vezes alienígenas usando roupa da mesma marca.
Creio que um grande desafio é procurarmos ser autênticos, pacientes e esperançosos em relação aos outros, no que diz respeito às suas idéias e posições. Nem todos podem ser do benfica, pois pode ser afinal uma questão de cor. Nem todos podem ser do P.S, pois o símbolo é meio suspeito, nem todos podem ser do porto, pois "dragão" pode sugerir coisa de capeta e, nem todos vão com as idéias do C.D.S, por que isso deve ter alguma coisa a ver com xenofobia, racismo, Hitler, essas coisas... Porém, podemos ser mais humanos e esforçados para aceitar e ver os outros do jeito que Deus vê - perdidos que precisam ser achados.

7.9.06

Há esperança

Alguém chamou os nossos tempos de "A Era da Aspirina". Se dissermos que nunca houve uma geração tão oprimida pelo stress, certamente não estamos afirmando nenhum absurdo. Para muitos de nós, já vão longe os dias de diversão, em que você podia brincar sem pensar em ser atropelado por um carro ou uma moto. Hoje já ninguém tem mais tempo para almoçar demoradamente em conversa agradável saboreando um bom prato. Vivemos hoje de refeições rápidas e de confecção instantâneas, ao lado de pessoas irritadas, às vezes colegas de trabalho, esposa ou esposo, relacionamentos tensos, pouco sono e muita televisão. Acrescente-se a isso os problemas financeiros, problemas na escola, cartas não respondidas, obesidade, solidão, gravidez não planejada, drogas, alcoolismo e, ocasionalmente, uma morte. Existe um velho ditado grego que diz: " Você quebrará o arco se o mantiver retesado". Por outro lado, a ansiedade, angústia e desânimo são marcas cada vez mais presentes. E quando sentimos silêncio no céu isso nos desconcerta, ficamos à deriva, sem respostas, sem paz, sem palavras de conforto, somente a solidão que nos massacra a cada dia. Oramos e oramos e nada. E essa é a pergunta: o que acontece quando Deus não fala? Stress e ansiedade podem acabar com qualquer um, porém pode ser o início de grandes realizações e novas oportunidades. Precisamos parar e fazer perguntas, a respeito daquilo que é realmente importante. Precisamos saber também, que apesar do silêncio dos céus, pode bem ser a preparação para grandes coisas.

Que seca

Uma das coisas mais supreendentes no contexto evangélico é a facilidade com que se finge. A arte de representar é um dos dons mais evidentes entre os cristãos dentro e fora da Igreja. As pessoas fingem que amam, que perdoam, que esquecem, que são amigos, que oram, que cantam, que ouvem, que estão alegres, que está tudo bem. Será que eu estou exagerando? Por que esta superficialidade? Só encontro uma resposta hoje: Estamos doentes. Os sintomas são esses citados acima. O pior é que neste mundo de espectáculos diversos, acabamos por enfadar os céus e as hostes espirituais. Nada de novo debaixo do sol, nada de novo nas palavras, nada de novo nos pensamentos, tudo é vaidade e correr atrás do vento. Vivemos no meio de uma cambada de ótarios preguiçosos que almeja algo maior na distração desta época, procurando vantagem e reconhecimento. Fomos ensinados a guardar tanta coisa, mas não o coração. E o que é que temos? Pessoas levando pedradas e comendo o pó da indiferença. O Senhor Jesus bem dizia que quando Ele voltasse não iria encontrar fé na terra. Espero que eu não esteja aqui nessa altura, pois hoje ainda me resta a esperança de que há um lugar incomparavelmente melhor do que este. E eu quero ir para lá.

7 de Setembro

Por que os brasileiros gostam de contar piadas dos portugueses? Por que nós portugueses contamos piadas dos brasileiros? Será que isso tem a ver com a Independência?

5.9.06

Olhando para Nós curando os Outros

Nossas igrejas estão repletas de "experts" da vida alheia, porém são poucos os que sabem da sua própria vida. É muito comum encontrarmos "profecias" sobre a vida dos outros, mas são poucos os profetas que olham e conhecem o seu próprio coração. "Os moralistas mais intolerantes e implacáveis no seu julgamento e condenação para com o próximo geralmente carregam alguma tara ou desvio moral inconfessado". Não gostamos de nos confrontar com o nosso pecado, então fazemo-lo com os outros. O apóstolo Tiago escreve:"Confessai , pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos os outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo"(Tg5:16). Eis a solução para os doentes de nossa igreja. No entanto, falta coragem para por em prática esse tipo de intimidade uns com outros, a não confiança no nosso irmão tem nos levado a sofrer sozinhos, a perder a possibilidade de cura, para tantos males (físicos e espirituais) que nos têm assolado.

31.8.06

Assim fica difícil

Falar de nós não é nada fácil. Sempre que falamos acerca de nós mesmos, corremos o risco de dizer coisas demais ou de menos. Mas reconheço que é necessário fazermos esse exame de avaliação, introspecção em silêncio, que nos permite corrigir erros e percepções equivocadas a respeito de jeitos e maneiras de estar e de ser.
Quando abrimos o coração para os outros e num momento inédito conseguimos ser honestos e sinceros, corremos o risco de passar por inconstantes, emocionalmente pertubados. O dilema é que nos dias de hoje poucos querem ouvir falar de crises e problemas graves dos outros. Antes, preferimos pessoas positivas, que sempre aparentam estar bem com tudo e com todos. Às vezes disfarçam muito mal. Mas como não queremos nos envolver, pois problemas bastam os nossos, perdemos a oportunidade de ser alguma coisa- menos superficial, menos inútil, menos bajulador.
Não entendo a maioria das pessoas que se dizem "actualizadas", falam de tudo, menos de suas fraquezas, de suas mentiras, de suas ilusões, de suas tristezas e desilusões, de suas conquistas e alegrias. O mundo os moldou. São pessoas blindadas, cercadas de muros eletrificados, com sistemas de segurança que não permitem a entrada nem de amigos, nem desconhecidos. Afinal, dizem: ninguém tem nada a ver com a minha vida.

29.8.06

Vácuo e Sentido

Em nossa sociedade, muitas pessoas sofrem de falta de entusiasmo e de qualquer sentido dinâmico ou propósito em suas vidas. Durante alguns anos, eu próprio, tenho lutado contra esse "mal" terrível, que nos prosta e nos leva por carreiros perigosos em busca de significado, alívio e distração. Não foram poucos os momentos em que senti a sensação de desvalor pelas coisas e a incapacidade de despertar para um expectante e excitante novo dia. Essa depressão existencial crônica provêm daquilo que Viktor Frankl descreve como um "vácuo de valores", uma frustação da "vontade de sentido" básica. A tese básica de Frankl é de que "a vida é transformada quando se descobre uma missão que vale a pena cumprir".
É neste contexto de descoberta que podemos enxergar finalmente a nossa vocação. Martinho Lutero dizia que:"Todo o crente tem uma vocação na vida porque tem uma posição e, nesta posição, ele encontra sempre oportunidade de servir". Isto serve para todas as empreitadas e caminhos que tomemos em nossas vidas. A realização completa em uma dimensão vocacional é descrita pelas palavras do apóstolo Paulo:"Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, recto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda"(2Tm4;7-8). Paulo neste mundo moderno seria considerado um fanático, um doente; pois declara que todos tinham se afastado dele, inclusive alguns de seus colaboradores "Na minha primeira defesa ninguém foi a meu favor...". Terminou a sua missão sem nada, isto é vazio daquelas coisas que o homem corre atrás e, sem a companhia daqueles que nos prendem com sua amizade, interesse e amor. "Mas o senhor me assistiu e me revestiu de forças...O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém."(v.16-18)
A falência e acúmulo de sentido juntam-se nesta vida e não mais se separam. A vitória e conforto só Jesus Cristo pode dar. Somente nele encontramos significado em nossas missões e corridas. Somente conscientes de uma missão, que precisa ser levada a cabo por nós, nos torna capazes de viver neste mundo desumano, ainda assim o nosso mundo, que serve de passagem para nossa Pátria Celestial Eterna, livre da aridez e das poeiras dos desertos, pois o rio que corre em nossa Cidade nos saciará para sempre.

27.8.06

Amizade por nada

Rubem Alves, um escritor cristão que conta umas histórias que poucos querem ouvir, disse que:"Os verdadeiros amigos são aqueles que mesmo em silêncio, sentem prazer quando estão juntos". Confesso que é dos temas que me dá mais gozo de pregar ou escrever. Infelizmente, noto que, cada vez é mais difícil conquistarmos novas amizades e até preservarmos aquelas que ainda temos. Nossa sociedade utilitarista dificulta as amizades. Ela nos convida a nos tornarmos(no dizer de Ricardo Barbosa) "prostitutos relacionais", fazemos amigos afim de... Usamos a amizade como fonte relacional - evangelismo por amizade. O problema é o que dizer se o "amigo" não se converte. Na verdade não fazemos uma amizade em troca de nada. O psiquiatra R. D. Laing expressou: "Estamos nos destruindo a nós mesmos de forma eficaz por meio de uma violência que se mascara de amor..., não admira que o homem moderno seja viciado em pessoas; e quanto mais viciado fica, menos satisfeito fica, e mais solitário fica". A conclusão mais importante desta patologia é que os relacionamentos humanos existem somente para servir-nos. Ora,Jesus galgou de uma relação de serviço para uma relação de amizade, (Cf. Jo15.15). Sejamos amigos verdadeiros a troco de nada.

24.8.06

Ele(Jesus Cristo) levou as nossas enfermidades

Este é um tema sempre actual, seja lá em que época estejamos. Existem pequenas enfermidades e grandes enfermidades. Existem as letais, rápidas ou demoradas e também as passageiras que somente deixam pequenas cicatrizes ou não. Uma coisa nós sabemos que elas vêem de um jeito ou de outro.
Na minha igreja existem algumas pessoas doentes. As respostas que essas pessoas procuram são legítimas e concretas. Elas buscam a cura, ou melhor, elas sabem que Deus as pode curar. Mas nem sempre essa fé as satisfaz. Pode ser que Deus não as queira curar. E essa pode bem ser a resposta de Deus. João D,Ávila tinha uma doença incurável, só um milagre o podia salvar da morte, ele orou e orou e nada. A resposta que ele esperava não vinha nem iria vir. Então ele orou de maneira diferente: "Senhor eu oro para que tu me concedas ver os tesouros escondidos na minha enfermidade, as riquezas dos sofrimentos dos quais o mundo só pensa em fugir".
A enfermidade é um grande desafio. A tranqüilidade da vida pode ser interrompida quando uma pessoa adoece. Costumamos dizer: "Com saúde, tudo vai bem". Se estamos bem, temos condições de enfrentar os desafios e superá-los com a graça de Deus. Entretanto, e quando o desafio é exactamente a falta de saúde? A doença gera uma série de sentimentos e reações, que pode ir, desde a ansiedade e solidão ao isolamento. A raiva, mágoa e desconfiança podem se instalar dentro de nós a tal ponto de virarmos num repente um "bicho a evitar".
Martin Heideggeer observa que, o conhecimento que temos da própria morte é a musica de fundo que toca francamente à distância durante a nossa vida. "Talvez às vezes consigamos fazê-la emudecer, mas há outras ocasiões em que ela aumenta em intensidade e ritmo, de modo que não podemos deixar de estar conscientes dela". Paul Tillich realça que a ameaça de não-ser, que produz ansiedade existencial, possui três formas: a ameaça de destino e morte, de vazio e perda de sentido, de culpa e condenação. Essa ansiedade permeia todo o nosso ser. Ela faz parte de nossa “herança de finitude", a sombra negra que toca todas as outras ansiedades e lhes confere seu poder.
Pensar nas possibilidades de Deus é entrar num túnel sem fim, luminoso e cansativo. Simplesmente não o podemos alcançar. Buscando alternativas para esse drama nos assustamos porque não existe alternativa. Resta-nos esperar como o profeta Habacuque e dizer: “Por-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza, e vigiarei para ver o que Deus me dirá, e que resposta eu terei à minha queixa”.
Quando somos atingidos por uma enfermidade, devemos investigar, com oração e sabedoria, qual a causa. Não devemos esquecer, nesse processo, de consultar os médicos e de buscar conselho com os irmãos ou amigos mais experientes. Esse é o procedimento normal. Contudo pode acontecer de, em certos casos, não conseguirmos encontrar o motivo de uma doença, (Cf Sl 37:4-5). Jesus nos responde: "O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois" (Jo 13:7). Resta-nos a difícil e ousada decisão de confiar no Senhor.

23.8.06

Supreendido com um velho amigo

Achar o Paulo José Miranda em São Paulo através da net foi uma agradável surpresa. Da minha casa (Estado do Rio de janeiro) até ao centro dessa grande cidade, que é São Paulo, são mais ou menos 300 km. Já não vejo o Paulo à uns 15 anos talvez. Isto porque nossos caminhos naquele tempo tomaram rumos totalmente opostos. O Paulo é escritor e poeta com nome. Fiquei supreendido com a sua bibliografia, prémios e suas viagens pelo o mundo. Fiquei animado para visitá-lo em breve. Temos muita coisa para conversar.Ele é formado em filosofia, pensador e escritor de grande futuro.Pode ser que dê um bom papo. Pode ser que recordemos algumas aventuras de adolescentes em Paio Pires como vizinhos e grandes amigos. Aparentemente estamos em caminhos diferentes( questões da fé), exactamente como à 15 anos atrás. Quem sabe se esses caminhos da reflexão e descoberta se encontram de novo, mesmo que virtualmente.
Paulo José Miranda é poeta, escritor e dramaturgo. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Lisboa. É membro do Pen Club desde 1998. Publicou três livros de poesia, quatro novelas e uma peça de teatro. O seu primeiro livro de poesia venceu o Prémio Teixeira de Pascoaes em 1997 e a sua segunda novela venceu o primeiro Prémio José Saramago em 1999. Recebeu uma bolsa de criação literária do Ministério da Cultura para escrever a sua terceira novela e uma outra da Fundação do Oriente para viver três meses em Macau e escrever a sua quarta novela. O seu último trabalho é America: um texto àcerca da América em 99 pontos (tem mais dois livros a serem publicados).

Fugindo da Rotina

Certa vez um ganso selvagem foi morar com alguns gansos domesticados. E resolveu libertá-los de suas vidas medíocres. O ganso selvagem morou com os gansos domesticados durante um ano, e ficou apreciando muito a alimentação saudável, o abrigo confortável e a vida fácil. A cada ano, quando os gansos selvagens passavam voando lá em cima, o ganso selvagem batia as asas, preparava-se para juntar-se a eles, mas acabava ficando mesmo na fazenda. Dez anos passaram-se. O ganso tornou-se um ganso domesticado, e se esqueceu como um ganso voava. (Soren Kierkegaard)
A vida para muitos limita-se a seguir um programa ou um padrão. A idéia de ter que mudar e recomeçar é extremamente assustadora. Acostumaram-se a certos gestos a certos horários e certos rostos, sentem-se realizados e de alguma maneira felizes com o que têm e o que são. A rotina do dia a dia chega-lhes como resposta positiva a suas inseguranças. Não arriscam "grandes saltos", preferem saltos pequenos, repetitivos, mas seguros.
Hoje sou confrontado com as rotinas que criamos e nos habituamos. Rotinas que controlam o nosso tempo de forma implacável ao ponto de perdemos a liberdade de sermos o que somos, liberdade de sermos mais acessíveis, mais comunitários e menos "eu". É verdade que precisamos de "rotinas", como disciplina e métodos na vida, no entanto se perdemos a nossa identidade e história deixamos de ser referência para nós mesmos e os outros. O mais certo é ficarmos doentes e pobres em todos os sentidos.
Precisamos descobrir a alegria do trabalho. William Tyndale disse que: "Para agradar a Deus, não há trabalho que seja melhor que o outro: verter água, lavar pratos, consertar sapatos, ser um apóstolo, todas essas coisas são iguais, no tocante aos actos, no que toca a agradar a Deus". É um tremendo desafio este. Estou nessa.

22.8.06

Para pensar

Deus não nos criou para a felicidade, mas para amar e sermos amados.

C.S.Lewis

Cá vamos indo

A corrupção da cultura de nossos dias não é um problema das elites. De facto ela encontra-se entre os académicos pós-modernos na sua preocupação em derrubar todo sentido e princípio moral, assim como podemos encontrar nas gangues, roqueiros, mercadores de pornografia, nos programas e entrevistas de televisão. O mais marcante é que essa corrupção é generalizada. Não se situa neste ou naquele recanto de depravação, mas se alastra como densa neblina por toda a sociedade. É espalhada até mesmo por aquelas pessoas que são vazias, comuns, maçantes, pouco inteligentes..."Para onde quer que se olhe ", escreve Robert Bork, " as virtudes tradicionais desta cultura estão sendo perdidas, seus vícios multiplicados, seus valores depreciados - em resumo, a própria cultura está se desfazendo". Parece-me que esse diagnóstico não é somente para o povo americano. Todos nós cristãos devemos estar esclarecidos que não só a América, mas o mundo está descambando para o abismo num "declínio moral". Já ninguém tem mais vergonha de nada. As instituições perderam sua autoridade e referência porque dentro delas faz morada o mesmo vírus que habita as ruas e becos desta sociedade. Um mal que pressiona a Igreja de Cristo infiltrando-se nas frestas e brechas de suas paredes e seus corações de carne.O vírus do individualismo penetra através de conceitos como o deste cego futuro "guia de cegos" - "A liberdade de nossos dias", declarou um orador de turma em Harvard, "é a liberdade de nos devotarmos a quaisquer valores que nos agradem, com a mera condição de não acreditarmos que sejam verdadeiros". O Jogo do Monopólio , criado com sucesso pela Parker Brothers e muito popular em minha adolescência, constitui realmente uma metáfora do Nosso Tempo. Eis aí as leis inexoráveis do mercado, que são, como observa Bellah, "absolutas mas amorais", eis aí a calosidade impiedosa e a imprevisibilidade, porque no final há apenas um sobrevivente.Não existe compaixão pelos que estão prestes a perder tudo, não há espaço para ninguém a não ser a própria pessoa. Não há remorso. É a lei do mercado - é a vida moderna.

21.8.06

Oi


Está na hora de olharmos a vida como ela é... De clamarmos a Deus ainda que Ele pareça longe. Precisamos de libertação. Somos reféns de nós mesmos e dos outros. Vivemos enclausurados, acorrentados a coisas banais. É certo que não somos os personagens principais, nem sequer representamos bem, somos figurantes procurando nos dar bem nesta Terra decadente e atraente. A nossa vida é isso mesmo. Tentativas de conseguirmos estabilidade, créditos da sociedade. A opressão e frustação são sinais evidentes de nossa vacuidade. Somos por assim dizer frutos de uma época, de uma genética inculta, simples, sofredora. Não temos a experência de dividir uma sardinha por três, de andar descalço, de surras intermináveis e outros jeitos de ser e de ter. Todavia, conhecemos adversidade, que no dizer de Normam Vincent Peale,"... ou engrandece a pessoa, ou a diminui; nunca a deixa do mesmo tamanho". Dizem que quando se chega aos quarenta ficamos mais sensíveis e mais ternos. Talvez seja verdade. Mais cautelosos, mais determinados, assim esperamos.

O QUE É A VERDADE?

Vivemos uma época em que a cultura no geral afirmou um compromisso com a antiverdade. O mundo moderno faz guerra à própria noção da verdade. A visão científica de mundo do naturalismo suplantou a noção do Criador e criação. O surgimento de filosofias críticas atacou a revelação e a inspiração. A ascendência do humanismo varreu para longe as idéias de pecado e limitações. A arrogância humanista da época afastou a providência e o governo divino. A imergência do eu imperial levou à rejeição de todo o temor do juízo e da ira divina. O assalto da modernidade contra a verdade fez o seu estrago - não que a modernidade tenha enfraquecido a verdade, porque a verdade é inviolável. Mas esse assalto e consequente prejuízo pode ser medido na secularização crescente da cultura e das igrejas, no testemunho contemporizado de muitos crentes, nas mensagens acomodadas pregadas em muitos púlpitos e na confusão mortífera da época. Como podemos lutar pela verdade muma Era de antiverdade? Primeiro, precisamos admitir que muito do que enxergamos é uma espécie de verdade distorcida. Os filósofos gregos começaram por buscar a verdade ou o verdadeiro, diante da falsidade, da ilusão, da aparência, etc. No entanto, a verdade das coisas não é, então, a sua realidade am face da sua aparência, mas a sua fidelidade em face da sua infidelidade. Para o hebreu, verdadeiro é, pois, o que é fiel, o que cumpre ou cumprirá a sua promessa, e por isso Deus é o único verdadeiro, porque é o único realmente fiel. Agostinho diz haver uma fonte para todas as verdades: essa fonte é Deus ou a "Verdade". Mas como compreender? Ou na linguagem filosófica capturar essa verdade, que é realmente a "Verdade"? Uns dirão que é a inteligência que a capta, outros a intuição, outros, por fim, que é captada através das sensações. A Bíblia diz que o homem vive em escuridão "Apalpamos as paredes como cegos, como os que não têm olhos, andamos apalpando. Tropeçamos ao meio-dia como nas trevas e nos lugares escuros somos como mortos" (Is 59:10).
A religião secularizada sem coração não passa de uma instituição de condutores cegos de cegos (Mt 15:14). A falsidade e a heresia mostram o evangelho sendo usado como fonte de lucro e vantagens - um evangelho pesado e terrorista "Atam fardos pesados [e díficeis de carregar] e os pôem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los" (Mt 23:4). Paulo fala de sentidos "embotados", "obscurecidos" (2Co 3:14).
A verdade que o mundo não quer ver, tem um presente anestesiado pelas emoções passageiras. Em alguns corações existe "bem estar" ilusório, inconstante, medo de conhecer a verdade, por outro lado, em alguns corações existe o descaso a "vulgarização do poder de Deus" (Ec 5:2). A filosofia deste mundo vem travando uma batalha contra Deus, procurando pôr em dúvida a "Verdade", conforme Pilatos o fez. A verdade não é deste reino terreno. A verdade vem de longe de lugares longínquos, inacessíveis " Nem os olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1Co 2:9).

19.8.06

O Protestante


As pessoas mudam com o passar dos tempos. Esta é uma máxima simples de guardar. Lembro quando me chamavam de"protestante" de forma pejorativa, na ida para a Escola Dominical, nas brincadeiras de rua e na escola. Às vezes até era corrido à pedrada, pois eu assumia essa alcunha como sendo de alguma maneira algo ofensivo, vergonhoso, então revidava. Algumas vezes era discriminado na avaliação dos professores, lembro muito bem quando frequentava a segunda classe em que fui alvo dessa separação. Com o passar dos anos essa fase passou e apesar de continuar a ser conhecido como "o protestante" para alguns e "o filho do padre" para outros, recordo que houve um período em que eu fazia sempre questão de me identificar como protestante. Não sei ao certo porque o fazia. O que eu quero realçar aqui é a perda de identidade das pessoas em geral o anonimato em que vivem. Hoje os vínculos são cada vez mais raros mesmo aqueles que aparentemente nos aborrecem, as pessoas já não são conhecidas pelo o nome de família ou pela função que exercem mas por aquilo que têm. Pela casa, pelo carro ou pela roupa que vestem e penteado de última geração. Perdemos a história de nós mesmos pois deixámos de fazer perguntas aos nossos avós e pais. A família, outrora entendida, abrangendo tios e primos, cunhados e etc, deu origem a famílias cheias de coisas menos de relacionamentos significativos e oportunidades de crescimento mútuo. A Bíblia nos aconselha a"remir o tempo" o que significa aproveitar as oportunidades que Deus nos dá.

17.8.06

Férias pastorais?

Dizem que os pastores têm direito a férias como toda a gente. Mas se perguntarmos a alguém que nós conhecemos e nos relacionamos é bem provável que essa ou essas pessoas digam - férias? Mas esses parasitas estão de férias todo ano!
Estou tentando gozar uns quinze dias longe dos compromissos eclesiásticos e da rotina doméstica. No entanto, pergunto-me se pastor ir de férias é bem visto pelos membros em geral e o que Deus pensa disto tudo.
Não importa se você trabalhou e se desgastou nas diversas batalhas internas e externas e se ficou devendo atenção à sua família ou deixou de cuidar de sua saúde. O que fica na verdade é uma sensação estranha de que as férias precisam terminar o mais rápido possivel.
Existem férias e férias. Eu não tenho que me queixar. Estou em Mambucaba (Angra dos Reis) em casa da minha cunhada. A praia é a um passo. E que praia. Mas quero voltar para a minha igreja.

28.7.06

Pela manhã

Recordações e detalhes que fizeram parte da minha vida, trazem-me à memória rostos e palavras esquecidas, que pela ausência e de significado, tendem a desaparecer do arquivo de minha mente. Deixamos de contar a história de nós mesmos porque não há ouvidos e pedidos interessados. Por outro lado lado, cada um de nós se distancia cada vez mais uns dos outros. Resta-nos repetir em silêncio a narrativa de nós mesmos e de outros que nos ajudaram e de outros que tentaram-nos impedir de chegar aqui. Entendo que não é possível andar para trás e não importa em que ponto nos encontramos. A realidade nem sempre é clara nesta caminhada em direção ao desconhecido, porém, pela graça de Deus podemos ter um vislumbre de um futuro incomparável.

17.6.06

Copa 2006

Estamos na Copa do Mundo de Futebol. As paixões nacionalistas com seus orgulhos feridos, por várias razões, reacendem-se trazendo de volta a auto-estima e sentimentos escondidos. A Copa nos afeta – essa é uma realidade. No final a alegria de uns é a tristeza de outros, a ilusão dá lugar à desilusão.
Às vezes penso na motivação dos crentes e seus ideais. Naquilo que realmente importa e que jamais nos frustra: nos caminhos que percorremos em direção ao alvo, Jesus, consumador de nossa fé. O nosso Senhor Jesus Cristo nos convoca a representarmos a pátria celestial, a vestir a camisa a içar a bandeira. A tática é usar de misericórdia sempre; de bondade e humildade sempre; disposição de perdoar e suportar as faltas que sofremos sempre. Este é um desafio enorme, o jogo de nossas vidas. Precisamos ser vitoriosos e para isso temos que adquirir uma mentalidade superior, isto é, cultivar as virtudes espirituais através de cânticos, orações, meditação na Palavra, e também em conversas informais. Esta copa é nossa. Amém.

6.5.06

Ele levou as nossas enfermidades

Este é um tema sempre actual, seja lá em que época estejamos. Existem pequenas enfermidades e grandes enfermidades. Existem as letais, rápidas ou demoradas e também as passageiras, que somente deixam pequenas cicatrizes ou não. Uma coisa nós sabemos que elas vêem de um jeito ou de outro.
Martin Heidegge observa que, o conhecimento que temos da própria morte é a musica de fundo que toca francamente à distância durante a nossa vida. "Talvez às vezes consigamos fazê-la emudecer, mas há outras ocasiôes em que ela aumenta em intensidade e ritmo, de modo que não podemos deixar de estar conscientes dela". Paul Tillich realça que a ameaça de não-ser, que produz ansiedade existencial, possui três formas: a ameaça de destino e morte, de vazio e perda de sentido, de culpa e condenação. Essa ansiedade permeia todo o nosso ser. Ela faz parte de nossa "herança de finitude", a sombra negra que toca todas as outras ansiedades e lhes confere seu poder".
Na minha igreja existem algumas pessoas doentes. As respostas que essas pessoas procuram são legítimas e concretas. Elas buscam a cura, ou melhor, elas sabem que Deus as pode curar. Mas nem sempre essa fé as satisfaz. Pode ser que Deus não as queira curar. E essa pode bem ser a resposta de Deus. João D,Ávila tinha uma doença incurável, só um milagre o podia salvar da morte, ele orou e orou e nada. A resposta que ele esperava não vinha nem iria vir. Então ele orou de maneira diferente:"Senhor eu oro para que tu me concedas ver os tesouros escondidos na minha enfermidade, as riquezas dos meus sofrimentos dos quais o mundo só pensa em fugir".
"A minha graça te basta", é uma resposta alternativa ao milagre à cura. Que resposta nós desejamos? Que solo desejamos continuar pisando, o da terra ou o do céu? Qual é a nossa realidade? A de peregrinos, forasteiros em terra estranha, ou a de conformados com este século?

22.4.06

21 de Abril

Como já faz parte da tradição de nossa igreja , estivemos em Pedra de Guaratiba para participar da festa do Abrigo Evangélico. No programa da festa o tradicional torneio de futabol, desta vez com vinte igrejas representadas. Nós de Passa Três levámos nossa equipe e ficámos com o inédito terceiro lugar. Ainda tivemos que defrontar nas semi-finais a IEC de Bento Ribeiro que tinha no seu elenco o Jorginho (aquele) tetra campeão mundial e o Ailton (ex.fluminense e Benfica). Fica a nota aqui de que fui relegado para o banco. E isso diz-me que o tempo não só se vê no espelho mas também nas avaliações daqueles que nos rodeiam.

25.3.06

APELO

Quem sabe se consigo sensibilizar algum amigo ou familiar com este pedido urgente. Uma camisola da nossa seleção portuguesa para mim e outra para a Sofia.Precisamos torcer juntos e a Sofia já disse que está comigo. Deixem um comentário ou mandem um e-mail.

18.3.06

Seio da JJ e a Fuga de Deus

Colaboração de Samuel Nunes

A reacção extremada e fundamentalista, à visão do seio de Janet Jackson (e que seio!), fizeram-me pensar na expressão de João Calvino: “coram Deo” (Institutas I:1.2). A frase completa é “cor et res coram Deo” e significa literalmente, “coração e objecto perante Deus”. Os pensadores mais Calvinistas têm usado esta ideia para referir que todos os objectos do mundo visível, assim como o sujeito dessa visão precisam de ser vistos em relação a Deus. Aqui não vou contra o pré-suposicionalismo. Ou seja, toda a epistemologia cristã afirma a priori que toda a acção humana deriva significado do acto criador inicial do Deus Eterno (L’Eternel, dizem os Franceses). Não há factos desprovidos de significado, nenhum intérprete é autónomo, e todo o conhecimento é ético-relacional (daí estarem condenados ao vazio existencial, os ateus). Nesta linha de pensamento, já Cristo dizia que debater certas questões com os incrédulos, era “atirar pérolas a porcos” (Mateus 7:6). Porquê? As razões são quatro:
1 – Para o cristão a realidade divide-se entre o Deus independente e o universo criado, metafisicamente distinto d’Ele, mas ao mesmo tempo eticamente responsável para com Deus. Se os factos do universo são reais é porque Deus os fez assim, se são racionais é porque Deus os interpretou primeiro. Assim, a ligação directa para o conhecimento vem pela revelação. E o método para atingir esse conhecimento consiste em “ser um sonhador dos sonhos de Deus e pensar os pensamentos de Deus, de acordo com Deus” (Van Til, A Christian Theory of Knowledge).
2 – logicamente fica também negado todo e qualquer conhecimento pela racionalidade abstracta. Dentro do pensamento cristão o ser humano coloca-se holisticamente diante de Deus. Todo ele! Sem tirar nem por: corpo e alma; mente, vontade e emoção, a que a Bíblia chama de coração (na verdade, no que toca a Deus, o coração tem apenas a suas próprias razões!). E todas as acções do homem, interdependentes deste triângulo relacional (mente + vontade + emoção), serão sempre coram Deo.
3 – Se tudo deriva significado de Deus, então não existem factos neutros. O sabor duma maçã e a soma 2+2 = 4, têm cores éticas. O observador cristão analisa cada facto e cada homem, pelo prisma das 3 matizes da peregrinação cristã: a criação perfeita, saída das mãos de Deus; a rebelião do Homem; e a redenção operada por Cristo. Aqui, alguém argumentará, que a redenção completa ainda não chegou. É verdade. “Toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Romanos 8:22). Todavia, o cristão já tem as bênçãos do novo relacionamento com o criador-referencial-ético-relacional, e goza das “primícias” (Romanos (8:23) ao aplicar a redenção à sua epistemologia.
4 – O cristão está numa posição oposta àqueles que se recusam a ver os factos, e a interpretá-los num contexto coram Deo. O cristão está num patamar diferente do não-cristão (ver Rom. 1:21; 1 Cor. 1:21; 3:19; Calvino, Institutas II:3.1). As duas excepções são categóricas, porque por um lado, a supressão do conhecimento de Deus trai a existência prévia desse conhecimento, e por outro lado, a tentativa é frustrada, porque não chega a erradicar o conhecimento de Deus. A dupla terrível de excepções aparece em Romanos 1:19-25, e resume-se à criação e ao sensus deitatis, sentido da divindade. Calvino chega a dizer que mesmo o pecador não consegue “obliterar da sua mente” o sensus deitatis (Institutas, I:3.1).Conclusão: o cristão que quiser comunicar eficazmente, deve estabelecer com o descrente que a supressão do conhecimento de Deus é um dilema ético, e não apenas intelectual ou do âmbito do sintoísmo (argumentação do tipo: “eu sinto que Deus existe”; “Cristo é verdade porque me dá paz e eu sinto isso”). O cristão terá de demonstrar que o pensamento do não-cristão, é uma “fuga de Deus”. E, assim poderá afirmar o seguinte:a) toda a epistemologia construída a partir duma “fuga de Deus” leva ao abismo existencial.b) tal atitude é categorizada como pecado. O Evangelho manifesta Cristo, precisamente como o redentor dessa dimensão acéfala do homem. A escolha de Aldous Huxley que diante do significado da vida, preferiu a ausência de significado, “pois não queria prestar contas diante de Deus”, é perfeito suicídio espiritual.Assim, os fundamentalistas americanos, quando se deparassem com um seio desnudado, fariam bem em pensar no coram Deo de Calvino. Pelo menos não levariam a coisa tão “a peito”!
Samuel Nunes. Textos de apoio: Institutas de João Calvino; VanTil, A Christian Theory of Knowledge; C.S.Lewis, They Asked for a Paper.

25.2.06

Não Desperdice Seu Câncer

Por
John Piper
16 de Fevereiro de 2006

Estou escrevendo estas palavras na véspera da cirurgia do câncer na minha próstata. Creio no poder de Deus para curar — por meio de um milagre e da medicina. Sei que é certo e bom orar pelos dois tipos de cura. O câncer não é desperdiçado ao ser curado por Deus. Ele recebe a glória — e isto porque o câncer existe. Então, não orar pela cura pode desperdiçar seu câncer. Mas a cura não é o plano de Deus para todos. E existem muitas outras formas de desperdiçar seu câncer. Estou orando por mim e por você, para que não desperdicemos esta dor .
1. Você desperdiçará seu câncer caso não creia que isto foi planejado por Deus
Não diga que Deus apenas usa nosso câncer, mas que não o planeja. O que Deus permite, ele o faz por uma razão. E está razão é sua vontade. Se Deus prevê desenvolvimentos moleculares tornando-se cancerígenos , ele pode deter isto ou não. Se não, ele tem um propósito. Por ser infinitamente sábio, é correto chamar este propósito de plano. Satanás é real e causa muitos prazeres e dores. Mas ele não é a causa última . Assim , quando ele atacou Jó com úlceras (Jó 2:7), Jó atribuiu-as a Deus (2:10), e o escritor inspirado concorda: “e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado” (Jó 42:11). Se você não crê que seu câncer lhe foi planejado por Deus, você o desperdiçará.

2. Você desperdiçará seu câncer caso creia que ele é uma maldição , e não uma bênção
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” ( Romanos 8:1). “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós ” (Gálatas 3:13). “Contra Jacó, pois, não há encantamento , nem adivinhação contra Israel” ( Números 23:23). “Porquanto o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão.” (Salmos 84:11)
3. Você desperdiçará seu câncer caso procure conforto em suas chances em vez de procurá-lo em Deus
O plano de Deus em relação ao seu câncer não é treiná-lo no cálculo de chances racionalista e humano . O mundo consegue conforto em estatísticas . Os cristãos não . Alguns contam seus carros (porcentagens de sobrevivência) e outros contam seus cavalos (efeitos colaterais do tratamento), mas nós confiamos no nome do Senhor, nosso Deus (Salmos 20:7). O plano de Deus é claro em 2Coríntios 1:9: “portanto já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte , para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos”. O objetivo de Deus relativo ao seu câncer (entre várias outras coisas boas) é derrotar a autoconfiança em nosso coração para podermos descansar completamente nele.
4. Você desperdiçará seu câncer caso se recuse a pensar na morte
Todos nós morreremos caso Jesus não retorne em nossos dias. Não pensar sobre como seria deixar esta vida e encontrar Deus é tolice . Eclesiastes 7:2 diz: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete ; porque naquela se vê o fim de todos os homens , e os vivos o aplicam ao seu coração”. Como você pode aplicar esta verdade a seu coração se não pensa nela? Salmos 90:12 diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios”. Contar seus dias significa pensar sobre quão poucos eles são e que terminarão. Como você conseguirá um coração sábio se você se recusa a pensar nisto? Que desperdício , caso não pensemos sobre a morte.
5. Você desperdiçará seu câncer caso pense que “vencê-lo” significa sobreviver e não aproximar-se de Cristo .
Os planos de Deus e os planos de Satanás para seu câncer não são os mesmos. Satanás deseja destruir seu amor por Cristo. Deus planeja aprofundá-lo. O câncer não vencerá se você morrer, apenas se falhar em aproximar-se de Cristo. O plano de Deus é privá-lo do alimento do mundo e satisfazê-lo com a suficiência de Cristo. Isto tem o objetivo de ajudá-lo a dizer e a sentir: “tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”. E saber, portanto, que “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 3:8; 1:21).
6. Você desperdiçará seu câncer caso gaste muito tempo lendo sobre o câncer e não o suficiente a respeito de Deus
Não é errado ler sobre o câncer . Ignorância não é virtude. Mas, o desejo de saber mais e mais, e a falta de zelo pelo conhecimento contínuo de Deus é sintomático no incrédulo . O objetivo do câncer é acordar-nos para a realidade de Deus, colocar sensações e força no mandamento “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6:3), acordar-nos para a verdade de Daniel 11:32 : “O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas”, tornar-nos carvalhos indestrutíveis e firmes : “antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite. Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará.” ( Salmos 1:2,3). Que desperdício lermos dia e noite sobre o câncer e nada a respeito de Deus .
7. Você desperdiçará seu câncer caso se isole em vez de aprofundar seus relacionamentos manifestando afeição
Quando Epafrodito trouxe os presentes enviados pela igreja de Filipos para Paulo, ele ficou doente e quase morreu. Paulo diz aos filipenses: “porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que estivera doente” (Filipenes 2:26). Que reação maravilhosa! Não diz que estavam angustiados porque Epafrodito estava doente , mas que ele estava angustiado porque os filipenses ouviram que ele estava doente. Este é o tipo de coração que Deus pretende criar com o câncer: o coração profundamente afetivo e preocupado com as pessoas . Não desperdice seu câncer voltando-se para si mesmo .
8. Você desperdiçará seu câncer caso se entristeça como quem não tem esperança .
Paulo usa esta expressão para designar pessoas cujos entes queridos haviam morrido: “Não queremos, porém , irmãos , que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança” (1Tessalonicenses 4:13). Existe tristeza na morte. Mesmo para o crente que morre, há uma perda temporária — a perda do corpo, de entes queridos e do ministério terreno. Mas a tristeza é diferente — é permeada pela esperança: “desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor” (2Coríntios 5:8). Não desperdice seu câncer ficando triste como quem não tem esta esperança .
9. Você desperdiçará seu câncer caso trate o pecado tão normalmente quanto antes.
Seus pecados freqüentes permanecem tão atrativos quanto antes de você ter câncer? Se a resposta for afirmativa, então você está desperdiçando seu câncer. O câncer foi planejado para destruir o apetite pelo pecado. Orgulho, ganância, luxúria, ódio, falta de perdão, impaciência, preguiça, procrastinação — todos estes são adversários que o câncer deve atacar. Não pense apenas em lutar contra o câncer. Pense também em usá-lo. Todas estas coisas são piores que o câncer. Não desperdice o poder do câncer para esmagar estes adversários. Deixe a presença da eternidade tornar os pecados temporais tão fúteis como eles realmente são. “Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo ?” (Lucas 9:25).
10. Você desperdiçará seu câncer caso falhe em utilizá-lo como meio de testemunhar a verdade e a glória de Cristo .
Os cristãos nunca se encontram em determinado lugar por acidente. Existem razões para as quais somos levados onde estamos. Considere o que Jesus diz sobre circunstâncias inesperadas e dolorosas: “Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho” (Lucas 21:12-13). Assim também é com o câncer. Essa será uma oportunidade para testemunhar. Cristo é infinitamente digno. Aqui está uma oportunidade de ouro para mostrar que Jesus vale mais que a vida . Não a desperdice.
Lembre-se de que você não foi deixado sozinho; terá a ajuda necessária: “Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus” (Filipenses 4:19).

In monergimo
Tradução: Josaías JúniorRevisão: Rogério Portella

Falando Sério

Uma das coisas mais supreendentes no contexto evangélico é a facilidade com que se finge. A arte de representar é um dos dons mais evidentes entre os cristãos dentro e fora da Igreja. As pessoas fingem que amam, que perdoam, que esquecem, que são amigos, que oram, que cantam, que ouvem, que estão alegres, que está tudo bem. Será que eu estou exagerando? Por que esta superficialidade? Só encontro uma resposta hoje: Estamos doentes. Os sintomas são esses citados acima. O pior é que neste mundo de espectáculos diversos, acabamos por enfadar os céus e as hostes espirituais. Nada de novo debaixo do sol, nada de novo nas palavras, nada de novo nos pensamentos, tudo é vaidade e correr atrás do vento. Vivemos no meio de uma cambada de ótarios preguiçosos que almeja algo maior na distração desta época, procurando vantagem e reconhecimento. Fomos ensinados a guardar tanta coisa, mas não o coração. E o que é que temos? Pessoas levando pedradas e comendo o pó da indiferença. O Senhor Jesus bem dizia que quando Ele voltasse não iria encontrar fé na terra. Espero que eu não esteja aqui nessa altura, pois hoje ainda me resta a esperança de que há um lugar incomparavelmente melhor do que este. E eu quero ir para lá.

5.2.06

Qual é a tua ó meu?


Alguém chamou os nossos tempos de "A Era da Aspirina". Se dissermos que nunca houve uma geração tão oprimida pelo stress, certamente não estamos afirmando nenhum absurdo. Para muitos de nós, já vão longe os dias de diversão, em que você podia brincar sem pensar em ser atropelado por um carro ou uma moto. Hoje já ninguém tem mais tempo para almoçar demoradamente em conversa agradável saboreando um bom prato. Vivemos hoje de refeições rápidas e de confecção instantâneas, ao lado de pessoas irritadas às vezes colegas de trabalho, esposa ou esposo, relacionamentos tensos, pouco sono e muita televisão. Acrescente-se a isso os problemas financeiros, problemas na escola, cartas não respondidas, obesidade, solidão, gravidez não planejada, drogas, alcoolismo e, ocasionalmente, uma morte. Existe um velho ditado grego que diz: " Você quebrará o arco se o mantiver retesado". Por outro lado, a ansiedade, angústia e desânimo são marcas cada vez mais presentes. E quando sentimos silêncio no céu isso nos desconcerta, ficamos à deriva, sem respostas, sem paz, sem palavras de conforto, somente a solidão que nos massacra a cada dia. Oramos e oramos e nada. E essa é a pergunta: o que acontece quando Deus não fala? Stress e ansiedade podem acabar com qualquer um, porém pode ser o início de grandes realizações e novas oportunidades. Precisamos parar e fazer perguntas, a respeito daquilo que é realmente importante. Precisamos saber também, que apesar do silêncio dos céus, pode bem ser a preparação para grandes coisas.

21.1.06

Vacuidade


Em nossa sociedade, muitas pessoas sofrem de falta de entusiasmo e de qualquer sentido dinâmico ou propósito em suas vidas. Durante alguns anos, eu próprio, tenho lutado contra esse "mal" terrível, que nos prosta e nos leva por carreiros perigosos em busca de significado, alívio e distração. Não foram poucos os momentos em que senti a sensação de desvalor pelas coisas e a incapacidade de despertar para um expectante e excitante novo dia. Essa depressão existencial crônica provêm daquilo que Viktor Frankl descreve como um "vácuo de valores", uma frustação da "vontade de sentido" básica. A tese básica de Frankl é de que "a vida é transformada quando se descobre uma missão que vale a pena cumprir".
É neste contexto de descoberta que podemos enxergar finalmente a nossa vocação. Martinho Lutero dizia que:"Todo o crente tem uma vocação na vida porque tem uma posição e, nesta posição, ele encontra sempre oportunidade de servir". Isto serve para todas as empreitadas e caminhos que tomemos em nossas vidas. A realização completa em uma dimensão vocacional é descrita pelas palavras do apóstolo Paulo:"Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, recto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda"(2Tm4;7-8). Paulo neste mundo moderno seria considerado um fanático, um doente; pois declara que todos tinham se afastado dele, inclusive alguns de seus colaboradores "Na minha primeira defesa ninguém foi a meu favor...". Terminou a sua missão sem nada, isto é vazio daquelas coisas que o homem corre atrás e, sem a companhia daqueles que nos prendem com sua amizade, interesse e amor. "Mas o senhor me assistiu e me revestiu de forças...O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém."(v.16-18)
A falência e acúmulo de sentido juntam-se nesta vida e não mais se separam. A vitória e conforto só Jesus Cristo pode dar. Somente nele encontramos significado em nossas missões e corridas. Somente conscientes de uma missão, que precisa ser levada a cabo por nós, nos torna capazes de viver neste mundo desumano, ainda assim o nosso mundo, que serve de passagem para nossa Pátria Celestial Eterna, livre da aridez e das poeiras dos desertos, pois o rio que corre em nossa Cidade nos saciará para sempre.

11.1.06

Reflexos do Ministério Pastoral

A busca de sentido e realização é um tema velho, porém, atual. Que chão estamos pisando? Que estrada é esta que nos faz perder de vista o horizonte a base de nossa fé? Olhamos em volta e vemos a ignorância se espalhando indiferente ao conhecimento da verdade de Deus. Olhamos mais perto de nós e desanimamos pela constatação de enfermidades letais e outras igualmente perigosas e contagiosas. O desamor, ressentimento, mágoa, orgulho doentio...sentimentos profundos e traumas não resolvidos.
Quanto mais perto estamos, mais impotentes nos vemos diante destas realidades. Às vezes frustrados por não ver as nossas orações surtirem o efeito que todos nós desejávamos, inventamos desculpas, por não termos sido capazes de ajudar o caído o deseperado. É aqui, somente aqui, que a crise se instala sem pedir licença. Baixamos a cabeça em vez de levantá-la para os céus e clamar por uma unção que nos revista de amor e poder para curar aqueles que nos chamam. Mas isso não é tão fácil. O Deus que pode atender às nossas reivindicações sempre parece pensar de um modo diferente ou de um jeito estranho aos nossos conceitos e desejos.
Pensar nas possibilidades de Deus é entrar num túnel sem fim, luminoso e cansativo. Simplesmente não o podemos alcançar.Buscando alternativas para esse drama nos assustamos porque não existe alternativa. Resta-nos esperar como o profeta Habacuque e dizer:”Pôr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza, e vigiarei para ver o que Deus me dirá, e que resposta eu terei à minha queixa.”.

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