29.4.05

Perdão

Bruno e seu pai tiveram uma discussão feia. O relacionamento dos dois, na verdade, nunca havia sido fácil. O temperamento do rapaz era irrequieto e apaixonado; o do pai, bastante autoritário. Naquela discussão, palavras duras foram ditas de ambas as partes.
- Nunca mais quero vê-lo na minha frente, jurou um.
- Para mim, você morreu, gritou o outro.
Bruno saíu de casa batendo a porta, e não voltou. Ficaram sem se falar durante anos.
Certo dia, o rapaz recebeu um telefonema da mãe. Seu pai sofrera um derrame e encontrava-se hospitalizado, entre a vida e a morte. Bruno ficou num dilema. Iria visitá-lo ou não? Ele não sabia qual seria a reação de seu pai. Ainda assim, resolveu ir no hospital. Quando chegou à porta do quarto, ele se deteve, incapaz de dar mais um passo. Ficou pensando se aquela teria sido uma boa idéia. Talvez sua presença despertasse antigos aborrecimentos que fariam o estado do pai se agravar. Ou podia ser que ele o recebesse friamente, e até o ignorasse. Paralisado, ficou a contemplar o ancião que dormia, coberto de fios e tubos.
De repente, o pai acordou e avistou o filho ali, parado à entrada do quarto. Imediatamente, começou a chorar. O rapaz não pôde mais se conter. Sem pensar em mais nada, correu em direção ao leito e atirou-se ao pescoço do pai. Num segundo, toda a mágoa que os havia mantido afastados por tanto tempo desapareceu. Pai e filho estavam novamente juntos, abraçados, chorando e soluçando nos braços um do outro. As lágrimas que derramaram naquele quarto de hospital lavaram anos de ressentimentos e de lembranças amargas.
A experiência de perdão e reconciliação é das mais sublimes pelas quais um ser humano pode passar. Há algo de sagrado no acto de perdoar. Nunca o homem é tão parecido com Deus quanto na hora em que perdoa. Esse acto abençoa famílias, restaura casamentos e reaproxima amigos. Ele tem o poder de evitar guerras. Ao perdoar, abençoamos nosso próximo e somos, ao mesmo tempo, abençoados. O perdão é um remédio eficaz para todos os males da alma: depressão, complexo de inferioridade, medo, rejeição e assim por diante.
Contudo perdoar pode ser algo extremamente difícil. Quando nos colocamos diante da perspectiva de desculpar uma ofensa, nosso interior se agita de revolta. Por isso, há um número incontável de indivíduos que vivem tristes, escravizados e doentes. Se quisermos desfrutar dos benefícios do perdão, teremos de ser corajosos . Talvez necessitemos travar uma luta que nos leve às lágrimas, como no caso de Bruno e seu pai.
A Bíblia nos ensina que o perdão faz parte do viver dos filhos de Deus. O perdão é um sinal inequívoco dos salvos. Se afirmamos nossa salvação, baseados no amor de Deus, certamente deduzimos que não foi pela nossa justiça, éramos indignos, Cristo nos justificou. Todas as nossas certezas estão Nele que nos adotou e nos tornou seu herdeiro juntamente com Jesus Cristo seu Filho Unigénito.( Rm5:1-11; 2.Co2:5-11). Que Deus possa mexer connosco a este respeito.

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