23.2.05

"Amas-me!?"

Colaboração: Samuel Nunes

O filme "Um Violino no Telhado" (Fidller on The Roof - seria melhor traduzido violinista no telhado), tem uma cena amorosa entre o patriarca da família e a sua esposa. Pergunta ele a certa altura à mulher: "Amas-me?" "Que pergunta parva" - diz ela - "estás com indigestão". Ele insiste: "Éramos tímidos quando casámos, não falávamos muito!", e ela desabafa: "25 anos a criar-lhe os filhos, a lavar-lhe a roupa, a fazer-lhe a comida e a limpar a casa, e agora ele pergunta-me se o amo!" "Bom, então amas-me?" - pergunta ele. "Suponho que sim!" - exclama ela. "Ainda bem!" - suspira ele.
Cristo também faz essa pergunta crucial a Pedro, em João 21: "Amas-me!?". Crucial em três áreas para Pedro, e para mim.
1 - Fisicamente, Cristo faz a pergunta à beira dum churrasco na praia. Fora também perto dum fogo em casa de Caifás que Pedro sentira o seu mundo desabar. O fogo da traição. E eu penso nos "fogos" que ateei no meu percurso de vida, e nas vezes que traí o meu Mestre!
2 - Emocionalmente, a pergunta mexia com Pedro. Pois já provara que o seu carácter tinha sombras e era volúvel. Para mais, Cristo esfregava sal na ferida ao tratá-lo por "filho de Jonas", que é como quem diz "filho de pomba" - instável, frágil e assustadiço. Como ele desejava ser "petra" de sentimentos! Firme como a rocha. E eu penso nas vezes que tenho sido "pomba", e no desejo não concretizado de ser "petra".
3 - Espiritualmente, Pedro vivia num pesadelo, povoado por galos a cantar, e galináceos a debicarem na sua cabeça ... a meio da noite acordava alagado em suor ... cometi o pecado imperdoável! Entretanto, Cristo restaura Pedro. Primeiro dá-lhe a garantia de que o perdoa, e assim, com a sua confiança de novo energizada, Pedro recebe uma missão: "Apascenta as minhas ovelhas". E há nesta frase todo o perdão que viaja da negação para a afirmação. E eu penso nos momentos em que Cristo serenamente me perdoa levando-me ao colo para que a minha atitude espiritual seja de lúcida afirmação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante. Gostei. A experiência de Pedro nos identifica uns com os outros. Mostra-nos a possibilidade de queda e a possibilidade de nos levantarmos e assim sermos confrontados com a posssibilidade de amarmos como somos amados.

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