11.2.05

Palavras e Silêncios

Na novela de Chaim Potok, O Escolhido, o filho de um rabino hassídico e líder espiritual, um tzaddik (santo), reflectia sobre sua criação; seu pai nunca lhe falara, excepto através da torah, as Escrituras Sagradas.
Meu próprio pai nunca conversava comigo, excepto quando estudávamos juntos. Ele me ensinava por meio do silêncio. Ele me ensinou a sondar o meu próprio interior, a descobrir minhas próprias forças, a andar por dentro de mim mesmo, em companhia de minha alma. Quando sua gente lhe perguntava por que ele se mostrava tão calado com o seu próprio filho, ele lhes dizia que não gostava de falar, pois as palavras são cruéis, as palavras armam ciladas, distorcem o que está no coração, ocultam os sentimentos, e que o coração fala através do silêncio. Ele costumava dizer que aprendemos a dor dos outros sofrendo a nossa própria dor, voltando-nos para dentro de nós mesmos, perscrutando a nossa própria alma... Durante anos o silêncio dele me deixou intrigado e assustado, embora eu sempre confiasse nele, e nunca o tivesse odiado. E quando eu já tinha idade suficiente para entender, ele me disse que, dentre todas as pessoas, um tzaddik é o que mais deve ter experiência com a dor.
Hoje gostaria de estar em silêncio. Que o meu coração se aquietasse de pensar o que já foi pensado e decidido. Apenas silêncio. Me afastar das pessoas e me tornar inteiramente disponível para Deus. Isaque de Nínive era um caminhante ou eremita, ele disse uma vez: " Todo homem que se deleita em uma multidão de palavras, embora diga coisa admiráveis, é uma pessoa vazia em seu interior. Se você ama a verdade, seja um amante do silêncio".

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabés pelo blog. Sou leitor fiel.

Jorge

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