20.6.05

Moribundos

A corrupção da cultura de nossos dias não é um problema das elites. De facto ela encontra-se entre os académicos pós-modernos na sua preocupação em derrubar todo sentido e princípio moral, assim como podemos encontrar nas gangues, roqueiros, mercadores de pornografia, nos programas e entrevistas de televisão. O mais marcante é que essa corrupção é generalizada. Não se situa neste ou naquele recanto de depravação, mas se alastra como densa neblina por toda a sociedade. É espalhada até mesmo por aquelas pessoas que são vazias, comuns, maçantes, pouco inteligentes..."Para onde quer que se olhe ", escreve Robert Bork, " as virtudes tradicionais desta cultura estão sendo perdidas, seus vícios multiplicados, seus valores depreciados - em resumo, a própria cultura está se desfazendo". Parece-me que esse diagnóstico não é somente para o povo americano. Todos nós cristãos devemos estar esclarecidos que não só a América, mas o mundo está descambando para o abismo num "declínio moral". Já ninguém tem mais vergonha de nada. As instituições perderam sua autoridade e referência porque dentro delas faz morada o mesmo vírus que habita as ruas e becos desta sociedade. Um mal que pressiona a Igreja de Cristo infiltrando-se nas frestas e brechas de suas paredes e seus corações de carne.
O vírus do individualismo penetra através de conceitos como o deste cego futuro "guia de cegos" - "A liberdade de nossos dias", declarou um orador de turma em Harvard, "é a liberdade de nos devotarmos a quaisquer valores que nos agradem, com a mera condição de não acreditarmos que sejam verdadeiros". O Jogo do Monopólio , criado com sucesso pela Parker Brothers e muito popular em minha adolescência, constitui realmente uma metáfora do Nosso Tempo. Eis aí as leis inexoráveis do mercado, que são, como observa Bellah, "absolutas mas amorais", eis aí a calosidade impiedosa e a imprevisibilidade, porque no final há apenas um sobrevivente.Não existe compaixão pelos que estão prestes a perder tudo, não há espaço para ninguém a não ser a própria pessoa. Não há remorso. É a lei do mercado - é a vida moderna.

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