9.2.05

Voto em branco e voto ético

Estamos chegando a mais uma eleição em todo Portugal, e surge a mesma pergunta de sempre. Em quem votar? Para que votar? Será que vai adiantar? As campanhas estão a tentar nos ensinar a votar eticamente. Isso quer dizer, se entendi bem, votar em um partido (preferencialmente ético) honesto, sério, com um bom programa, disposto a lutar pelo bem da comunidade e pela justiça; preocupando-se mais com os pobres, com os necessitados, do que com trocas, com favores, com politicagens.
Os candidatos estão por aí. Aos montes, se atropelando, como um bando de espermatozóides atrás da vitória da fecundação. A grande maioria, de pedigree conhecido. E, em que pese a alta linhagem, seus antecessores nos deixaram neste estado de penúria. Terra arrasada, aos cuidados da insegurança, do desemprego, das baixas pensões, do alto custo das moradias, das drogas (nas ruas, nos escritórios, no trânsito, nos hospitais, nas repartições, em todos os lugares). Mas eles, naturalmente, "não têm culpa": receberam suas administrações neste estado. A culpa é sempre dos antecessores. Aí a gente pergunta: se estava tão mal, ao ponto de não dar para fazer nada, por que aceitaram? Puro espírito de sacrifício? Desprendimento (estão nos chamando de otários, mais uma vez)?
Mas estão surgindo candidatos e partidos novos. E nos perguntamos: Qual será sua motivação? Honesta? Ingênua? Ou também querem se fazer na vida com nosso dinheiro?
Vou sugerir um critério só, aos meus compatriotas. Escolha um candidato que "governe bem a sua própria casa". Não precisa, necessariamente, ser um religioso moralista. Verifique como é sua vida doméstica. Porque se é um desastre conjugal, econômico, paternal (ou maternal), filial, administrativo etc., como poderá ser um bom político?
E se não der para verificar, ou encontrar nenhum, vote em branco (como sugeriu Saramago no seu recente livro). Estamos cansados dessa brincadeira.
Texto adaptado de Rubem Amorese

Um comentário:

Anônimo disse...

E ainda há a possibilidade de não votar, ou seja abster--se. Uma coisa boa da democracia em Portugal é que o voto ainda não é obrigatório. A abstenção ainda é uma opção.

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