É impressionante a reverência aos mortos explícita na cerimónia que envolveu a irmã de Francisco e Jacinta. Em certo sentido nossa irmã. Francisco de Assis tratava todas as criaturas de Deus com sendo seus irmãos, nós ao contrário, muitas vezes tratamos as pessoas como objectos e os animais com desprezo e a natureza de uma forma geral. Leonardo Boff escreveu que: "... vivemos uma espécie de lobotomia cerebral. A cultura dominante é mecanicista e dualista, trata a pessoa humana como coisa e não como sujeito". Podemos achar que esta mulher que viveu a vida toda na clausura e no silêncio deve ter sofrido bastante. Não creio. Foram 97 anos de vida e isso só pode ser bênção de Deus. Não sei o que estes três irmãos viram, nem isso é relevante para mim, no entanto, o que viram ou acharam que viram, teve grande influência na história e na vida de milhões de pessoas. Podemos ainda imaginar o dia a dia desta mulher, privada do mundo, vivendo no mundo, longe das distrações e prazeres. Certamente, podemos conceber que algo de extraordinário aconteceu, não é possivel viver tantos anos contra vontade. Como cristãos discernindo o "mistério", esclarecidos, devemos no entanto, seguir o conselho do Apóstolo Paulo:"Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus " ( 1Co 4:5). Paulo apela à sensatez e prudência. Saibamos respeitar a irmã Lucia como exemplo raro em extinção, de alguém que se privou de tantas coisas (que ninguém mais quer abrir mão), escolhendo a intimidade e o silêncio com Deus.
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